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Endurance tratado a sério!
WEC comemora cinco anos com vitória da Audi em Silverstone
Audi supera Porsche em primeiro confronto. (Foto: WEC)
Audi supera Porsche em primeiro confronto. (Foto: WEC)

Tudo começou em Março de 2012. Com os campeonatos “regionais” da ACO nos EUA com a ALMS e na Europa com o ELMS, o extinto Intercontinental Le Mans Cup deu vida ao que hoje conhecemos como WEC.

Com muitas dúvidas e o medo de uma nova aliança entre ACO e FIA que no passado se mostrou maléfica para os organizadores das 24 horas de Le Mans, o WEC vai chegando em sua quinta temporada sendo um dos principais ou o principal campeonato automobilístico do mundo. Só não é maior por conta de uma certa política interna dentro da FIA para privilegiar a F1, mas isso é algo que vem sendo derrubado dia após dia.

Classificação final.

Naquela prova que foi conjunta com a ALMS, foram trinta carros escritos. O medo de que a coisa não andasse se dava pela saída repentina da Peugeot no final de 2011 por conta de problemas financeiros. Com apenas a Audi vencendo qual seria o interesse do público sabendo o resultado das corridas?

Largada da primeira prova do WEC em Sebring  2012. Muitas esperanças, mesmo com medo. (Foto: WEC)
Largada da primeira prova do WEC em Sebring 2012. Muitas esperanças, mesmo com medo. (Foto: WEC)

A recém chegada Toyota deixava claro que se não tivesse condições de vencer não pensaria duas vezes em abandonar seu programa LMP. Na classe GTE-PRO apenas quatro carros corriam pelos pontos do campeonato.

Desde 2012 quem comanda o WEC é Gerard Neveu, que tinha receio de que as coisas não iriam durar muito. “Foi uma Toyota e meio naquele primeiro ano. Honestamente, quando eu comecei, eu estava convencido de que talvez não poderia fazer um segundo ano. Era tão frágil. Perdemos a  Peugeot. O ACO tomou uma série de riscos, em 2012. Depois disso, nos três últimos anos podemos dizer que temos um bom nível de visibilidade.”

“Quatro anos e 32 corridas depois, o WEC tem crescido em um dos campeonatos mais promissores, e, possivelmente, agora apenas perdendo para a F1em todo o mundo em termos de exposição global e suporte do fabricante.”

Desde então vários pilotos novatos e experientes vem escolhendo o WEC como o lugar para fazer seu nome no automobilismo. O maior exemplo é Mark Webber que trocou um triste jogo de equipe promovido pela RBR pelo Mundial em 2014. Seu talento aliado ao bom trabalho da Porsche culminou no título de 2015.

Peugeot, a primeira perda. (Foto: WEC)
Peugeot, a primeira perda. (Foto: WEC)

Outro exemplo é a Manor que tem uma equipe na classe LMP2. “Quando você tem uma equipe como a Manor deixando a Fórmula Um, uma equipe com dinheiro e eles acabam decidindo vir para o o WEC, é fantástico.”

“Temos pilotos como Kamui Kobayashi e Will Stevens. Três anos atrás quando corria na classe GTE-Pro, Kobayshi estava dizendo, ‘Eu quero ir para a F1. Eu o conheci no Prologue  e disse: ‘Bem-vindo de volta. É um prazer tê-lo aqui e eu espero que você seja feliz, sinceramente. E ele disse: ‘Você não tem ideia de como estou feliz de estar com Toyota LMP1.”

“Isso é das coisas mais importantes. Temos que fazer os motoristas feliz porque eles são os nossos melhores embaixadores.”

Além da Peugeot, a Nissan também teve um programa para o Mundial. Chegou a competir em 2015 em Le Mans, mas por conta de erros de projetos e um amadorismo nunca visto na história do fabricante, cancelou sua participação. Atualmente fornece motores para a classe LMP2.

Nissan, a maior vergonha até agora no WEC. (Foto: Nissan)
Nissan, a maior vergonha até agora no WEC. (Foto: Nissan)

Se espicula que a Peugeot volta ao Mundial em 2018, quando as regras da classe LMP1 terão uma nova versão. A BMW também cogitou sua entrada, entrada que deve acontecer, se acontecer será para depois de 2021.

Das atuais equipes, Audi e Toyota não revelam se continuaram no certame após 2017, o que deve se confirmar ou mudar no decorrer do ano. Qual o futuro do WEC? Por enquanto promissor. Se o lado político do esporte não superar o esporte o Mundial terá muitos e muitos anos de vida.

Audi vence e convence

A Porsche foi a equipe a ser batida em 2015. Venceu de forma convincente e não deu chance para Audi e Toyota. Seus principais rivais trouxeram carros novos, enquanto a Porsche refinou o 910 Hybrid. Nos testes oficiais no final de Março em Paul Ricard, o 919 liderou todas as seções de treinos. O feito se resultou nos testes em Silverstone, mas a pole foi conquistada pelo Audi #7.

Seria a chuva a ajuda que a Audi precisava para vencer a equipe irmã? A prova começou favorável a Porsche que pulou a frente ainda nas primeiras voltas. A vantagem do 919 #1 do trio Timo Bernhard,, Brendon Hartley e  Mark Webber era grande. A briga ficou entre o Audi #7 e o Porsche #2.

Marcel Fasslar levou o Audi #7 a vitória com uma diferença de 46.065 segundos sobre o Porsche #2 pilotado por Neel Jani. A diferença que inexistia por grande parte da prova acabou após o 919 bater no Ford #67 de Marino Franchitti. Por conta deste toque o carro fez uma parada não programada por conta de um furo no pneu frontal direito.

Faltando 57 minutos para terminar a prova, Neel Jani conseguiu terminar a prova com os pneus desgastados, porém voltou aos boxes faltando 10 minutos para reabastecimento.

A vitória de Marcel Fassler, Benoit Treluyer e Andre Lotterer, foi a primeira desde SPA em  2015, circuito que Audi venceu pela última vez.

Correndo por fora e sem nenhuma chance de vitória o Toyota #6 de Mike Conway, Stephane Sarrazin e Kamui Kobayshi terminou em terceiro, se valendo mais dos acidentes dos seus adversários do que por méritos do TS050.

O Porsche #1 pilotado por Brendon Hartley que tinha uma grande vantagem na terceira hora foi o protagonista do principal acidente da prova. Após bater no Porsche 911 pilotado por Mike Wainwright da Gulf Racing o carro voou, indo de encontro a barreira de pneus. Felizmente os dois pilotos não sofreram nenhum arranhão.

Para o presidente do programa LMP1 da Porsche, Fritz Enzinger, as coisas não foram como planejado. “A Qualificação não foi a ideal para nós e na corrida tivemos vários tipos de problemas, tais como o acidente de Brendon Hartley, e estamos aliviados que ele não esteja ferido. No final, tivemos a punção no carro número 2. No entanto: parabéns a Audi. Nós ficou em segundo lugar, Toyota terceiro. Para o campeonato este é um grande começo para a temporada. Os fãs podem esperar algumas corridas muito emocionantes. Em Spa vamos atacar de novo. “

“Sinceros parabéns aos nossos três pilotos e toda a nossa equipe”, disse o chefe da Audi Motorsport Dr. Wolfgang Ullrich. “Não só em Silverstone, mas também nas semanas e meses antes, deu tudo certo para o nosso carro de corrida mais sofisticado e eficiente até agora.” O  Audi R18 usa 46% menos combustível do que o primeiro LMP1 da Audi, o R10 TDI de 2006.

Grupo VW comandou a festa. (Foto: Joest Racing)
Grupo VW comandou a festa. (Foto: Joest Racing)

Na sequencia foi a vez do Audi #8 pilotado por Lucas di Grassi abandonar por problemas no sistema híbrido. O carro ficou parado na pista, mesmo com as investidas do piloto e de um mecânico para tentar fazer o carro funcionar, um princípio de incêndio acabou jogando por terra as chances de uma possível dobradinha da Audi em Silverstone.

Kazuki Nakajima foi o protagonista de um furo de pneu que sujou grande parte da pista. Como a quantidade de de detritos era grande, o carro de segurança deve que entrar na pista para que fiscais pudessem limpar. Mesmo assim os danos causados no Toyota #5 obrigaram o japonês a abandonar a prova. A equipe Rebellion completou os cinco primeiros com o #13 de Matheo Tuscher, Dominik Kraihamer e Alexandre Imperatori vencem entre as equipes privadas na classe.

Classe LMP2 com dobradinha brasileira

Bruno Senna e Pipo Derani, no pódio da classe LMP2. (Foto: MF2)
Bruno Senna e Pipo Derani, no pódio da classe LMP2. (Foto: MF2)

Na classe LMP2 a equipe RGR Sport by Morand venceu na sua estreia no Mundial. Filipe Albuquerque, Bruno Senna e Ricardo Gonzalez souberam resistir as investidas do Ligier da equipe ESM do também brasileiro Pipo Derani.

Dono da volta mais rápida da equipe durante os treinos, Senna começou a prova. A briga entre os protótipos da LMP2 foi intensa desde o início. As equipes dos brasileiros se alternaram na ponta com o Gibson 015S Nissan da Strakka Racing dos britânicos Nick Leventis, Danny Watts e Jonny Kane. A partir da metade da prova, no entanto, Bruno tomou a frente e entregou o carro aos parceiros na liderança. Mesmo fazendo uma parada rápida para reabastecimento quando restavam apenas 15 minutos, Albuquerque cruzou a linha de chegada com vantagem confortável sobre Derani.

Bruno comemorou a vitória em sua estreia na LMP2 com a certeza de que as metas traçadas ao assinar com a RGR Sport by Morand podem mesmo ser alcançadas. “Achávamos que tínhamos potencial para brigar por vitórias, inclusive nas 24 Horas de Le Mans, e pelo título. Felizmente começamos muito bem, apesar de um susto. O pneu dianteiro esquerdo moeu do nada depois do meu stint depois do Gonzalez. Trocamos só ele para o segundo e o carro continuou andando muito bem. Depois da entrada de um safety car, pude abrir bastante do segundo”, explicou. “A verdade é que nossa estratégia funcionou perfeitamente. Fizemos as paradas sempre na hora certa.”

Pipo Derani teve papel fundamental no segundo lugar no #31. (Foto: WEC)
Pipo Derani teve papel fundamental no segundo lugar no #31. (Foto: WEC)

O rendimento do carro da RGR Sport by Morand superou as expectativas. “Não tivemos nenhum probleminha. Só o rádio é que estava operando apenas em uma via. Eu ouvia o engenheiro, mas não conseguia falar com ele. Fiquei desesperado com o problema do pneu e entrei nos boxes sem poder avisar o que estava acontecendo. Mas ele percebeu pela telemetria que a roda estava travando e deixou tudo pronto para a troca”, elogiou Bruno.

Restou a ESM se contentar com o segundo lugar. A pilotagem sempre agressiva de Pipo Derani contrastou com a dos seus companheiros Ryan Dalziel e Chris Cumming ao volante do #31. Em terceiro o Oreca 05 da equipe G-Drive Racing, seguido pelo Alpine #36.

Ferrari vence na classe GTE-PRO e AM

Ferrari vence na classe GTE-PRO. (Foto: FIAWEC)
Ferrari vence na classe GTE-PRO. (Foto: FIAWEC)

Davide Rigon e Sam Bird venceram sem grandes dificuldades na classe GTE-PRO com a Ferrari #71 da equipe AF Corse. Esta foi a primeira vitória da Ferrari 488 GTE desde sua estreia em Janeiro durante as 24 horas de Daytona.

Rigon assumiu a liderança e não viu as brigas para as posições subsequentes da categoria. A segunda Ferrari da AF Corse de Gianmaria Bruni e James Calado sofreu com uma punição de 3 minutos por conta da troca de motor antes da prova. Mesmo assim terminaram as 6 horas na segunda colocação. Em terceiro o Aston Martin #95 com Nicki Thiim, Marco Sorensen e Darren Turner. Os dois Ford GT completarem a prova em quarto e quinto.   

Ferrari também vence na classe GTE-AM. (Foto: FIAWEC)
Ferrari também vence na classe GTE-AM. (Foto: FIAWEC)

Na classe GTE-AM, a Ferrari #83 da AF Corse dos pilotos François Perrodo, Emmanuel Collard e Rui Águas vencem. Em segundo o Aston Martin #98 de Pedro Lamy, Paul Dala Lana e Mathias Lauda.  Fechando o pódio da classe o Corvette #50 da equipe Larbre Competition.

A próxima prova será as 6 horas de SPA entre os dias 06 e 07 de maio em SPA-Francorchamps.

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