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Endurance tratado a sério!
Nicolas Armindo encerra carreira no endurance. “Eu não quero mais lutar contra o sistema”

 

Raymond Narac, Nicolas Armindo, Patrick Pilet nas 24 horas de Le Mans em 2011. (Foto: dedeporsche.com)
Raymond Narac, Nicolas Armindo, Patrick Pilet nas 24 horas de Le Mans em 2011. (Foto: dedeporsche.com)

O BoP e a categorização de pilotos, para muitos, um artifício que nivela todos de uma forma injusta, acaba de fazer mais uma vítima. Nicolas Armindo, bicampeão da ELMS, encerrou sua carreira no endurance por conta de políticas “discriminatórias”.

Em entrevista  ao site endurance-info, Armindo desabafa, principalmente sobre a classificação e pilotos. “Eu só vivi para motorsport, mas eu não quero mais lutar contra o sistema”, disse

Com 34 anos, Armindo foi campeão da Porsche Cup na Alemanha. Sempre relacionado entre os melhores do endurance, o francês sempre esteve perto do fabricante alemão, porém nunca foi chamado para ser um dos seus pilotos oficiais.

Por conta dos resultados, Nicolas conquistou graduação “ouro”. Mesmo assim, encontrou dificuldades em se encontrar em equipes competitivas, principalmente por conta dos companheiros.

“Você tem que estar no carro certo e com pilotos bons para ter bons resultados”, disse ele. “Você tem que ter um bom BoP, caso contrário, você não é capaz de fazer um bom trabalho.

“É como Rafael Nadal jogando com 5kg em seu pulso. É discriminatório. Não podemos encontrá-lo em qualquer outro esporte.”

“Eu comecei em uma Porsche 996 Cup, onde ele era equipado com pneus lisos. O carro era muito difícil de conduzir, mas consegui bons resultados.”

“Lá, um motorista sem dinheiro poderia ser notado. Hoje, já não é possível.”

“Tomemos o exemplo de Olivier Pla, que certamente é um dos melhores pilotos de endurance do mundo. Quanto tempo demorou para ser reconhecido pelo seu justo valor?”

O piloto também questiona a categorização dos pilotos que competem na classes PRO e AM. Para Armindo, os pilotos profissionais acabam sendo prejudicados em detrimento as escolhas das equipes por pilotos pagantes com categorização inferior.

“Há muitos pilotos de Ouro que não têm mais chance”, disse ele. “Os pilotos ouro estão sendo convidados a pagar para competir, os prata estão sendo pagos.”

“Os pilotos que têm menos experiência permanecem à margem. As equipes estão buscando os pilotos mais rápidos de Bronze e Prata.”

“Se eu fosse um Prata, seria pago para competir nos EUA ou na Europa.”

“Há mais desafios, mas como um piloto, eu gosto de desafios … Mas eu dediquei tempo, energia e dinheiro… O ouro não é mais valorizado”.

Equipe chegou em segundo em 2011 na classe GTE-AM.
Equipe chegou em segundo em 2011 na classe GTE-AM.

Além dos títulos na ELMS, Armindo chegou em segundo lugar nas 24 horas de Le Mans em 2012 com o Porsche 911 RSR da equipe IMSA. “O sistema em vigor é discriminatório e arbitrário”, disse. “Como você pode pedir a um piloto para não ir muito rápido no início da temporada para que o fabricante não ser penalizado por BoP?”

“Este é o caso na Europa e nos EUA e entre todos os fabricantes.”

“Os organizadores estão fazendo o que podem para monitorar as coisas. Um piloto levanta seu pé voluntariamente para não ser um campeão porque um título pode mudar o BoP?”

“Um título pode mudar o futuro do piloto, não só para o BoP. Se você ganhar o título como um piloto Prata, você será Ouro na próxima temporada. Por isso, é melhor perder o título.”

“Concordo em princípio que BoP é necessária, mas apenas se tudo é transparente e aqueles que não mostram todo o potencial são penalizados”.

O piloto deve se dedicar à família. Um retorno ao esporte ainda é incerto. “Eu tenho um pai e vou desfrutar minha família”, disse ele. “Ainda tenho muitos anos de trabalho pela frente.”

 

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