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Endurance tratado a sério!
Muito além da Fórmula 1
Foto: Divulgação WEC
Foto: Divulgação WEC

Mundial de Endurance desponta como um dos principais campeonatos automobilísticos do mundo, e pode tirar o “reinado” da F1 em termos de popularidade e tecnologia

A Fórmula 1 sempre foi considera o “suprassumo” das corridas ao redor do mundo. Nomes como o do argentino Juan Manoel Fangio, o britânico Jim Clark, o austríaco (Nick Lauda) e o canadense Gilles Villeneuve, povoam a mente de quem é fã da modalidade.

Não podemos esquecer é claro dos nossos representantes e que fizeram o nome da categoria no Brasil como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna, e mais recentemente Rubens Barrichello, Luciano Burti, Felipe Massa e Nasr.

Mesmo com a mídia sempre na eterna busca por um novo “Senna” a F1 vem enfrentando uma crise política e tecnológica, talvez a maior da sua história com uma grande queda de popularidade, já que a organização que tem no comando Bernie Ecclestone acabou optando por competir em circuitos sem nenhuma tradição no automobilismo em detrimento a altos valores pagos por países asiáticos, como Bahrain, China Malásia e Abu Dhabi.

Traçados tradicionais como Hockenheim (Alemanha) e Monza (Itália), podem não estar no calendário da temporada 2016, por conta das altas taxas cobradas pela organização da modalidade. Outro fator que vem pesando contra a prova são regras que limitam o livre desenvolvimento dos carros com poucos testes durante o ano, a dependência dos pneus para o resultados da prova, já que eles acabam tendo um desgaste muito acima da média, o que já foi alvo de críticas de pilotos, e equipes e até da fornecedora Pirelli, que teve sua imagem manchada na Europa , já que muitos consumidores com medo de que os pneus para modelos de rua tivessem a pouca durabilidade, optaram por outros fabricantes.

No endurance protótipos e GTs correm juntos. (Foto: FIAWEC)
No endurance protótipos e GTs correm juntos. (Foto: FIAWEC)

E talvez a mais criticada para os fãs da modalidade a falta de ultrapassagens. No atual estado tecnológico da modalidade e pela profunda dependência aerodinâmica os atuais carros da F1 não conseguem pegar o “vácuo” e superar seus adversários pela força do motor, já que por falta de pressão aerodinâmica faz o piloto perder o controle. Por isso, dependem de artifícios como a asa móvel que se “abre” em determinados pontos do circuito quando os carros chegam a menos de 1 segundo de distância um do outro.

Em contrapartida o Mundial de Endurance, o World Endurance Championship, que surgiu nos em 1953 como “World Sportscar Championship”, teve várias temporadas, nem todas em sequência. Teve seu ápice nos anos 80 e 90 como o Mundial de Marcas. Com provas com 6, 12 e 24 horas de duração, e tem como principal evento as 24 horas de Le Mans, prova realizada na França desde 1923.

Por conta de questões políticas e por pressão da F1 que vinha perdendo pilotos, audiência e principalmente construtores, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) impôs a direção de modalidade regras que acabaram inviabilizando novos carros e o campeonato teve sua última edição em 1992.

Desde então a ACO (Automobile Club de l’Ouest), entidade francesa que organiza as 24 horas de Le Mans vem promovendo campeonatos na Europa, EUA e Ásia que leva o nome da grande prova para manter viva as corridas de longa duração.

Com regras abertas a qualquer motorização, pneus e qualquer inovação a Audi estreou na modalidade em 1999 e desde então conquistou 13 vitórias em Le Mans, muitas delas com motores diesel. Desde 1923 a Porsche é a maior vencedora da prova com 17 triunfos.

Assim fabricantes como Peugeot, Aston Martin, Porsche, Nissan, Ferrari, Corvette e Toyota começaram a competir de forma oficial na prova. Por conta desta grande quantidade de fabricantes a FIA firmou uma parceria com a ACO e em 2012 o World Endurance Championship foi novamente apresentado com provas nos 5 continentes.

Com provas com 6 horas de duração, além das 24 horas de Le Mans o campeonato é dividido em 4 categorias, 2 de protótipos (LMP1 e LMP2), as principais e duas de carros GT (GTE-PRO e GTE-AM). Cada carro pode ser dividido com até três pilotos, e ao contrário da F1 que enaltece o piloto, aqui o astro principal é o carro.

Outro diferencial que tem atraído o interesse de fãs e fabricantes são os regulamentos livres. As principais equipes (Audi, Toyota e Porsche) que competem na classe LMP1 possuem protótipos híbridos, que tem tanto motores a combustão alimentados por gasolina e diesel no caso da Audi, quanto elétricos que são alimentados pela energia oriunda dos gases de escapamento e sistema de frios.

Um dos principais objetivos e uma das tradições de Le Mans é transferir para os carros de corrida a tecnologia oriunda das pistas. Freios a disco, faixas laterais das estradas, faróis com uma melhor performance (Os faróis de LED, hoje usado em larga escala foram aperfeiçoados na corrida), além de motores com compressor.

Brasileiros na competição.

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Fernando Rees é um dos três brasileiros na competição. (Foto: FIAWEC)

Atualmente três pilotos brasileiros estão competindo. Na principal classe a LMP1, Lucas di Grassi que já teve passagem pela Fórmula 1 é piloto oficial da Audi desde 2012, quando substituiu o maior vencedor de Le Mans o Dinamarquês Tom Kristensen, que tem sete vitórias em Le Mans. Desde então di Grassi tem conquistado vitórias e foi o estreante do ano na edição de 2013 em Le Mans.

Já Fernando Rees compete pela equipe oficial da Aston Martin, e participa de provas de longa duração desde 2007. Já competiu por marcas como Corvette, Sallen e Barazi-Epsilon. Tem como melhor resultado um sexto lugar em Le Mans neste ano na classe GTE-AM com Aston Martin. O último a entrar na competição foi Luís Felipe “Pipo” Derani, que estreou no Mundial em 2015 e atualmente é o vice-líder na classe LMP2 com um protótipo Ligier na classe LMP2.  

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