A Toyota dominou os testes oficiais como preparação para o Mundial de Endurance, realizado neste final de semana 01 e 02, no circuito de Monza na Itália. O time japonês, parece ter encontrado o caminho do sucesso depois dos infortúnios vividos em 2016, em especial o drama vivido em Le Mans.
Durante as cinco sessões de treinos, uma saudável alternância entre Porsche e Toyota foi vista na luta pela primeira posição. Ao contrário dos últimos anos, onde a Toyota nunca teve um desempenho dominante nos treinos ou nas corridas, sempre correndo à margem dos rivais alemães, 2017 pode ser diferente.
Com apenas duas montadoras na classe LMP1, é primordial o bom desempenho da Toyota. Tanto a Porsche, quantos os japoneses, já deixaram claro que devem permanecer até no máximo 2020, quando novas regras serão apresentadas. Rivais dentro das pistas, fora dela firmaram um pacto para congelamento de chassis até o fim das regras atuais. A mensagem é clara para a ACO. Não inventar “moda” com novas diretrizes mirabolantes, nem parar o desenvolvimento tecnológico, algo sonhado pela Peugeot, que já ensaiou um retorno, desde que com custos módicos.
Nicolas Lapierre marcou 1:30.547 com o Toyota TS050 #8 no segundo treino realizado neste domingo 02. Até então o melhor tempo foi obtido pelo companheiro Mike Conway com o Toyota #7. Conway acabou ficando com o terceiro melhor tempo do final de semana. A segunda posição, foi de Anthony Davidson, companheiro de Lapierre no #8.
O atual campeão da classe LMP2 do Mundial de Endurance, foi demitido da Toyota no final de 2014. Até então os motivos que levaram a equipe a tomar essa decisão são obscuros. Lapierre vai pilotar o terceiro o TS050 #9 nas etapas de SPA e Le Mans. A preparação da Toyota foi intensa. Nas 15 horas de treinos, os dois protótipos rodaram mais de 3.700 quilômetros e 642 voltas, incluindo períodos de chuva, no sábado à noite.
Para o presidente da Toyota, Toshio Sato os testes foram promissores. “Foi bom visitar um novo circuito e isso foi a oportunidade de testar o nosso carro de baixo-downforce em uma pista de alta velocidade. Isto é uma boa preparação para Le Mans, por isso era importante que os carros funcionassem com fiabilidade, para nos ajudar obter o máximo de dados de dados possíveis.”
Estamos ansiosos em lutar com a Porsche em Silverstone. Tivemos resultados encorajadores em Monza com nossos carros. Agora vamos trabalhar de forma plena para preparar o carro de alto downforce para Silverstone”.
A Porsche ficou com o quinto melhor tempo, obtido por Neel Jani ainda na primeira sessão de sábado. A diferença entre o tempo do quinto para o primeiro foi de 1.119 segundos. Se entre os pilotos a Toyota venceu, foi do Porsche 919 a maior velocidade máxima obtida. Com 319.5 km/h Earl Bamber foi o mais rápido durante as cinco baterias de testes. Curiosamente o Alpine #36, foi o terceiro mais rápido com 314 km/h. O melhor Toyota vem apenas na oitava posição com Kamui Kobayashi marcando 307.7 km/h.
Para Andreas Seidl, chefe da Porsche, “Todos os pontos que a equipe se programou para testar foram realizados com sucesso: “Nós dividimos o Prólogo em duas fases de teste. No sábado, nos concentramos no setup do carro, conseguindo melhorar. A chuva à noite foi um ativo porque poderíamos praticar turnos rápidos com várias condições climáticas. No domingo nós fizemos simulações de corrida com ambos os carros para investigar o desgaste dos pneus e rotinas específicas de corrida como troca de pneus e pilotos. Assim como a Toyota, testamos a configuração de baixo downforce para ser utilizado em Le Mans. O teste não permitiu juízo adequado, mas certamente ficamos muito próximos de cada tipo de pista do campeonato. Para nós, como uma equipe, é muito importante estar absolutamente prontos para o dia 16 de abril, em Silverstone.”
Única equipe competindo na classe LMP1 privada, a ByKolles sequer chegou a completar o último treino por conta de problemas mecânicos. O melhor tempo obtido por Oliver Webb, foi de 2:17.915, infinitamente pior do que o pior tempo da classe LMP2, de François Perrodo com o Oreca #28 da TDS Racing com 1:39.70.
Curiosamente foi a TDS Racing que levou o primeiro tempo da classe com Matthieu Vaxiviére marcando 1:36.078. Bruno Senna ficou na segunda posição com o Oreca #31 da Rebellion Racing marcando 1:36.094. Sem outros fabricantes, a classe LMP2 terá somente protótipos Oreca. Se a proposta da ACO era limitar os fabricantes, fez isso com extremo sucesso no WEC. Uma maior variedade pode ser vista tanto no ELMS, quanto na IMSA.
Por outro lado, todas as equipes pelo histórico nas pistas, tem condições de ganhar corridas. A Rebellion Racing, que veio da LMP1, G-Drive Racing sempre forte, assim como a Manor, Alpine e TDS Racing. A classe pode nos brindar com ótimas apresentações. O estreante André Negrão, conseguiu um ótimo nono lugar com o Alpine #36.
Na classe GTE-PRO, o novo Porsche 911 RSR ocupou as três primeiras posições na tabela de tempos. Coube a Michael Christensen ficar com o primeiro posto marcando 1:47.379. O carro que estreou este ano durante as 24 horas de Daytona, é um projeto totalmente novo, se comparado com o antecessor. Com um motor central, o uso do extrator traseiro ficou mais evidente e muito mais funcional.
Em quarto Harry Tincknell, com o Ford GT #67, deixou claro que o fabricante americano não é um adversário a ser desprezado. A diferença entre os cinco primeiros foi de apenas 0.160 milésimos. O favoritismo inicial do Porsche, pode ser mascarado pelo novo sistema de BoP “automatizado” que será empregado na primeira rodada do WEC em Silverstone.
Para o chefe da Porsche Motorsports, Dr. Frank-Steffen Walliser os treinos foram um sucesso. “O ensaio geral para abertura da temporada em Silverstone foi um sucesso. Fomos capazes de completar nosso programa de testes exatamente como tínhamos previsto, realizando mais voltas do que qualquer outro concorrente. Era importante para nós que fossemos capazes de se preparar para todas as possíveis situações de corrida. E isso funcionou bem. O desempenho do 911 RSR é difícil de avaliar, no entanto, o feedback dos pilotos foi muito positiva. Eles estão todos satisfeitos com a forma como o carro se comportou. Queremos levar esse bom momento para Silverstone. Vai ser emocionante lá.”
Na classe GTE-AM, a Ferrari 488 GTE #54 da Spirit of Race, pilotada por Miguel Molina foi a vencedora. Marcando 1:49.843, foi o único piloto a ultrapassar a casa do 1:50. Molina superou o Porsche #86 da Gulf Racing que liderou grande parte dos treinos. Benjamim Barker, ficou em segundo com 1:50.010. Matteo Cairoli, com o Porsche #77 da Dempsey-Proton Racing, terminou na terceira posição.
A próxima etapa será a abertura do WEC em Silverstone no dia 16 de abril.