Le Mans, curiosidades sobre um clássico do cinema
Ao lado de Grand Prix (1966), Le Mans (1971) são os filmes automobilísticos mais cultuados para quem é fã de corridas. Ao contrário de Rush (2013) e Ford x Ferrari (2019) que abusam de efeitos especiais, os dois primeiros foram gravados literalmente em corridas reais. O filme sobre as 24 Horas de Le Mans teve como astro principal Steve McQueen e o duelo entre o Porsche 917 e a Ferrari 512S na prova ambientada em 1970. Porém, muita coisa pode ter passado despercebido pelos fãs.
Em 1969, Steve McQueen foi às 24 Horas de Le Mans para fazer a primeira pesquisa de campo do que viria a ser “Le Mans” , filmada no ano seguinte. Embora tivesse acabado de terminar em terceiro nas 12 Horas de Sebring de 1970, seu objetivo era competir na França três meses depois, o que sua seguradora não deixava. Como era um astro de Hollywood, ninguém o queria ver morto. Isso não o impediu de pilotar durante as filmagens.
Participaram do longa 41 pilotos profissionais. Nomes famosos como Jacky Ickx, Richard Attwood, Gérard Larrousse, Jürgen Barth, Masten Gregory e Derek Bell. Todos venceriam ou venceram a prova.
Steve McQueen forneceu a esses pilotos um avião privado para levá-los às corridas que teriam de competir durante sua participação em Le Mans. Derek Bell diz: “Eu conhecia bem o Steve, dividimos a mesma casa durante as filmagens. Ele poderia ter tido uma ótima carreira como piloto se tivesse começado antes. E também não percebemos o quão bom ele era naquela época”, explicou. Para auxiliar nas filmagens, foi construído perto da pista, uma estrutura que abrigava escritórios, sala de projeção e refeitório. Lá foi testado um dos primeiros fornos de micro-ondas. O diretor do filme, Hans Arn, falou que a engenhoca: “vai invadir o mundo inteiro”.
Ao contrário de um filme “normal”, Le Mans não tinha um roteiro inicial. Três escritores, incluindo Harry Kleiner, roteirista e Ken Purdy, especialista automotivo da revista Playboy, trabalharam na redação do roteiro em um trailer no campo da Solar Productions. Dun Nunley, que cuidava da cenografia disse: “Steve McQueen lutou dia a dia para manter a história em um conceito mínimo. Ele não queria uma história de amor, ele não queria que um filme normal acontecesse. Foi um período de 24 horas na vida de um piloto. Era isso que ele queria filmar e basicamente foi isso que fizemos”.
Com sequências reais e um começo que deixa o espectador nervoso, o filme não teve o sucesso esperado. Lançado no dia 24 de setembro de 1971, nos EUA e na França, o que se tornaria um clássico do gênero, não faturou o suficiente para cobrir os custos. A produtora Solar acabou pedindo falência.
As filmagens do filme começaram em 7 de junho de 1970, terminando em 10 de novembro, com dois meses de atraso. As equipes tanto de filmagem como de pista, mobilizaram uma equipe de mecânicos, pilotos e dublês ficaram mobilizados, além do período combinado. Aumentando os custos de produção.
Ao lado dos autores Paul Newman, e Patrick Dempsey, Steve McQueen era um homem dividido, sua paixão por corridas rivalizava com o cinema. Uma dos muitos galãs de sua geração, foi um dos primeiros atores a receber cachês milionários por suas obras.
Ele faleceu no dia 7 de novembro de 1980, aos 50 anos. Protagonizou 27 filmes, entre eles “Bullitt”, filme de 1968 com a maior sequência de perseguição de carros da história do cinema.