Na última sexta-feira, 22, a direção do Mundial de Endurance (WEC) divulgou a lista de inscritos para a temporada de 2025 do Mundial. Como foi levantado pela imprensa internacional, a Lamborghini não competirá no próximo ano, nem na classe Hypercar com o SC63 e muito menos na classe LMGT3 com o Huracán.
Antes de tudo, e de acordo com um comunicado divulgado pelo construtor italiano, a decisão não tirará a marca completamente do endurance. O SC63 estará na IMSA WeatherTech SportsCar.
“Competir no mais alto nível é uma honra para a Lamborghini Squadra Corse e continua sendo uma ambição para os próximos anos”, escreveu a marca.
WEC/FIA se metendo demais nas regras?
As coisas desandaram para a Lamborghini e a Isotta Fraschini quando a FIA e o Automobile Club de l’Ouest (ACO) mudaram as regras, exigindo que cada fabricante tivesse dois carros na classe Hypercar.
Desde sempre, cada montadora poderia inscrever um ou mais carros, dando aos interessados a oportunidade de se programarem e cuidarem dos custos. Não foi bem o que aconteceu. Ainda segundo a nota da Lamborghini, os custos inviabilizaram a continuidade do programa.
“A mudança nos regulamentos esportivos do FIA WEC, que agora também obriga as marcas a colocar dois carros na classe Hypercar a partir de 2025, também muda os termos em que a Lamborghini entrou no campeonato este ano e não está mais alinhada com a estratégia da empresa.
“A Lamborghini avaliou suas opções e optou por ficar de fora do FIA WEC 2025, permanecendo comprometida com o desenvolvimento do SC63 e continuando no IMSA WeatherTech SportsCar Championship nos Estados Unidos.
IMSA sempre salvando
Em outras palavras, como na IMSA as coisas são mais democráticas, e o SC63 atende às regras da classe GTP, tornando tudo ficou mais fácil para a Lamborghini duelar com Acura, Cadillac, BMW e Porsche. Mesmo com apenas um carro, o regulamento da série americana permite alta competitividade. Tanto que os quatro fabricantes que lá estão já garantiram suas vitórias. Curiosamente o BoP adotado no WEC não é tão “eficiente” assim.
Além do cancelamento do programa Hypercar, a Lamborghini também carece de recursos para continuar seus projetos. Com o lançamento da versão GT3 do Temerário, qualquer Euro poupado é lucro. Ainda no início do desenvolvimento do SC63, o primeiro carro foi destruído em testes no circuito de Paul Ricard. Como vimos, nada foi 100% fácil para o fabricante do Touro.
“A pausa no programa FIA WEC também permite que a Lamborghini Squadra Corse concentre esforços no desenvolvimento do novo Temerário GT3 ao longo do ano, com o primeiro programado para ser revelado formalmente após a conclusão dos testes ao ar livre em 2025”, continua a nota da Lamborghini.
“A Lamborghini Squadra Corse gostaria de expressar seus agradecimentos ao Automobile Club de l’Ouest e à FIA pela oportunidade de competir na era de ouro das corridas de carros esportivos e por seu apoio durante toda a temporada de 2024”, encerra.
Isotta Fraschini também desistiu
Também eu seu primeiro ano de WEC, outro fabricante italiano, a Isotta Fraschini, abandonou o barco pelo mesmo motivo, dinheiro. Ou seja, em agosto deste ano, antes da etapa de Texas do WEC, a Isotta soltou um comunicado afirmando que não estará presente na temporada 2024.
Em comunicado, a Isotta Fraschini destacou que a decisão se deu pela falta de condições para continuar a parceria com o time operacional Duqueine Team. A marca italiana afirmou que irá redirecionar seus recursos para reestruturar seu programa de automobilismo e expandir suas iniciativas de carros de pista e de rua.
Além disso, a retirada acontece pouco mais de um mês após uma reformulação na gestão da equipe. Quando o então gerente de automobilismo, Claudio Berro, deixou a empresa, sendo substituído pelo CEO Miguel Valldecabres. Ao todo, a Isotta Fraschini participou de cinco corridas nesta temporada. Incluindo a estreia nos 1.812 km do Catar e sua participação nas 24 Horas de Le Mans em junho.
“Estamos imensamente orgulhosos de nossas conquistas em nossa temporada de estreia”, declarou Valldecabres. Ele destacou que a decisão de se retirar do campeonato não foi tomada de forma leviana. Mas visa garantir o desenvolvimento da marca e dos produtos da empresa no mercado de corrida e Hypercars. O CEO também mencionou que a não continuidade na temporada 2024 é uma medida estratégica para conservar recursos e assegurar a viabilidade do projeto.
Críticas antes do fim
Claudio Berro, gerente de automobilismo da Isotta Fraschini, disse em entrevista antes da sua demissão, que a nova exigência da FIA e da ACO de dois carros por fabricante, era uma “oportunidade”. Ele destaca que outros fabricantes, incluindo a estreante Aston Martin em 2025, já possuem parcerias estabelecidas com equipes.
“Estou feliz com esse plano”, disse Berro ao site Sportscar365 à época. “Era nossa expectativa. Agora temos que nos preparar para correr com dois carros, juntamente com alguma equipe. A meta da FIA e da ACO é clara: ter 10 fabricantes com dois carros”, disse. Infelizmente a coisa não andou.
Aston Martin fez o caminho contrário
Saem duas, entra uma. A Aston Martin será a grande novidade para o Mundial em 2025. O Hypercar Valkyrie que já testou no circuito de Daytona na última semana, decidiu trocar o local da sua estreia. A equipe liderada por Adam Carter, chefe de Endurance e Motorsport da Aston Martin, revelou na quinta-feira, 21, que o Hypercar correrá primeiro na etapa inicial do WEC, no Catar, em fevereiro.
Na sequência o carro fará as nas 12 Horas de Sebring, em março. O Valkyrie está em fase avançada de desenvolvimento, com mais de 12.500 km percorridos em testes. O carro superou todos os objetivos estabelecidos até agora. Porém, sabemos que competir é um desafio totalmente diferente e reconhecemos a qualidade dos concorrentes nas classes Hypercar do WEC e GTP da IMSA”, afirmou.
Contudo, Gunn e Roman De Angelis estiveram ao volante do Hypercar, mas a Aston Martin ainda não confirmou os pilotos para o WeatherTech Championship.
O futuro além da Lamborghini
Ou seja, ainda é cedo para cravar algo tenebroso. E quem o fizer não passa de um estelionatário da informação. A ACO precisa organizar o parquinho e deixar os fabricantes correrem soltos. Aliás, Desde sempre as equipes puderam ter um carro por inúmeros motivos, principalmente os custos, o calcanhar de Aquiles de qualquer campeonato.
Todavia, também precisa deixar a subserviência de lado em relação às imposições feitas pela FIA. Não é segredo que a FIA sempre teve a Fórmula 1 como principal produto. Quando algo ameaça, as asinhas são cortadas pelo “sistema”. Por fim, se não houver flexibilidade, corremos o risco de assistirmos um Grupo C 2.0 nos próximos anos.