Com a confirmação do retorno da Ferrari de forma oficial ao Mundial de Endurance, um modelo específico retorna a mente dos fãs. A Ferrari 333SP. O desejo de ver o time de Maranello nas 24 Horas de Le Mans não é de hoje. Com a ascensão do WEC e o fraco desempenho da equipe na F1, muitos torcedores cobraram um retorno.
Mesmo competindo no endurance com seus modelos GT, dando suporte a equipes de clientes, um retorno como equipe de fábrica era o que faltava. Na quarta-feira, 24, veio o anúncio.
O Hypercar chega em 2023, rivalizando com Peugeot, Audi, Cameron Glickenhaus e Porsche. Mas você sabe qual foi o último protótipo da marca a competir em Le Mans? Batizado de 333SP. o “LMP” não competiu oficialmente pela Ferrari. Mas sim pelo desejo de Gianpiero Moretti, dono da marca de acessórios esportivos MOMO, de correr em provas de longa duração nos EUA.
O modelo nasceu em 1993, tendo as primeiras unidades sido construídas pela Ferrari. Com os anos a manufatura passou para a Dallara. Os últimos carros foram feitos pela Michelotto. Era equipado com um motor V12 utilizado na Ferrari F50 mas alterado de 4,7 para 4 litros.
Assim, ele poderia participar da classe IMSA WSC que substituiu a classe GTP. Logo ele estaria elegível tanto nas 24 Horas de Daytona e Le Mans. Um total de 41 chassis foram construídos. Acredita-se que 27 chassis estiveram na ativa, entre 1994 e 2003.
Construção compartilhada
O desenvolvimento da Ferrari 333SP foi feito em conjunto com a Dallara. Ela forneceu a transmissão e a suspensão, e também foi a parte aerodinâmica e construção da carroceria. A caixa de câmbio usava peças mecânicas da Hewland, dentro de uma caixa Dallara customizada.
A Ferrari foi responsável pelo chassi e o já dito motor. O projeto ficou sob responsabilidade do engenheiro Tony Southgate. Ele ficou no cargo de 1994 até 1995.
Sucesso nas pistas
O sucesso da Ferrari 333SP começou em 1994 na terceira rodada do IMSA GT Championship em Road Atlanta em 1994. O protótipo venceu a prova e também ficou com o segundo lugar.
Quatro carros estavam na pista. As equipes Euromotorsport, Momo Corse e Team Scandia foram as que apostaram no modelo Italiano, Em Lime Rock, o domínio do 333 SP foi ainda maior. Ele fechou o pódio com os três primeiros lugares. Egemonia que se manteve até o final da temporada.
A melhor Ferrari foi a do piloto Andy Evans, terminando em quinto lugar na classificação. A Oldsmobile venceu o campeonato de fabricantes. Fermín Velez o de pilotos, com Mauro Baldi e Wayne Taylor em terceiro e quarto lugar, respectivamente.
Nas 24 Horas de Le Mans o modelo não obteve o mesmo desempenho que nos EUA. O melhor resultado em 1997 foi um 6० lugar. No ano seguinte, o carro ainda era competitivo e duelou com o Oldsmobile no campeonato de construtores, mas perdeu no desempate, além de permitir que o ex-piloto de F1 Max Papis conseguisse um segundo lugar final e Didier Theys um quarto no campeonato de pilotos.
O 333 SP venceu duas corridas naquele ano. Em 1997, a Ferrari venceu novamente em Sebring e garantiu outras quatro vitórias.Seu maior adversário era o protótipo da Riley & Scott. Mesmo assim garantiu o 4º, 5º e 6º lugar no campeonato de pilotos e o segundo no de construtores.
Mudanças para 1998
Aperfeiçoamentos foram feitos para 1998. O 333 SP precisava se atualizar. Ele começou a competir no International Sports Racing Series ( o que acabaria se tornando FIA Sportscar Championship ).
Ele acabou vencendo todas as corridas e conquistando os dois primeiros lugares do campeonato com Emmanuel Collard e Vincenzo Sospiri e o vice-campeão Didier Theys e Fredy Lienhard .
Na América, o carro venceu três rodadas na IMSA, dando a Wayne Taylor o segundo lugar na classificação final. O carro também garantiu o campeonato de marcas. Na USRRC Can-Am, o 333 SP finalmente venceu as 24 Horas de Daytona.
Para 1999 o carro foi parar na Europa. Nos EUA surgiria a American Le Mans Series e marcas como Audi e BMW entraram na disputa. Eles foram facilmente superados. O ano de 2000 viu a equipe Doran Racing trocar o motor Ferrari por um Judd mais atual.
Na USRRC o carro garantiu o título de pilotos para Collard e Sospiri, derrotando Christian Pescatori em 1999. O título retornou em 2000 com David Terrien. No total foram três campeonatos consecutivos para o JMB Racing.
O peso da idade
O avanço no desenvolvimento dos protótipos foi deixando o 333SP desatualizado e lento. Ele foi sumindo das corridas. Em 2001, nenhum protótipo da Ferrari correu na ALMS, embora o carro Risi Competizione tenha feito algumas aparições na Grand-Am e o chassi Judd da Doran Racing venceu as 6 Horas de Watkins Glen de 2001 , enquanto na Europa, Marco Zadra venceu o FIA Sportscar. Mais pelo braço do piloto do que pelo carro.
Em 2002, o 333 SP esteve ausente do campeonato, mas fez algumas aparições no ano seguinte. A equipe GLV-Brums de Giovanni Lavaggi tentou, mas já não era a mesma coisa. A última aparição do 333 SP foi nos 500km de Monza de 2003.
Com o retorno da Ferrari para o Mundial de Endurance, o sucesso efêmero da 333 SP se repetira? Só o tempo para nos dar essa resposta.