Classe GTE-AM o que esperar para o mundial deste ano?

Competitividade e garra, nunca faltaram para a classe GTE-AM, aonde se concentram em sua grande maioria Gentleman Drives e aspirantes as classes principais e mais abonadas de Le Mans. Na temporada 2013 a competitividade foi tanta que o campeão da classe foi revelado apenas na última etapa no Bahrain. Abaixo um prognostico das equipes para a temporada 2014.

Possíveis entradas:

Proton Competition: Tradicional equipe da ELMS, compete a anos com modelos Porsche, espera a autorização da ACO para poder competir com o novo Porsche 911 RSR na classe amadora. O diretor Christian Ried, ainda não definiu se equipe permanece no WEC ou disputa também o ELMS.

Aston Martin Racing: Presente com 2 Vantage GTE em 2013 na classe, a equipe Britânica deve alinhar um dos seus carros. Roald Goethe, chefe de equipe deu a entender que poderia estender o programa para a ELMS. Nas últimas semanas de 2013 David Heinemeier testou um dos carros da marca e revelou interesse em continuar no mundial.

AF Corse: Tradicional cliente Ferrari, a equipe de Amato Ferrari deve continuar na classe AM, porém sem confirmação de pilotos. Tanto François Perrodo e Emanuel Collard fizeram uma ótima corrida no Bahrain. Um segundo carro pode ser entregue a Steve Wyatt, atual campeão da classe GTC da Asian Le Mans Series, que não escondeu seu desejo de disputar o mundial.

RAM Racing: Em paralelo com o programa PRO, a equipe deve alinhar sua segunda Ferrari na classe amadora. Um possível nome é de Johny Mowlem.

ProSpeed Competition: Este ano competindo apenas na ELMS o time coordenado por Rudi Penders planeja voltar ao “mundial”. A escolha cai sobre o novo 911 RSR ou com o atual 911 GT3 RSR. A dupla Perrodo / Collard deve permanecer, o terceiro piloto deve ser Maxime Soulet.

Larbre Competition: A grande incógnita envolvendo a equipe é a escolha do carro para a próxima temporada. Jack Leconte espera correr com o novo Corvette C7.R, mas não descarta mais uma temporada com o atual C6.R. Sobre sua permanenci no mundial também é algo pouco preciso e Leconte já afirmou em entrevistas que a equipe deve explorar outros mercados em 2014. Sobre os pilotos Julien Canal e o brasileiro Fernando Rees, nada foi revelado.

Equipes ausentes:

IMSA Performance Matmut: Marcou sua estreia este ano no mundial, e é improvável que continue, já que confirmou sua participação no campeonato francês de GT. Deve alinhar no ELMS para validar sua participação em Le Mans.

Krohn Racing: Tradicional equipe americana do milionário Tracy Krohn, não deve alinhar no mundial, já que vai participar da classe GTLM no TUSC nos EUA. Porém os planos da equipe são de voltar em 2015 na classe LMP2. A participação em Le Mans neste ano não foi descartada.

8Star Racing: Também vai competir no TUSC na classe LMPC. Por conta de problemas financeiros deve se concentrar nos Estados Unidos, mesmo depois de vencer o campeonatos de equipes. O dono da equipe Enzo Potolicchio deve estar presente em algum carro, já que é classificado como piloto Bronze.

67 carros confirmados nos os testes oficiais para as 24 horas de Daytona

Se depender da quantidade de carros, pode faltar vagas nos boxes do circuito de Daytona. A IMSA revelou a lista prévia das equipes que irão participar dos testes oficiais para a mítica 24 horas de Daytona, principal prova de longa duração dos Estados Unidos.

Divididos em 4 classes 67 carros são esperados para os testes, número que pode aumentar, já que os trabalhos na pista se iniciam entre os dias 3 e 5 de Janeiro. Na classe principal a “P” que aceita modelos LMP2 e DP, são esperados 17 carros, entre eles o DeltaWing, protótipo revolucionário que participou da edição 2012 das 24 horas de Le Mans. O brasileiro Cristian Fittipaldi faz dupla com o Português João Barbosa no Corvette DP da equipe Action Express Racing.

Na classe LMPC aonde correm exclusivamente modelos Oreca FLM09, 12 carros são esperados, já que a classe são sofreu mudanças técnicas quando fazia parte da American Le Mans Series este ano.

A principal classe GT a “GTLM” com carros elegíveis nas 24 horas de Le Mans, e aonde se concentram equipes oficias, teremos 11 carros participando. A novidade é a estreia da equipe oficial da Porsche com dois 911 RSR, e da Aston Martin Racing. A Corvette vai estrear de forma oficial seu modelo C7.R A participação do brasileiro Bruno Senna (piloto oficial da Aston Martin), não foi confirmada até o momento. Finalizando o Grid a “GTD” vai alinhar 27 carros, e sua diversidade de modelos deve ser um dos destaques da temporada. Porsche, Ferrari, Audi, Viper e Aston Martin estarão sendo pilotados por Gentleman Drives em sua grande maioria. Abaixo a lista completa.

Lista com os 67 inscritos para os testes oficiais para Daytona.

Classe GTE-PRO em evidencia para o próximo ano no mudial de endurance

Quem é fã de automobilismo torce muitas vezes mais pelo carro do que pelo piloto, e em um campeonato com marcas como Ferrari, Porsche e Aston Martin, cada vitória em cima do rival é um belo argumento de venda. Ao contrário de Le Mans, aonde tivemos Corvette e STR com suas equipes oficiais o mundial de Endurance ainda é visto com desconfiança por alguns fabricantes por conta dos custos de logística que para muitas são proibitivas.

Equipe confirmada:

Porsche AG Team Manthey: Estreou este ano com o novo Porsche 911 e mesmo com o programa LMP1 vai alinhar seu modelo mais emblemático novamente. A versão “2014” do carro estreou na última etapa neste ano no Bahrain. Entre os pilotos Marc Lieb vai competir no LMP1 da marca, enquanto Richard Lietz vai disputar o TUSC. Devemos ter Marco Holzer, Fred Makowiecki, Patrick Pilet e Jorg Bergmeister. Não teve um desempenho espetacular durante o ano mas venceu a principal corrida, Le Mans.

Aguardando confirmação:

AF Corse: Com o status de equipe oficial da Ferrari, o time de Amato Ferrari que conquistou o título na classe ainda precisa definir seus pilotos. Entre as opções temos Gianmaria Bruni (campeão), Toni Vilander, Giancarlo Fisichella e Kamui Kobayashi. Correndo por fora temos Marco Cioci, Olivier Beretta, Matteo Malucelli que muito provavelmente estarão competindo pela equipe ou outras nos EUA.

Aston Martin Racing: No ano do centenário a equipe não venceu em Sarthe e ainda viu seu piloto Alan Simonsen perder a vida na grande clássica. A quantidade de carros ainda é um mistério, já que neste ano foram 4 Vantage GTE. Os pilotos também estão indefinidos. Turner e Mucke devem ser o mais “óbvio”. O Brasileiro Bruno Senna que fez uma excelente temporada poderia fazer dupla com o português Pedro Lamy

RAM Racing: Estreou este ano no European Le Mans Series. Seu diretor Dan Shufflebotton já revelou que pretende expandir sua área de atuação, e encontro no WEC esta possibilidade. Contrariando a tradição o time Britânico acabou recusando o convite para participar de Le Mans. Porém com uma possível participação no mundial, teria uma entrada automática em Sarthe. Até o momento o único nome entre os possíveis pilotos é de Matt Griffin.

Toyota vence corrida quente no Bahrein

A última etapa do mundial de endurance no Bahrein, foi provavelmente a mais esperada do ano. Esta seria a primeira vez, (já que a prova de Fuji foi cancelada) que teríamos realmente a Toyota em pé de igualdade com a Audi. Além da batalha entre os dois fabricantes o calor seria o adversário a ser batido por todos, por essa razão que mais da metade da prova foi realizada a noite, mesmo assim o custo foi alto para as equipes. Ao todo 9 carros abandonaram a prova, grande parte por problemas provenientes das altas temperaturas. Até carros inquebráveis como Toyota, Audi acabaram quebrando pelo caminho.

Os vencedores do Toyota #8 Anthony Davidson, Sébasten Buemi e Stéphane Sarrazin, passaram as 6 horas da prova literalmente com o pé embaixo, este era o único jeito de sair da mira da equipe Audi. O melhor Audi até então o #2 teve problemas com o câmbio e também abandonou, o segundo colocado na classe o Audi #1 do trio Lotterer, Fassler e Tréluyer acabou sendo punido por ultrapassar um retardatário com bandeira amarela e deu por encerrada uma disputa direta pela liderança. Só uma quebra tiraria a vitória do #8 e como ela não veio, foi a primeira vitória de fato da equipe este ano no mundial.

Equipe G-Drive vence na LMP2

Já na classe LMP2 os vencedores foram o#26 da equipe G-Drive Racing com Romain Rusinov, Mike Conway que travaram uma bela disputa com o Oreca da equipe Pecom Racing que “deu” o primeiro lugar depois de uma escapada na sequência de curvas que antecedem a grande reta dos boxes. Em segundo o #24 da equipe OAK Racing dos pilotos Oliver Pla, David Heinemeier e Alex Brundle. Fechando o pódio o #41 Zytek Z11SN Nissan da equipe Greaves Motorsport de Bjorn Wirdheim, Jon Lancaster e Wolfgang Reip. Com o resultado os vencedores do campeonato na LMP2 foram os pilotos do carro #35 da OAK Racing que acabaram na quarta posição Baguette, Gonzales e Plowman.

AF Corse vence e fatura campeonato em cima da Aston Martin

.

Na classe GTE-PRO uma bela disputa entre Porsche e Ferrari culminou com o primeiro lugar para o #51 da equipe AF Corse da dupla Bruni e Vilander, em segundo o Porsche #91 de Bergmeister e Pilet e fechando o pódio a Ferrari #71 de Kobayashi e Fisichella. A “sorte” para os vencedores da prova começou quando o Aston Martin #97 que liderava o campeonato até então, enfrentou vários problemas durante a prova e acabou abandonando.

Aston Martin vence na GTE-AM

O segundo carro da equipe o #99 aonde compete Bruno Senna também apresentou problemas e não completou a prova, deixando a briga entre Ferrari e Porsche. Com o resultado a Ferrari que não foi uma das favoritas neste ano acabou levando o título mais pela constância do que pelo desempenho do carro.

Se na PRO a Aston teve um péssimo dia, não podemos dizer o mesmo da divisão AM. Lá os vencedores foram Nicki Thiim, Christofeer Nygaard e Kristian Poulsen. Em segundo veio a Ferrari#81 da 8Star Racing e fechando o pódio a Ferrari #61 da equipe AF Corse. O brasileiro Fernando Rees que compete com o Corvette #50 da equipe Larbre Competition terminou em 4º na classe. Abaixo o resultado final da prova e do campeonato.

Resultado final das 6 horas do Bahrein

World Endurance Drivers Championship:

1. Loïc Duval/Tom Kristensen/Allan McNish – 162 pontos
2. Andre Lotterer/Marcel Fässler/Bénoit Tréluyer – 149,25
3. Anthony Davidson/Stéphane Sarrazin/Sébastien Buemi – 106,25
4. Alexander Wurz/Nicolas Lapierre – 69,5
5. Mathias Beche – 63,5
6. Nicolas Prost – 60
7. John Martin/Roman Rusinov/Mike Conway – 53
8. Nick Heidfeld – 48
9. Lucas Di Grassi/Marc Gené/Oliver Jarvis – 45
10. Bertrand Baguette/Martin Plowman/Ricardo González – 44,5

FIA Endurance Trophy for LMP2 Drivers:

1. Bertrand Baguette/Martin Plowman/Ricardo González – 141,5 pontos
2. Alex Brundle/David Heinemeier-Hänsson/Olivier Pla – 132,5
3. John Martin/Roman Rusinov/Mike Conway – 132
4. Luis Perez-Companc/Pierre Kaffer/Nicolas Minassian – 110
5. Tor Graves – 56
6. Jacques Nicolet – 51
7. James Walker – 44
8. Tom Kimber-Smith – 40
9. Björn Wirdheim – 37
10. Keiko Ihara – 35

World Endurance Cup for GT Drivers:

1. Gianmaria Bruni – 145 pontos
2. Giancarlo Fisichella – 135
3. Darren Turner/Stefan Mücke – 125,5
4. Marc Lieb/Richard Lietz – 123
5. Toni Vilander – 108
6. Patrick Pilet/Jörg Bergmeister – 99,5
7. Kamui Kobayashi – 98
8. Bruno Senna – 94
9. Fréderic Makowiecki – 73,5
10. Romain Dumas – 72

FIA Endurance Trophy for GTE-AM Drivers:

1. Jamie Campbell-Walter/Stuart Hall – 129
2. Enzo Potolicchio/Rui Águas – 128
3. Jean-Karl Vernay/Raymond Narac – 120
4. Patrick Bornhauser/Julien Canal – 97
5. Christoffer Nygaard/Kristian Poulsen – 94,5
6. Christian Ried/Gianluca Roda/Paolo Ruberti – 76,5
7. Fernando Rees – 73
8. Christophe Bourret e Matt Griffin – 68
10. Davide Rigon – 67

USCC 2014–TRG-AMR planeja 2 Vantage para a classe GTD

Os trabalhos na equipe TRG-AMR não param. Depois que a equipe passou para as mãos de Kevin Buckler uma estreita relação com a Aston Martin se firmou. Os planos para 2014 são alinhar 2 Vantage GT3 na classe GT Daytona e a participação na temporada completa da Continental Tire Sportcar Challenge.

Os pilotos segundo Buckler já estão confirmados mas ainda não pode revelar os nomes por questões de contrato. Para a classe GT com modelos GTE os custos por enquanto são proibitivos para a equipe.

“No mínimo, nós estamos olhando para executar dois na classe GTD, Um carro na GT Le Mans seria um desafio para nós com os custos envolvidos. A Audi vende mais carros em uma semana que Aston vende em um ano. Portanto, não é apenas o suporte do fabricante do nosso lado temos que ter o suporte para equipe. Estou muito feliz com a classe GTD por que os pilotos podem contribuir [financeiramente] e tentaremos com algum patrocínio.” Completa.

A equipe participou da sua primeira corrida no mês passado em Laguna Seca pela Grand-Am além da etapa de Lime Rock. A demora para estrear se deu pelo fato da indefinição por pare dos novos regulamentos.

“As duas corridas que nós fizemos foram missões exploratórias”, disse Buckler. “Obviamente, o teste BoP para novembro vai ser crítico. Ainda estamos longe da velocidade em linha reta, mas estamos corrigindo. Uma vez que o carro é sólido e a série está satisfeita com as regras, o carro será capaz de largar na frente em Daytona. O campeonato será muito competitivo”.

Buckler espera ter pelo menos 1 Vantage para os testes em Daytona e Sebring em Novembro.

Fonte: Sportcar365.com

WEC São Paulo–Aston Martin define pilotos.

A equipe Aston Martin definiu os pilotos e carros para a próxima etapa do WEC em Interlagos. Ao todo serão 5 Aston Vantage GTE que vão estar competindo em São Paulo. Abaixo a lista. O piloto Kurt Thiim ocupa o lugar de Allan Simonsen que morreu em Le Mans.

GTE Pro

Aston Martin Vantage 97: Darren Turner / Stefan Mücke

Aston Martin Vantage n º 98: Paul Dalla Lana / Pedro Lamy / Richie Stanaway

Aston Martin Vantage # 99: Bruno Senna / Rob Bell,

GTE Am

Aston Martin Vantage # 95: Christoffer Nugaard / Kristian Poulsen / Kurt Thiim

Aston Martin Vantage # 96 Jamie Salão Campbell-Walter/Stuart  

ACO altera mais uma vez equivalência entre modelos GT no WEC

Visando a próxima rodada do WEC em São Paulo a ACO novamente alterou o desempenhos dos modelos da classe GT o chamado BoP (Balanço de desempenho). Desta vez os carros atingidos foram o Aston Martin e o Porsche.

Os modelos tanto das classes GTE-PRO e GTE-AM tiveram uma redução de 0,3mm nos restritores do motor chegando a 28.6mm no Porsche e 28.3mm no Aston Martin. A Ferrari manteve o valor de 28.3 que segue inalterado desde o começo do campeonato. Levando em conta a geografia do traçado brasileiro os modelos Italianos vão levar uma ligeira vantagem.

Árvore teria sido a causa da morte de Simonsen?

Muitas perguntas ainda pairam sobre a morte do jovem Allam Simonsen, nas últimas 24 Horas de Le Mans. Com as atuais medidas de segurança, até os mais espetaculares acidentes como o de Allan McNish há dois anos na mesma pista provaram que os carros são seguros. E os circuitos?

O médico James Norman publicou um belo artigo, sobre a forte desaceleração que provocou a morte do piloto. A foto acima mostra o ponto exato aonde o carro se chocou e a tese de que a desaceleração, foi forte demais ganha maior embasamento. Se não tivesse a arvore provavelmente o impacto teria sido absorvido mais suavemente. Com a árvore impedindo o guard-rail de fazer seu papel, a pressão foi fatal para o piloto.

Simonsen chegou a ser levado com vida ao hospital e até conversou com os médicos e fiscais de pista porém perdeu os sentidos, entrou em coma e acabou falecendo.

Existem vários vídeos do momento da batida, aonde o piloto do Aston Martin acaba se assustando com a rodada do carro a sua frente.  Na tentativa de evitar uma rodada acaba acelerando em cima da zebra, perdendo de vez o controle do carro. Ainda segundo James, a pressão exercida pela batida causou um dano subdural no cérebro do piloto, ou uma transecção da veia aorta que é o movimento brusco dos demais órgãos causando a ruptura da veia.

24 horas de Le Mans 2013–Sonhos e conquistas.

Audi #2 venceu em prova tumultuada e por que não monótona

Vou fugir de frases feitas para descrever as 24 horas de Le Mans deste ano. Expressões como “Audi vence mais uma” “Prova histórica na França”, “Tom Kristensen maior pilotos de todos os tempos”. Apenas para frisar como várias matérias sobre a corrida serão descritas ao redor do mundo, especialmente aqui no Brasil. Mas neste ano aconteceu muito mais do que uma esperada vitória da Audi.

O ser humano é ansioso por natureza. Trabalha muito para conquistar o que deseja seja algo material ou a conquista do grande amor. Claro que todos esperamos o dia em que faremos aniversário, ou que vamos passar no vestibular ou aquele sábado à noite que será o primeiro encontro com aquela moça que está lutando para conquistar há tempos. E neste momento tudo pode ser ótimo ou uma grande decepção. Sempre digo que tudo na vida tem 50% de chances de dar errado e 50% de dar certo. Talvez a graça não seja o acerto ou o erro, e sim o que aprendemos com situação.

Terceiro lugar de Lucas di Grassi coroa bom desempenho do brasileiro.

Acredito que este era o desejo de Allan Simonsen, que morreu nos primeiros minutos da corrida. Esperou o ano inteiro para competir na prova que amava. Talvez não ganhasse, mas o fato de estar ali já seria uma vitória. Conseguiu o que muitos pilotos, torcedores e apaixonados por automobilismo querem, ir além de competir, de ganhar dinheiro com o que ama, de ter a oportunidade de vencer, conseguiu correr em Le Mans. Porém, o destino fez com que em sua nona participação perdesse a vida. Um homem jovem, prestes a completar 35 anos. O esperado quando este tipo de tragédia acontece é a equipe se retirar por completo da competição, como foi o caso da Mercedes nos anos 50 ou em 99 quando o CLK voou. Talvez o medo de um novo acidente, ou por respeito a família do piloto. Mas é aí que a coisa toma outra forma. A própria família pediu para que o time inteiro continuasse a prova como homenagem a Simonsen. Mesmo que o psicológico de todos e não só os da Aston Martin estivesse abalado, o time continuou, mesmo não ganhando a prova mostram que o sonho ou a vontade muitas vezes passa por caminhos tortuosos, mas que não deve ser abandonado. Talvez não seria esta a festa do centenário que a Aston Martin esperava, de perder uma vida, mas com certeza quem ficou e lutou para a conquista do sonho de todos ali tenha sido a maior vitória.

OAK Racing vence na LMP2 com #35 e com o #24 em segundo

O acidente do carro #99 a princípio teria sido mais um, pois a batida não chegou a ser violenta como no caso do Audi R18 em 2011 de Allan McNish. A forma como o Aston se desintegrou é que chamou a atenção. Tudo bem que o carro deve aguentar o impacto e a célula de sobrevivência ficar intacta mas o jeito que o carro ficou merece uma investigação mais apurada. Mesmo caso do #97 em que competia Bruno Senna e por conta de uma escapada simples ficou avaria a ponto de não voltar a pista.

Em detrimento a tantos acidentes a direção de prova foi bem mais rigorosa no que resultou em um recorde de entrada do carro de segurança. Ao todo foram quase 5 horas em bandeira amarela para consertos de muros de proteção e limpeza da pista.

Voltando para a classe P1 e a vitória do Audi #2 que marcou mais um recorde para Tom Kristensen, McNish e Duval. Desde os testes, passando pelo treino classificatório, era esperada esta vitória e talvez o maior rival seria o #1 de André Lotterer, Marcel Fassler e Benoit Treluyer. Lotterer surpreendeu já na largada pulando na frente e deixando os dirigentes da Audi com um sorriso meio amarelo. Em condições normais seria quase impossível vencer o #2 e fizeram bem em arriscar. Poderiam ter ganho a prova visto que o ritmo em vários momentos era superior ao #2, porém, problemas no alternador fizeram o carro ficar um bom tempo nos boxes para reparo levando por água abaixo as chances de uma vitória. Em contra partida, o #3 também foi pego pelas intempéries climáticas com um pneu furado, perdendo tempo. A atuação de Lucas di Grassi, em conjunto com Marc Gene e Oliver Jarvis, merece aplausos. Em todas as seções que pilotou soube comandar o carro não deixou o desempenho cair, conseguindo o terceiro lugar.

Porsche supera Aston Martin 50% da estratégia e 50% nas bandeiras amarelas e vence na GTE-PRO

A Toyota tentou, mas não conseguiu ser páreo para a velocidade dos Audi, mesmo estes parando mais e consumindo mais. Talvez ali estivesse o trunfo do time Japonês que esboçou alguma competitividade no começo da prova, quando a pista estava molhada, mas foi só. Se aproveitou dos problemas dos Audi e, é claro, o conjunto foi robusto, resistindo as 24 horas. Mesmo o acidente do #7 a menos de 1 hora do fim impediu o carro de cruzar a linha de chegada em quarto lugar. Para a equipe é uma vitória que seus dois carros tenham completado a prova mas precisam trabalhar e muito para diminuir a vantagem da Audi. Se em condições adversas eles tem chances em uma pista seca a coisa é bem diferente.

O melhor time privado da P1, surpreendendo muitos, foi o HDP da equipe Strakka Racing que acabou em sexto, a seis voltas dos líderes. O trio Nick Leventis, Danny Watts e Jonny Kane soube driblar os erros e chegou ao final intacto. Ao contrário dos seus adversários da Rebellion Racing, que acabaram ficando pelo caminho, seja por batidas ou por problemas mecânicos. O #12 terminou em quadragésimo e o #13 em quadragésimo primeiro.

Já entre os modelos P2, uma dobradinha da equipe OAK Racing com o #35 Bertrand Baguette, Ricardo Gonzales e Martin Plowman e #24 de Olivier Pla, David Heinemeier e Alex Brundle, que mesmo dando uma escapada nas horas finais da prova sob forte chuva, completou a prova. Equipes fortes como TDS Racing, Delta-ADR acabaram abandonando a prova. Os dois carros da equipe Lotus, que chegaram a ser apreendidos pela justiça em detrimento a uma ordem de busca por falta de pagamento, também ficaram pelo caminho. Em terceiro chegou o Oreca 03 #26 da equipe G Drive Racing do trio Roman Rusinov, John Martin e Mike Conway.

Porsche vence também na AM com a IMSA

A estreante Alpine fez uma corrida discreta terminando em décima quinta no geral. O acidente mais grave porém sem problemas para o piloto foi do Lola #30 da HVM Status GP que ficou totalmente destruído depois de uma batida nas curvas que antecedem a chicane Ford. Dificilmente este carro vai voltar a alguma competição, visto o estado em que ficou. A grande vencedora da classe sem dúvida foi a Nissan, dos 13 LMP2 que completaram a prova, 10 usavam propulsores do fabricante Japonês que revelou seu novo modelo para a garagem 56 do ano que vem, mesmo alegando que é um projeto totalmente novo o Zeod RC é um Delta Wing com capota. A “esperança” é o sistema híbrido revolucionário, ainda pouco divulgado.

A morte de Simonsen marcou o centenário da Aston Martin.

Na GTE-PRO o domínio da Aston Martin em todos os treinos resultou em uma liderança tranquila mesmo com a saída do #99 que liderava. Coube o #97 do trio Peter Dumbreck, Stefan Mucke e Darren Turner lutar pela vitória no centenário da marca. Porém, faltando 1 hora para o fim da corrida, a demora na escola de pneus nos boxes e sem tempo hábil para lutar pela vitória acabou ficando em terceiro, atrás dos dois Porsche que surpreenderam e mostraram um renascimento da marca na classe, que há tempos vinha apanhando da Ferrari que não fez nada durante todo o final de semana. O vencedor #92 Marc Lieb, Richard Lietz e Romains Dumas e do #91 de Jorg Bergmeister, Patrick Pilet e Timo Bernhard. A Porsche sempre falou que este ano seria um ano teste para a grande estreia de seu modelo LMP1, pode-se considerar que o novo carro terá um enorme sucesso. O Corvette #73 acabou chegando em quarto e a Ferrari #71 da AF Corse foi a melhor colocada, em quinto lugar.

A equipe Viper, estreante este ano, acabou em oitavo com o #53 e nono com o #93. Sem maiores problemas mecânicos, os carros aguentaram bem o tranco, e se a promessa do fabricante de continuar ano que vem se concretizar, teremos mais um belo adversário na competitiva classe PRO. Entre os amadores da classe AM vitória do #76 da IMSA Performance Matmut de Raymond Narac, Christophe Bourret e Jean-Karl Vernay chegando uma volta à frente do segundo colocado, a Ferrari #55 da AF Corse Piergiuseppe Perazzini, Lorenzo Case e Darryl O´Young. Fechando o pódio, outra Ferrari da AF Corse a #61 de Jack Gerber, Matt Griffin e Marco Cioci. A classe também marcou a estreia de Patrick Dampsei no Porsche #77 e o ator-piloto fez bonito, mesmo dando algumas escapadas durante a noite, terminou em quarto na classe e poderia muito bem abandonar os filmes, que não faria feio nas pistas. Superou a equipe Larbre, que acabou em quinto com o #50.

Erro de companheiro de equipe acaba com sonho de Senna de vitória.

A emoção da prova foi realmente nos períodos de pista molhada, mas no geral foi uma prova bem disputada em todas as classes até na P1 aonde os problemas limitaram e muito uma briga mais acirrada entre os carros da Audi. A quantidade de bandeiras amarelas também surpreendeu, talvez por um zelo maior depois da morte de Simonsen.

Outro ponto que falo ano após ano é a transmissão da corrida para o Brasil. Desde que o Sportv comprou os direitos de transmissão do WEC ano passado, muito por causa de Lucas di Grassi na Audi, todos os fãs de automobilismo esperavam uma melhor cobertura. A impressão que se tem disso é que o ápice do campeonato é a prova de Interlagos, o que não é verdade. A maior prova é Le Mans, até aí tudo bem, já que para a maioria dos brasileiros qualquer evento esportivo só é bom se tem brasileiro na frente, independente da qualidade da coisa. Desde então espero um valor merecido a transmissão. Fiquei surpreso quando anunciaram com pompa e circunstância que iriam transmitir 4 horas da prova. Quatro horas e uma prova de 24 é meio que forçar a barra, mas é melhor do que nada. O Canal Fox Sports também passou alguns trechos da corrida e as 2 horas finais e o que salvou neste caso foi o conhecimento de Sérgio Lago e principalmente sua sinceridade em dizer que não sabia certas coisas, até por que seu ponto forte é a NASCAR. Não cheguei a acompanhar 10 minutos da cobertura do SPORTV, pois se é para ler de 5 em 5 minutos a classificação eu mesmo leio o que passa na tela. Grande parte da transmissão acabei acompanhando pelo Eurosport Português, e o que vi foi uma ótima cobertura.

Narradores com conhecimento, mesmo com a morte de Simonsen trataram a coisa sem grandes alardes, usaram muito as redes sociais, respondendo perguntas de telespectadores, promovendo perguntas para testar o conhecimento de quem estava no Facebook. Apresentaram entrevista com pilotos, chefes de equipes, souberam aproveitar o tempo e manter o telespectador ligado em uma evento que, por mais gostoso que seja, cansa pelo tempo de duração. Parabéns a equipe da Eurosport, e é uma pena não termos este tipo de profissional aqui no Brasil, que não empurra a coisa com a barriga, que estimule e acabe agregando novos fãs ao esporte.

A próxima etapa do WEC será aqui no Brasil em primeiro de Setembro.

Classificação final das 24 horas de 2013

24 horas de Le Mans–Classe GTE-PRO

Para esta edição das 24 horas a classe GTE-PRO tem mais equipes oficias do que a badalada LMP1. Foi o tempo que apenas Ferrari e Porsche dominavam as classes GT. O desempenho dos carros vem aumentando ano a ano. Desde que mudou sua nomenclatura a quatro anos a antiga GT2 e hoje seu desempenho quase se equipara aos antigos GT1.

Ferrari 458 Itália.

#51 AF Corse – Fisichella, Bruni e Malucelli

#66 JMW Motorsports – Andrea Bertolini, Abdulaziz Turki Alfaisal, Khaled Al Qubaisi.

#71 AF Corse – Olivier Beretta, Kamui Kobayashi e Toni Vilander.

A Ferrari 458 Itália foi apresentada no salão de Frankfurt em 2009 e leva esse nome por ter um motor de 4,5 litros e 8 cilindros. Entre as equipes a AF Corse pode se considerar a equipe “oficial” da Ferrari. Possui pilotos que já competiram na F1 como é o caso de Fisichella  e Kobayashi e ótimos pilotos de GT como Vilander, Beretta e Bruni. A outra equipe JMW é a única que compete com pneus Dunlop o que pode ser um diferencial.

Porsche 911 RSR

#91 Team Manthey Porsche AG – Bermeister, Pilet e Bernhard.

#92 Team Manthey Porsche AG – Lieb, Lietz e Dumas.

Um dos carros mais importantes da indústria automotiva. O porsche 911 foi apresentado em Frankfurt em 1963. Suas variações estão presentes em diversos campeonatos ao redor do mundo. Na história recente está em Le Mans desde 1993 quando carros GT voltaram a participar da prova. A fábrica está ausente da prova desde 1998 quando ganhou com o 911 GT1 e usa a edição de 2013 como preparação como volta a LMP1 em 2014. Os dois carros possuem pilotos de qualidade que classificaram os dois 911 em terceiro e quarto no dia de teste.

Corvette C6-ZR1

#73 Corvette Racing – Magnussen, Garcia e Taylor.

#74 Corvette Racing – Gavin, Milner e Westbrook.

O Corvette foi apresentado em 1953. As versões C5 e C6 desde 2001 tem ao todo sete vitórias em Le Mans, tanto nas classes GT1, GT2 e GTE. A marca também possui 11 participações consecutivas na grande clássica. O modelo que será substituído ano que vem pelo C7 ainda tem potencial e está constantemente recebendo atualizações. Os pilotos já mostraram seu potencial em outras edições da prova além de belas corridas na ALMS. Não é uma equipe que deve ser desconsiderada.

Aston Martin V8 Vantage.

#97 Aston Martin Racing – Dumbreck, Mucke e Turner.

#98 Aston Martin Racing – Auberlen, Dalla Lana e Lamy.

#99 Aston Martin Racing – Bell, Makowiecki e Senna.

O nome “Vantage” foi usado primeiramente nos anos 50 para designar uma versão melhorada do DB KMII. Em 2005 o Vantage V8 assumiu o desenho do DB9 que também foi um modelo competente no endurance. O desenvolvimento começou em 2998 e foi complicado. Venceu sua primeira corrida em Zhuhai ano passado e este ano em Silverstone. O carro também conquistou os melhores tempos no dia do teste oficial. No carro #99 temos o brasileiro Bruno Senna que já se acostumou com o GT. Sério candidato a vitória.

Chrysler Viper GTS-R

#53 SRT Motorsports – Danziel, Farnbacher e Goossens.

#93 SRT Motorsports – Domarito, Kendall e Wittmer.

O Dodge Viper nasceu em 1992 da cabeça de Bob Lutz que viria a ser CEO da Chrysler e Carrol Shelby que dispensa apresentações. A primeira geração do modelo fez várias corridas de endurance porém a falta de investimento e a saúde financeira do grupo aos poucos fizeram o Viper sair de cena.

Porém sob o comando da FIAT e com dinheiro em caixa o modelo ressurgiu em 2012 e assumiu por conta própria seu desenvolvimento, já que o antigo carro era desenvolvido pela Oreca. e que chegou a ganhar 34 vitórias na classe GTS em Sarthe nos anos de 1998, 1999 e 2000, e uma vitória memorável em Daytona em 2000 chegando na frente de todos os protótipos. O carro já provou que é competitivo nas provas da ALMS mas a pergunta fica, e em uma corrida de 24 horas?

Fonte. Site ACO.