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Endurance tratado a sério!
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Com o surgimento do novo campeonato de endurance este ano sempre vai ficar a dúvida nos torcedores da categoria se ele não terá o mesmo fim que deve o campeonato de Sport Protótipos no começo dos anos 90.

A história deste Alfa começa com o fim da equipe de F1 em 1985. Desde então o fabricante que passava por uma crise financeira estava empenhado em desenvolver motores para e equipe Ligier. A ideia era desenvolver o motor e em seguida tentar a sorte como equipe própria na F1.

Os poucos recursos foram todos empenhados no desenvolvimento do motor 4 cilindros 415/85T para equipe francesa e com isso voltar aos tempos áureos na F1. Mas as coisas começaram a não dar certo pois a FIAT já era dona da Ferrari e não queria uma briga interna o que representaria muito dinheiro jogado fora sem contar a crise que sempre rondou o maior fabricante de carros a Itália.

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Somado isso foi as regras de motores turbo que foram suspensas para o campeonato de 1986 depois da Morte de Elio de Angelis o que levou a suspensão do contrato com a equipe Ligier. Assim a equipe ficou com material suficiente para tentar outras competições. Em 1987 a FIA decretou que os futuros protótipos do grupo C teriam que usar a mesma tecnologia empregada nos propulsores da F1. Assim a FIAT deu sinal verde para a construção do projeto e o desenvolvimento do V10 que a fábrica tinha disponível.

Assim nasceu o V1035 concebido por Pino d´Agostino que optou por um meio termo entre os pequenos V8 e os enormes V12. Assim nasceu o primeiro V10 da F1 moderna mas que nunca chegou a ser montado em um carro de F1. Sua construção empregou materiais como Alumínio e Silício e teve a parceria da Shell. Os pistões também usam o alumínio em sua construção e revestidos por Nikasil. Tinha 4 válvulas por cilindro e comando e válvulas variado. Seu angulo era de 72º. Pelas regras foram feitos 15 unidades com um deslocamento final de 3500 cilindradas.

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Alfa 164 Procar outro que nunca  viu a cor de uma pista.

Os primeiros testes ocorreram ainda em 1986 no dia primeiro de Julho e tinha uma potencia inicial de 583 cv, sendo os últimos com aproximadamente 620 a 13.300 RPM com um torque de 39kgm e se mostrou durável pela potencia que apresentava.

Foi construído em 1988 o Alfa 164 Procar que competiria no campeonato de carros de produção (atual WTCC) e utilizava o V10. Foi feito em parceria com a Brabham e  apresentado no grande premio de Monza no mesmo Ano. O projeto nunca vingou e dele surgiu o Alfa 164 que chegou a ser importado para o Brasil no começo dos anos 90.

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 Maquete feita para testes em túnel de vento

Como a FIAT acabou cancelado o programa da Alfa para a F1 bem como  o Procar a Alfa decidiu construir em segredo um protótipo para o Grupo C. Sob a supervisão de engenheiros tanto da Alfa quanto da divisão esportiva Abarth nasceu o Abarth SE048 que ficou popularmente conhecido como Alfa SE048. Seu desenho empregou o que tinha de mais moderno em termos de tecnologia aerodinâmica na época e gerava uma grande pressão aerodinâmica com a inclusão de chapas em baixo o carro bem como um eficiente extrator na parte traseira. Toda a carroceria foi feita em fibra de carbono saindo das tradicionais chapas de alumínio com rebites.  
Foi criado um modelo de poliéster para testes em túnel de vento . Os testes do pista foram em um Lancia LC2 comprado da antiga equipe Mussato que sofreu modificações para receber o novo motor. Seu chassi foi feito em monocoque de fibra de carbono o que é utilizado até hoje e seu sistema de freios era fornecido pela Brembo. Se cogitou a adoção de um V12 Ferrari no final dos anos 80 e que já não era utilizado pois o V10 original se mostrou frágil em testes de rodagem. Outro fator era o temor de que o motor Alfa fizesse mais “sucesso” do que os propulsores Ferrari.

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Assim o projeto foi sendo desenvolvido até que em 1992 mesmo depois de avanços em um novo motor com gerenciamento eletrônico a FIAT cortou os investimentos do projeto e focou seus esforços na reestruturação da Ferrari na F1. Mesmo assim o carro foi apresentado a imprensa com um laboratório de futuros projetos do construtor. 

Com os altos custos do campeonato de Sport Protótipos já que adotaram os mesmos motores da F1 tudo se acabou em 1992 com a extinção do campeonato de protótipos que só no final dos anos 90, mas isso é outra história

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3 comentários sobre “Alfa Romeo SE048 o Alfa “secreto”.

  1. A Ferrari em 1988 perdeu um campeonato ganho, bastava usar este motor Alfa V10 de 3,5 litros que ela ganhava fácil, o motivo é muito simples era um motor moderno que pesava bons 145 kgs (um peso bom para um V10 de 3,5 para aquela época) mas o radicalismo da Ferrari exigindo um motor V12 foi altamente prejudicial, em 1987 a Ferrari ameaçou abandonar a F1 (iria para a Indy) caso a FIA não aceitasse os aspirados V12, os V12 não são bons por que o peso dos aspirados neste novo regulamento de 1987.. era de apenas 500 kgs. Aliás existia também um radicalismo da Ford-Crosworth que era favorável aos V8, um absurdo os V8 não conseguem girar alto na cilindrada 3500. Os motores mais equilibrados eram os V10, tinham boa potência em todas as rotações (os V12 tinham falta de torque em baixa rotação, os V8 tinha falta de potência nos altos giros), os V10 não exigiam tanta refrigeração quanto os V12, além de serem mais curtos e não eram tão beberrões quanto os V12. Os V8 apesar curtos, leves e favorecerem a aerodinâmica (bebiam 30 litros a menos que os V12, logo menos peso e tanques menores – mais aerodinâmica) tinham sérios problemas nas retas…e principalmente nos treinos de tanque vazio…a única restrição que os V10 tinham eram as vibrações secundárias, muitas pessoas achavam que eles iriam fracassar pelos n° impares de cilindro em cada bancada de cilindros…mas os engenheiros conseguiram solucionar…Quando surgiu em 1987 o regulamento de 1988 ninguém tinha um motor moderno, os V8 da Ford eram pesados 155 kgs, e giravam muito baixo, os velhos Ferrari V12 (apesar de ser 180° não era boxer) atrapalhavam a aerodinâmica e eram pesadões. Os Alfa boxer 12 cilindros não eram bons, os Alfa V12 que surgiram um pouco depois pesavam 180 kgs, também não era competitivo, O único mais ou menos moderno eram os Judd V8 com seus 125 kgs, mas ele não era confiável por falta de estrutura e só dava 12 mil giros. O confronto aspirado versus turbo dava vantagem para os aspirados, por que os turbos tinham 1500 cilindradaX2,5 bar: 3750 de “cilindrada” teórica, mas os carros podiam pesar 540 kgs e só consumir 150 litros de combustível, já os aspirados tinham 3500 (1bar) cilindrada, peso de 500 kgs e podiam gastar combustível a vontade, mas o problema era encontrar um aspirado moderno…a Honda, Renault, não tinham, a Porsche chegou a emendar 2 V6 para fazer um 3500 cilindrada, mas o motor pesava 200 kgs…foi um fracasso…Nesta época só tinha um motor moderno e ele se chamava Alfa, é claro que este motor iria fracassar se fosse feito pela Alfa, porque eles não tem dinheiro, mas se fosse feito pela Ferrari (leia-se Fiat) aí a coisa muda, eles botariam tranquilamente 650 cavalos empatando com o Honda turbo, mas com a vantagem de ter um carro mais leve em 40 kgs e não tendo problemas de consumo, mas a Ferrari por orgulho não quis pegar o motor da Alfa (agora pertencente a Fiat) só porque era um V10. Resultado vemos um Berger, um Alboreto tendo que correr na maioria das pistas com pressão de 2,0 (500 cavalos) a 2,3 bar (570 cavalos), só em algumas pistas podiam usar força total 620 cavalos, no segundo semestre 650 cavalos. Na realidade os turbos eram bom de treinos e fracos nas corridas, mas por falta de um motor aspirado moderno eles deram um passeio. E tem gente que fica braba quando o Piquet dizia que o Comendador Ferrari era gagá, que só atrapalhava a Ferrari e que o pessoal da Fiat estava louco que ele morresse para ele não opinar mais nada, Piquet estava falando a verdade…

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