Peugeot e o derradeiro ano do Grupo C

O Grupo C é lembrado como o auge das corridas de endurance, seja pela diversidade de fabricantes ou a popularidade dos da série em si. Como a coisa não girava em torno da F1, logo a categoria “máxima” e a FIA, mostraram os seus tentáculos. 

Mas, vamos focar em coisas boas. Se é que podemos chamar de bom. Em 1992, foi o último ano do Grupo C como um Mundial da FIA. O WEC  só voltaria em 2012. 

Em 1992, o Campeonato Mundial de Carros Esportivos, ou Sport-protótipos, dava seus últimos respiros. Jaguar e Mercedes desistiram da categoria. Assim, o Grupo C como uma plataforma de campeonato mundial deixou de existir após a final de Magny-Cours que viu a corrida ter oito carros.

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Coube à Peugeot lutar contra a Toyota pela honra do título mundial final.  Nesse sentido, o Toyota TS010s de Tony Southgate e os rivais japoneses com o Mazda com o MXR-01, além do rebatizado Jaguar XJR14, não eram adversários bons para superar o Peugeot 905. A equipe comandada por Jean Todt, quase levou o título em 1991.

Parceria de milhões

Peugeot 905 em Spa

No ano seguinte, Yannick Dalmas e Derek Warwick, dividiram o assento do Peugeot 905 Evo 1. Dalmas, estava no seu segundo ano de corridas com carros esportivos. Ele venceria as 24 Horas de Le Mans mais três vezes após o triunfo dele e de Warwick naquele ano com Mark Blundell.

A impressão que Warwick causou na Peugeot após sua chegada (ele competia pela Jaguar), foi tal que, apesar de ele ter feito parte do programa apenas em uma única temporada, marcou.

“Entre Derek e eu, foi uma cooperação muito boa”, reflete Dalmas, que hoje trabalha como consultor de pilotos da FIA no WEC. Derek conquistou três vitórias em Le Mans 1994, 1995 e 1999 ao lado de pilotos como Hurley Haywood, Mauro Baldi, JJ Lehto, Joachim Winkelhock e Pierluigi Martini.

Mas é com Warwick que Dalmas teve os melhores embates em 1992. O principal adversário aquele ano foi o outro 905, pilotado por Mauro Baldi e Philippe Alliot – este último tendo competido anteriormente contra Dalmas dentro da mesma equipe quando ambos correram pela equipe Larrousse na Fórmula 1 entre 1987 e 1989.

“Naquela época, ele era como um irmão para mim”, disse Dalmas, em entrevista ao site Autosport.  Ele citou o falecido Patrick Tambay como seu companheiro de equipe favorito. “O ambiente era igual, era forte. Eu tinha 100% de confiança nele e o mesmo para ele em mim. Fizemos um trabalho muito bom.”

A sincronia dentro da Peugeot

Dalmas e Warwick se cruzaram na F1, mas raramente estiveram na mesma luta. A Arrows de Warwick geralmente estava no meio do grid, enquanto Larrousse estava – com exceção de 1990 – habitualmente no final do grid.

Porém,  isso mudou em 1991, quando pilotou o XJR14, tornando-se o piloto de referência do Mundial. Ele só perdeu o campeonato quando na decisão, o Jaguar venceu com Teo Fabi em Silverstone,  depois que um problema no cabo do acelerador atrasou seu próprio carro iniciado por Martin Brundle, que terminou em terceiro – significou que ele não marcou quaisquer pontos.

“Claro que cruzei com ele durante os briefings, mas ele tinha uma equipe melhor que eu, um carro melhor que eu e não lutamos juntos durante os tempos da Fórmula 1”, diz Dalmas. “Depois, em 91, sim. Foi com a Jaguar, e sim, lutamos.”

“Acho que ganhei mais experiência e mais confiança com ele, sobre o acerto do carro””, disse Yannick Dalmas

Dalmas estava, portanto, familiarizado com o conjunto de habilidades que Warwick traria para a  Peugeot e considera que sua contratação aconteceu no momento certo. 

“Nessa época, ele era o melhor piloto”, diz ele. E com o ex-engenheiro da McLaren, Tim Wright comandando seu carro #1, não faltava experiência para extrair o máximo de sua pilotagem “muito sensível”.

A confiabilidade 

“No começo, tivemos alguns problemas com o Peugeot, e Derek podia sentir isso muito bem porque ele tinha experiência com o Jaguar”, diz Dalmas. “Durante as curvas, curvas médias, a atitude de fazer o carro rápido, a direção do carro, ele sentiu bem isso.

“O carro era muito sensível e a altura do carro era muito sensível. Às vezes juntos estava tudo bem, às vezes não éramos muito perfeitos, mas gostamos juntos da mesma atitude do carro. Eu odeio um carro que sai de frente. Derek no  início gostou um pouco, mas depois mudou de opinião.”

Dalmas diz que o 905B “muito agressivo” era mais adequado para corridas de velocidade, pois “não era muito confortável” para eventos de longa distância. Suzuka e Le Mans foram os únicos eventos com mais de 500 km no calendário reduzido de seis corridas. Assim, Warwick era um parceiro ideal para contar em ambas as disciplinas.

“Se você não é forte 100%, não consegue pilotar o carro, é importante entender”, diz. “O carro era eficiente, mas muito forte, muito agressivo por dentro. Você tem que ser fisicamente forte, mentalmente mais forte.”

Dalmas enfatiza que nenhum tratamento preferencial foi dado a nenhum dos carros pela administração da Peugeot, deixando para os pilotos e engenheiros na pista ver quem poderia fazer o melhor trabalho.

“Os carros eram iguais neste momento”, diz ele. “[Para] André de Cortanze, o engenheiro-chefe, e Jean Todt, o objetivo era que o Peugeot ganhasse, é isso.”

O campeonato

A Jaguar foi a maior adversária da Peugeot em 1992. (Foto: Divulgação)

As estatísticas mostram que as pole position foram divididas igualmente entre Dalmas/Warwick (Monza, Silverstone e Donington) e Baldi/Alliot (Le Mans, Suzuka e Magny-Cours), mas foi o carro #1 que teve a vantagem crucial na maioria das corridas antes mesmo de falhas de motor colocarem o # 2 fora das duas primeiras rodadas.

Dalmas conquistou a pole em Monza e nunca foi incomodado pelo carro irmão – Baldi abandonou por falhas de motor enquanto corria em segundo. Na verdade, o único problema real de Dalmas foram os freios que causaram uma queda espetacular na segunda chicane, embora ele e Warwick ainda estivessem classificados em segundo lugar, atrás do Toyota sobrevivente de Geoff Lees e Hitoshi Ogawa. 

A maior ameaça em Silverstone novamente veio do Toyota, que parecia prestes a vencer depois do retorno ao pit para Dalmas apertar os cintos e um incêndio no pit atrasou Warwick. Mas seu motor falhou, permitindo ao #1 Peugeot uma corrida incontestável para uma vitória de duas voltas.

Mas nenhuma ajuda foi necessária para vencer em Le Mans, onde Dalmas ultrapassou Baldi nas difíceis condições iniciais e Warwick então acertou o Mazda, líder da corrida. Assim, junto com Blundell, eles nunca perderam a liderança depois disso e abriram uma vantagem de duas voltas a meia distância sobre o Peugeot #2, com o composto de chuva da Michelin em relação aos Goodyears da Toyota, o que significa que os carros japoneses nunca estiveram na luta.

Algumas saídas de pistas para Alliot, outra para Baldi e um seletor de marchas quebrado fortaleceram sua posição na liderança do pelotão, com o Peugeot #1 vencendo por seis voltas, com uma substituição do sistema de ignição após 16 horas, o único problema após um susto com o elétrica que fez o carro parar.

Briga da Peugeot continuou após Le Mans

Warwick novamente fez a pole para Donington, mas Baldi e Alliot conquistaram sua primeira vitória quando o último ultrapassou Dalmas no reinício. Porém, uma falha na direção hidráulica atrasou fortemente o carro #2 em Suzuka, onde a vitória garantiu o tão esperado título para Warwick e Dalmas.


Em Magny-Cours, eles concentraram a atenção no desenvolvimento do Evo 2 Bis que conquistaria outra vitória em Le Mans em 1993 com Geoff Brabham, Eric Helary e Christophe Bouchut. O segundo lugar atrás do #2 estava em jogo até que um problema elétrico custou cinco voltas enquanto uma nova caixa preta era instalada.

Trabalhar com Warwick, diz Dalmas, foi importante em seu desenvolvimento em um dos mais proeminentes pilotos de carros esportivos da década de 1990.

“Acho que ganhei mais experiência e mais confiança com ele, sobre o acerto do carro”, diz ele. “Não é estratégia, mas sobre o acerto. Não estava 100% confiante e o Derek durante a temporada me ajudou nessa direção. Quando você escolhe esse acerto, ‘esqueça as outras possibilidades, vamos com isso, ganhe confiança em si mesmo’. E para mim, foi essa atitude que eu tenho”, finalizou. 

 

Sergio Jimenez sobe no pódio do Jaguar I-PACE eTROPHY no México

(Foto: Divulgação)

A segunda prova do Jaguar I-PACE eTROPHY foi disputada neste sábado no México e Sergio Jimenez conquistou seu segundo pódio, nesta que é a primeira competição mundial de carros de turismo elétricos. O piloto do Jaguar Brazil Racing largou da sétima posição e conseguiu fazer uma boa prova para completar em terceiro lugar.

“Depois do treino livre, a expectativa era lutar pela vitória, mas saímos com mais um pódio e estamos próximos da ponta do campeonato. A pista mudou muito de ontem para hoje, oq eu atrapalhou na classificação. Conseguimos mudar o setup para a corrida, o que melhorou bastante o carro, mas não foi suficiente para lutar pela vitória. O incidente do Cacá (Bueno) com o (Salvador) Duran foi bem na minha frente e eu tive um pouco de sorte de escolher a linha certa e sair da confusão em terceiro lugar, mas já estava muito longe dos dois primeiros. Para o campeonato foi bom, afinal estamos a um ponto da liderança. Agora o foco é chegar na parte europeia da temporada em primeiro lugar”, diz Jimenez, que foi o mais rápido no treino livre da sexta-feira.

Com o resultado no Autódromo Hermanos Rodriguez, Jimenez soma 26 pontos e está apenas um ponto da líder do campeonato, a britânica Katherine Legge, vencedora da prova deste sábado. Simon Evans, da Nova Zelândia, foi o segundo na corrida do México e está empatado na segunda posição da tabela com o brasileiro.

Integrante também do Jaguar Brazil Racing, Cacá Bueno repetiu o quarto lugar conquistado na Arábia Saudita, mas desta vez precisando passar por uma corrida bem mais tumultuada. O pentacampeão da Stock Car largou na quinta posição e, na tentativa de ultrapassar o convidado Salvador Durán, recebeu um toque e foi parar no softwall, uma espécie de muro que amortece o impacto com o carro. Apesar disso, Cacá não desistiu, seguiu na prova e ainda chegou na quarta posição.

“Foi um fim de semana duro. Nunca alinhei para fazer número e, neste fim de semana, aqui no México, foi assim que me senti. Meu carro tem, comprovadamente, um problema que me faz perder velocidade nas retas. Mesmo podendo trocar de carro, por regulamento, não me foi permitido. Isso me fez classificar em quinto, quando poderia estar lutando pelas primeiras colocações. Sabia que tinha que forçar para conseguir um bom resultado e foi o que eu fiz no início da prova. Só não esperava um comportamento absurdo de um piloto profissional como o Salvador Durán, que bateu no meio do meu carro e me tirou qualquer possibilidade de um resultado melhor. Vamos ver se as coisas mudam para as duas etapas na Ásia para começar o campeonato, para valer”, diz Cacá, que é o quinto colocado no campeonato com 16 pontos.

Classificação do campeonato (top-5):

1) Katherine Legge (GBR) – 27 pontos 
2) Sergio Jimenez (BRA) – 26 
3) Simon Evans (NZL) – 26
4) Bryan Sellers (EUA) – 26
5) Cacá Bueno (BRA) – 16

Cacá Bueno e Sérgio Jimenez vão competir no eTrophy pela equipe Jaguar

Cacá Bueno. (Foto: Divulgação)

Jaguar Racing anuncia hoje que haverá uma equipe brasileira intitulada Jaguar Brazil Racing com dois carros no Jaguar I-PACE eTROPHY, a primeira série de corridas do mundo com carros de produção totalmente elétricos.

Cacá Bueno, cinco vezes campeão da Stock Car, e Sérgio Jimenez, piloto da Stock Car com experiência na Fórmula 3 e GT1, serão os pilotos da equipe brasileira a competir no grid da competição de apoio da ABB FIA Fórmula E.

O Jaguar I-PACE eTROPHY acontecerá antes de cada corrida da Fórmula E e nos mesmos circuitos ao longo da temporada 5 em 2018-19. A série, primeira do mundo, permite que as equipes tenham a oportunidade de mostrar o desempenho elétrico de talentosos pilotos no palco mundial do esporte a motor com zero emissões.

Além das equipes, cada corrida terá uma personalidade famosa para participar. O prêmio para toda a temporada poderá exceder os £500 mil.

Cacá Bueno disse: “Estar entre os primeiros pilotos a correr na primeira competição oficial de carro elétricos de produção é um privilégio. A Jaguar está fazendo história ao estar na vanguarda da eletrificação de veículos premium. O fato de ser campeã tantas vezes de Le Mans e estar agora lançando o Jaguar I-PACE eTROPHY só reforça para mim a grandeza dessa marca, da qual tenho orgulho de ser parceiro. E os patrocinadores perceberam isso e confiaram em mim, então só me resta agradecer e pisar fundo”.

Sérgio Jimenez disse: “Estou muito contente em ser escolhido pela Jaguar Brasil e poder participar desse campeonato inédito. Certamente esse evento entrará para história do automobilismo mundial e fazer parte disso é fantastico. Tenho boa sintonia com o Cacá: já corremos juntos por três anos na Europa e tivemos muitos pódios. Agora como companheiros de equipe tenho certeza de que levaremos a bandeira do Brasil para o alto do pódio”.

ZEG, uma empresa dedicada somente à projetos de geração de energia renovável e geração distribuída, e iCarros, maior portal online de vendas de veículos do Brasil, são co-patrocinadores da equipe.

Sérgio Jimenez. (Foto: Divulgação)

Daniel Rossi, CEO do Grupo Capitale Energia, disse: “A Capitale lançou recentemente a ZEG, empresa focada exclusivamente em projetos com Energia Renovável e Geração Distribuída. Temos consciência de que devemos fazer nossa parte para garantir um mundo limpo e sustentável para nossos filhos e para as futuras gerações. Veículos elétricos são o futuro do transporte sustentável e uma solução para a poluição do ar nos centro das cidades. Estamos felizes de a ZEG ser parceira da Jaguar no eTrophy. Juntos somos mais fortes e alcançaremos nosso objetivo de utilizar energia limpa no setor automobilístico”.

“O iCarros vem acompanhando a inovação que a indústria automobilística vem passando, principalmente na disseminação do carro elétrico, que já é uma realidade em alguns países. Acreditamos em um futuro sustentável para o setor e, por isso, estamos com a Jaguar nesse projeto”, afirmou Ricardo Bonzo, CEO do iCarros.

Marion Barnaby, gerente do campeonato Jaguar I-PACE eTROPHY, disse: “O calibre das equipes entrando na competição é alto e vai deixar as corridas ainda mais empolgantes. Veremos pilotos experientes correndo contra novos talentos, o que vai mostrar todas as habilidades dos esportistas atrás de um carro elétrico. A oportunidade de competir com um modelo elétrico tem atraído pilotos renomados, além de patrocinadores importantes, e esse anúncio de hoje é um grande exemplo”.

Os primeiros testes oficiais da pré-temporada do Jaguar I-PACE eTROPHY acontecerão em Silverstone de 24 a 27 de setembro.

Jan Lammers: “Ter vencido Le Mans em 1988 ainda é especial”

Le Mans nunca rejeita seus vencedores. Jan Lammers, vencedor da edição de 1988 com o mítico Jaguar XJR-9 LM, vai voltar a Sarthe em 2017. Terá como companhia outro grande do esporte, o brasileiro Rubens Barrichello. A bordo do Dallara do Team Nederland, Lammers, já soma 22 participações na prova. Aos 60 anos, espera fazer uma boa prova na classe LMP2.

Sua primeira participação oficial em Le Mans, foi em 1983, com o Porsche 956 da equipe Canon Richard Lloyd Racing. A condução foi ao lado de Jonathan Palmer e Richard Lloyd. Terminaram na oitava posição, na classe C.

O envolvimento de Jan com Le Mans foi bem antes. Tudo começou em 1970. “Eu testemunhei as filmagens do filme “Le Mans”. Conheci Steve McQueen e consegui seu autógrafo. Foi um momento memorável para mim. Quando eu era um jovem, eu era capaz de sentar em um Porsche 917 e percorrer a reta Mulsanne. Eu não podia ver pela janela, eu era muito pequeno. Quando você tem 14 anos e ganhar as 24 Horas de Le Mans, vários anos depois, é algo extraordinário. “

Jaguar terminou em primeiro, quarto e décimo sexto em 1988. (Foto: Divulgação)

Foram 22 participações, entre 1983 e 2011. O melhor resultado, foi a vitória em 1988, ao lado de Andy Wallace e Johnny Dumfries. “1988 remete muitas memórias. Havia um monte de torcedores ingleses naquele ano, especialmente na reta dos boxes, agitando bandeiras da Jaguar. Foi uma grande batalha com o Porsche 962 C. A marca alemã foi sempre foi imbatível (7 vitórias consecutivas de 1981 a 1987). Conseguir vencer, foi um momento fantástico.”

Uma das lendas do grupo C, o Jaguar XJR-0 LM2, não enfrentou problemas durante a prova. “É um carro fantástico. O motor tinha muita potência do início ao fim, a linha de alimentação foi progressiva. Foi um prazer conduzir e, mesmo com um motor traseiro potente foi, era fácil de conduzir. Eu tive companheiros de equipe talentosos ao longo da minha carreira com a Jaguar como Martin Brundle (vencedor das 24 Horas de Le Mans em 1990 também Jaguar) , Eddie Cheever, Raul Boesel, Derek Warwick(vencedor das 24 Horas de Le Mans em 1992 no Peugeot 905, nota) , Andy Wallace, Johnny Dumfries, etc … Quando você é o mais rápido de todos, isso significa alguma coisa, especialmente contra caras como esses.”