Quando um piloto decide seguir uma carreira no automobilismo, tudo começa pelo kart independentemente da categoria pretendida. No Brasil, somos doutrinados em seguir o sonho da F1.
Nada mais importa, o piloto muitas vezes rema, rema e morre tentando. Tudo por um sonho facilmente realizável olhando para o lado. Tom Kristensen que o diga.
Pensando nessa epopeia de chegar no endurance que voltou com tudo com o WEC, o Automobile Club de l’Ouest (ACO), apresentou em 2015 a classe LMP3. Além disso, com protótipos menores e menos potentes que os LMP2 e LMP1, a proposta era ser uma opção viável para quem está saindo do Kart ou de alguma série de fórmula.
Aliás, um LMP2 e um LMP3 podem ser semelhantes, mas são totalmente diferentes. Eles são semelhantes em peso. Entretanto, um LMP2 tem peso mínimo de 938 quilos, enquanto um LMP3 pesa 948 quilos.
Comparações
As medidas também são semelhantes. (Um LMP2 tem no máximo 4, 794 metros de comprimento e até 1,905 metros de largura. Um LMP3 possui 4,648 de comprimento e no máximo também 1,905 metros de largura).
As principais diferenças estão nos motores, aerodinâmica, tecnologia de chassis e freios. Todos os LMP2s usam um motor V8 de 4,2 litros fabricado pela Gibson, que produz mais de 560 cavalos de potência. O LMP3 utiliza um motor Nissan V8 de 5,6 litros de base de produção, naturalmente aspirado, que gera cerca de 460 cavalos de potência, ou 18% menos que o LMP2.
O protótipo LMP2 também gera downforce mais eficiente do que o LMP3. O LMP2 usa um monocoque totalmente de fibra de carbono, enquanto o LMP3 usa uma combinação de fibra de carbono e uma estrutura de aço tubular. Por último, o LMP2 é equipado com freios de carbono, que reduzem a velocidade do carro mais rápido que um LMP3.
Mais um degrau, LMP4
Nesse interím, com o sucesso das LMP3, em especial do Ligier JS P320, o ACO seguiu firme em criar uma cultura para jovens pilotos. Assim, em 2018 foi apresentado o Ligier JS P4. O protótipo (LMP4) é equipado com um motor Ford Duratec 3.7 litros, V6.
Ele compete no Ligier European Series, que a partir de 2024 fará parte da “escada” do ACO para a permanência do piloto no meio dos protótipos. De lá, é um salto para o Le Mans Cup com um Ligier JS P320 ou um Duqueine.
E o Radical RXC?
Agora vamos fazer um belo exercício de pensamento. Lançado em 2013, o Radical recebeu diversas versões abertas e fechadas, O RXC possui especificação FIA GT3, mesmo com uma cara de protótipo.
A atual versão denominada de RXC GT3 possui um motor Ford EcoBoost de 3.5 litros, que produz cerca de 500 cv, o valor pode subir para 507 dependendo dos regulamentos de cada campeonato.
Além disso, possui uma transmissão semiautomática de seis velocidades. Assim, o Radical RXC tem uma versão de rua com a mesma motorização, além de um difusor redesenhado, carenagem dianteira e asa traseira modificadas e rotores e pinças de freio maiores.
Aliás, existe uma versão única, batizada de RXC Turbo 600 R. Ele foi apresentado em 2017 durante o festival de velocidade de Goodwood. Assim, é vendido como um carro de corrida apenas para pista, embora a Radical fabricou um carro único para uso rodoviário.
Ou seja, o RXC Turbo 600R apresenta o mesmo motor EcoBoost de 3,5 L dos modelos Turbo anteriores, agora ajustado para produzir 650 HP (659 PS; 485 kW), com uma transmissão semiautomática de 6 velocidades.
Seria um projeto viável como LMP5?
Entretanto, não existe qualquer informação de que a Radical esteja planejando um novo protótipo LMP3, LMP2 ou um Hypercar, ou de que o ACO tenha a ideia de lançar uma nova classe. Até porque, com a chegada maciça de carros GT3 em Le Mans, WEC, ELMS e IMSA, o RXC teria que ser aceito como GT3 já que está homologado como um, ou a criação de um evento preliminar, que neste momento está nas mãos da Ligier com sua série europeia, além do domínio entre os LMP3.
Por fim, a iniciação de pilotos em protótipos pequenos é viável, seja pelo custo e a proximidade das equipes “grandes”. Além de já estar no meio da coisa toda. A Radical possui campeonatos monomarca na Europa e EUA e nas diversas series em que o carro é aceito. Cabe ao piloto planejar e principalmente, manter a mente aberta para outras categorias e deixar a sacrossanta Fórmula 1 envelhecer em paz.