Petit Le Mans 2005, quando um pequeno quase roubou a cena
O ano era 2005. O Endurance ainda tentava se reerguer após anos sem ter uma representatividade. Tanto na Europa quanto nos EUA os campeonatos não tinham a importância que tem hoje.
A American Le Mans Series já tinha 7 anos de idade e não tinha a quantidade de fabricantes de forma oficial que temos hoje na IMSA e no WEC. Era o segundo ano da nomenclatura que conhecemos hoje (LMP1, LMP2, GT1 e GT2).
Se na era atual do Endurance a Audi dominou com seus protótipos em 2005 as coisas não eram diferentes. O Audi R8 LMP1 da equipe privada ADT Champion Racing dominava o certame. O time era formado por Marco Werner e JJ Lehto com o #1 e o #2 dos pilotos Frank Biela e Emanuele Pirro.
Quem lembra da ALMS sabe que ela faz uma falta danada sabe que o campeonato iniciava em Sebring e terminada em Laguna Seca. Petit Le Mans acabou passando a ser a última etapa nos últimos anos da ALMS, o que era algo mais lógico, pois terminada o campeonato com uma prova de 10 horas de duração.
A edição de 2005 de Petit Le Mans foi marcada não somente pela vitória do Audi #2 em cima do Lola EX257/AER dos pilotos Chris Dayson e Guy Smith, mas sim da luta dos pilotos da Dyson Racing em cima da toda poderosa Audi. Luta essa que durou toda a temporada.
Mas não foi somente a LMP1 que deu seu show. Modelos como o Masetati MC12 (Rizi Competizione) , Saleen S7R (ACEMCO Motorsports), Corvette C5-R (Corvette Racing) e Aston Martin DBR9 (Aston Martin Racing) abrilhantavam a extinta classe GT1.
A Audi venceu sete das dez corridas do calendário de 2005. Mesmo com um o poderio do carro alemão, a vitória em Petit foi suada. A supremacia sobre o Lola da equipe Dyson foi de pouco de 12 voltas. Mas isso não quer dizer que não teve ação. A vantagem era toda do Audi, pelas características do circuito e pela aerodinâmica aguçada do R8. A vantagem do Lola era o menor peso e uma melhor aceleração o que lhe favoreceu em determinadas partes da pista.
Construído sobre as regras da ACO, inicialmente o Audi figurava na classe LMP900 (900 quilos de peso mínimo), Por conta disso o LMP tinha o privilégio de ter uma potencia extra por causa do peso. Já o Lola foi construído em cima da classe LMP675, e que passou para a classe LMP1, era mais leve e que em tese não iria brigar de igual para igual como o Audi.
“A temporada de 2005 foi um grande ano para nossa equipe. A Audi foi campeã, e nosso MG-Lola foi um grande sucesso”, disse Chris Dyson. “Esse ano foi uma guerra, em especial em Road Atlanta, aonde poderíamos ter vencido. Nosso segundo carro o #16 de Butch Leitzinger, Andy Wallace e JAmes Weaver cometeu um erro e acabou quebrando após 90 voltas.”
“Foi uma daquelas corridas que tivemos que olhar o consumo o tempo todo”, continuou Dyson. “Audi tinha JJ Lehto e Marco Werner em um carro, e [Pirro e Biela] no outro, e Andy e eu em um MG-Lola e James e Butch Leitzinger no outro, e eu acho que todos iriam dizer que Road América foi uma corrida onde todos nós tivemos que pilotar por horas e horas.”
Em 2005, as opções de design da classe LMP1, seja nas especificações LMP900 e LMP675 já estavam obsoletas. Novos protótipos mais leves e com novos desenhos já estavam roubando a cena e era uma questão de tempo para dominaram a classe de protótipos.
“O LMP675 foi concebido com uma fórmula de equivalência no início de 2000 para dar a equipes menores, pequenos fabricantes, a chance de tentar vencer protótipos de fábrica maiores e mais pesados (LMP900), e a Lola aceitou o desafio na hora e com uma parceria com a MG-Rover, leu o livro de regras e viu que eles poderiam construir um carro que poderia ir para Le Mans, vencer a Audi”, disse Dyson. “Nós fizemos um desenvolvimento do carro com ajustes aerodinâmicos, acrescentamos downforce que teve uma grande eficiência em uma pista como Road America.”
“Então, focamos em um setup aonde privilegiamos as acelerações e freios, desistindo de obter velocidades altas para não forçar os motores AER. Uma vez que o R8 era mais pesado e tinha uma grande vantagem em velocidade final. Em Elkhart Lake, foi a mesma coisa, brigamos pela vitória . Em 2006 com o novo Audi R10 e seu motor Diesel não adiantou nada nossos esforços.”
Depois de duas horas e 45 minutos de corrida o Lola #20 perdeu a liderança para o Audi #2 por uma pequena margem. O Audi #1 estava em terceiro a apenas 0,538 segundos. Recentemente Dyson comprou de um colecionador o #20 e o mantem na sede da sua equipe.
Na classe GT1 a vitória ficou com a equipe Corvette com o C6.R #4 de Olivier Gavin, Oliver Beretta e Jan Magnussen. Este foi o primeiro ano do carro que substituiu o C5-R. O enorme motor V8 fazia frente a maioria dos protótipos da classe LMP2 na época. “Esse carro foi muito divertido de se pilotar”, disse Gavin. “Foi o primeiro ano do C6.R GT1, e era muito mais desenvolvido do que o C5-R. Ele tinha cerca de 600 cavalos de potência, e superou alguns protótipos durante o ano. Em Road America , tínhamos uma boa configuração e tivemos uma corrida muito boa.”
Em 2005 a equipe conseguiu várias vitórias com Gavin e Beretta que perduraram por 2006. “Conquistamos muitas vitórias, o que nos fez vencer o campeonato com uma ampla vantagem.” A quarta colocação em Road America foi melhor resultado alcançado pela equipe Corvette. Em 2004 eles terminaram em quarto lugar no geral mas vencendo na classe GTS. Graças ao motor de 7 litros superou vários protótipos
“O P2 nesse período ainda estava em evolução”, disse Gavin. “Onde os LMP1 já tinham chassis de fibra de carbono e aerodinâmica desenvolvida, os P2 ainda eram básicos. Não eram os protótipos que são hoje em dia.”
Gavin pilotou seis gerações de carros pela pela Corvette Racing. “Toda a tecnologia e os avanços que temos hoje no C7.R é incrível, e cada carro tem sido diferente como as regras e classes que mudaram ao longo do tempo”, disse ele. “Como eu disse, o C6.R, em Road America foi um carro especial para dirigir. Grandes lembranças.”
Na classe GT2 um fato curioso. Nenhuma Ferrari participou da categoria. A categoria era um reduto de modelos Porsche com Panoz e Viper correndo por fora. A vitória ficou com o Porsche #31 da equipe Petersen Motorsports dos ótimos pilotos Jorg Bergmeister e Patrick Long e Craig Stanton.