Ferrari critica decisão da direção de prova após incidente com o carro #50 no WEC em Interlagos

O gerente de testes e corridas da Ferrari, Giuliano Salvi, criticou duramente a decisão da direção de prova durante as 6 Horas de São Paulo, válida pelo Campeonato Mundial de Endurance da FIA (FIA WEC). Segundo o dirigente, a ordem para reparar danos no carro #50 da equipe italiana foi “estranha” e comprometeu totalmente a performance do protótipo durante a prova. As informações são do site Sportscar365.com, nesta terça-feira, 15.

A Ferrari enfrentou uma corrida difícil no circuito de Interlagos, encerrando uma sequência de quatro vitórias consecutivas na temporada 2024. A equipe Cadillac Hertz Team JOTA dominou a etapa com uma dobradinha histórica no Brasil, enquanto o melhor Ferrari ao final das seis horas foi o carro #83 da AF Corse, um time cliente, na oitava colocação. Já os dois protótipos de fábrica terminaram fora do top 10, com o carro #50 em 11º e o #51 em 12º.

Contato com Corvette gerou ordem de parada obrigatória

O incidente decisivo para a corrida do carro #50, pilotado por Nicklas Nielsen, Antonio Fuoco e Miguel Molina, aconteceu na terceira hora de prova, durante uma tentativa de ultrapassagem sobre o Corvette Z06 GT3.R #33 da TF Sport, guiado por Ben Keating.

Na reta oposta, Nielsen acabou tocando o Corvette ao tentar colocá-lo uma volta atrás. O impacto arrancou o para-lama traseiro direito da Ferrari e espalhou detritos pela pista, forçando a entrada de uma zona de bandeira amarela em todo o circuito.

Após a retomada sob bandeira verde, a direção de prova ordenou que o carro #50 realizasse um pit stop imediato para reparo. O que, segundo Salvi, não era necessário naquele momento.

“Foi uma decisão estranha”, afirmou o gerente. “O Nicklas estava fazendo um bom trabalho e o contato foi realmente lamentável. Mas essa chamada imediata para substituir a peça nos pegou de surpresa.”

Decisão comprometeu a estratégia da Ferrari

Além disso, a parada não programada custou à Ferrari um tempo precioso e comprometeu qualquer chance de recuperação para a equipe. Para Salvi, a peça danificada — um para-lama traseiro — não representava risco de segurança nem afetava o desempenho do carro.

“Já vimos outras equipes, como a Toyota, competindo com partes da carroceria danificadas. Nosso foco principal é sempre a segurança dos pilotos, mas essa peça não comprometia isso”, disse.

Ele explicou ainda que, se a decisão tivesse sido deixada a critério da equipe. Assim o reparo poderia ter sido feito de forma planejada na próxima parada programada.

“É uma parte aerodinamicamente pouco sensível. Serve mais como carenagem do que como elemento de desempenho. Teríamos avaliado com o chefe de mecânicos na parada seguinte, e só faríamos o reparo se houvesse risco, como algum cabo desprotegido — o que não era o caso.”

Ferrari questiona consistência nas decisões

Aliás, a frustração da Ferrari também se estende à falta de consistência da direção de prova em relação a episódios similares. Salvi citou corridas anteriores em que outras equipes não foram obrigadas a realizar reparos imediatos, mesmo com danos visíveis.

“Foi uma situação segura. Para nós, foi claramente um julgamento excessivo da direção de prova, que acabou prejudicando completamente a corrida do carro #50”, concluiu.

Por fim, com os resultados em Interlagos, a Ferrari perdeu terreno na luta pelo título de Construtores e Pilotos no FIA WEC. Enquanto a rival Cadillac celebrou sua primeira vitória na temporada.