Primeira vitória da Corvette em Sarthe foi em 2001
Vencer Le Mans é uma ótima fonte de propaganda para qualquer marca. Se no Brasil este tipo de publicidade é mais visto com as marcas da Stock Car na Europa e EUA sempre foi um forte argumento de venda. Assim a primeira vitória da tradicional fabricante americano data de 2001 depois de uma conturbada corrida em 2000 quando a equipe chegou em quarto.
O ano era 2001 aonde o fator determinante e preocupante durante boa parte da corrida foi a chuva. A equipe que participava da grande clássica pelo segundo ano depois de um 3º e 4º lugar no ano anterior queria mais. Na época os pilotos eram Ron Fellows, Scott Pruett e Johnny O´Connel estavam no carro #63 enquanto Andy Pilgrim, Kelly Collins e Franck Fréon estava no #64.
“A corrida em 2000 foi o mais quente registrada em Le Mans“, disse Fellows. “Fomos rápidos, e tivemos alguns problemas mecânicos para superar. Então, um ano depois em 2001 foi um dos mais úmidos uma verdadeira aventura.”
O “clima” estava muito além da chuva que estava começando a cair em Sarthe antes da largada. “Uma das poucas vezes em que eu estive em uma discussão com o (chefe de equipe) Gary Pratt foi nos boxes antes do início da corrida”, lembrou Fellows. “Gary era inflexível e falou que eu precisava começar a corrida com pneus slicks como todos os outros, mas eu insisti que queria intermediários. Eu disse, ‘Eu não me importo, com eles.” Assim, o carro da equipe começou com slicks, e eu estava em intermediários” relembra.
Com o andar da corrida a estratégia do carro #63 parecia ser equivocada. “Após as três primeiras voltas, a pista secava rapidamente, e eu pensei que tinha cometido um erro enorme”, Fellows relata com uma risada. “De repente, vindo em torno de Arnage, vi uma parede de chuva pela frente. Havia uma nuvem saindo do sudoeste, e os carros foram saindo para os lados sem aderência”. e completa “Os carros que estavam a frente começaram a aquaplanar e rodar mas eu ainda podia manobrar, porque eu tinha pneus sulcados. De alguma maneira passei pelo caos sem ser atingido, e fomos subindo na classificação geral nos primeiros 20 minutos.”
Já o piloto Johnny O´Connel lembra de como era complicado competir a noite e principalmente na chuva. ”Tenho uma lembrança de Le Mans em 2001, sair à noite, na chuva. Estava saindo na Tertre Rouge em plena chuva, de repente o carro começa a escorregar e bate em uma poça d’água, foi para o lado e acabei rodando”. Então eu disse a mim mesmo: ‘Eles estão me pagando para ficar na pista. O spray foi cegando, e eu dirigi a noite toda olhando pela janela lateral para encontrar os meus pontos de frenagem naquela noite chuvosa, foi fenomenal, assustador e emocionante, uma corrida espetacular “
Assim a noite foi chegando e a chuva tornando as coisas mais complicadas. “Nenhum de nós estava cansado fisicamente, mas nós estávamos mentalmente exaustos. As depressões no asfalto deixado pelos caminhões pesados na parte pública foram preenchidas com água e as poças foram o maior problema. As retas são, normalmente, um lugar que você pode relaxar, mas apenas manter o carro na estrada era um verdadeiro desafio. Tentei slicks durante a noite, mas era impossível”
Além da chuva outro problema enfrentado pela equipe foi com a caixa de marchas. “Estávamos usando uma transmissão convencional montada atrás do motor e sua confiabilidade foi marginal, com a potência que tivemos”, revelou Fehan. “Estávamos nervosos sobre isso, pois algum tipo de vibração estava destruindo a motores de arranque. Se o carro rodasse e o motor morresse, havia uma chance de 50-50 que não iria ligar. Foi um enorme problema”.
Na manha tudo parecia já estar se definindo como conta Fehan “A chuva funcionou a nosso favor, porque o ritmo de corrida era muito mais lento, o que reduziu a pressão sobre o cambio. Na 20º hora tínhamos uma vantagem insuperável e uma vitória certa, enquanto os carros estavam apenas completando a prova. Então eu tive um momento de puro pânico quando me disseram que um carro GT estava a nossa frente, mas a equipe me tranquilizou dizendo estamos os lideres da classe GTS”.
O´Connel também revela que o trabalho nos boxes foi importante para a vitória. “Perdemos uma vitória geral em Daytona por conda de uma parada de 32 segundos nos boxes”.explica . “Trinta e dois segundos é muito tempo em uma parada em Le Mans. Tornou-se claro que cada movimento no pit lane teve de ser coreografado, cada ação precisava ser tão eficiente quanto possível, porque uma corrida de 24 horas pode vir acabar por causa de poucos segundos.”
Para este ano a equipe tenta vencer na classe GTE-PRO que está participando desde 2010.Até agora a grande competitividade da classe não lembra nada a “calmaria” que era a GT1 nos outros anos. Será a Corvette capaz de conseguir seu 7º título? Falta pouco para sabermos.
*trechos da entrevista dos integrantes da Corvette Racing que participaram da primeira vitória da equipe em 2001 para o site do SPEED
Abaixo vídeos que mostram o “clima” da corrida.