A Porsche conseguiu na manhã desde Domingo (14), conquistar pelas 17º vez a vitória geral nas 24 horas de Le Mans, disputada no circuito de Sarthe na França. A prova que tem sido dominada nos últimos anos pela Audi, viu seus irmãos (Porsche e Audi fazem parte do grupo VW) dominaram a prova durante a madrugada quando a temperatura da pista caiu drasticamente e se beneficiou dos erros dos seus adversários.
Presente desde 2014 na classe LMP1 a Porsche traçou um extenso programa de testes que culminou com a vitória do #19 dos pilotos Nico Hulkenberg, Earl Bamber e Nick Tandy que pilotaram o terceiro carro da equipe na prova.
Ao todo foram mais de 30 mil quilômetros em testes, aumento da capacidade de recuperação de energia que passou de 4 MJ para 8 MJ e um complexo sistema que fez do carro um dos maiores projetos automotivos dos últimos tempos.
O 919 é o único carro no WEC utilizando dois sistemas de recuperação de energia diferentes. O primeiro já está sendo usado em uma forma semelhante no 918 Spyder, aonde um gerador no eixo dianteiro converte a energia cinética em energia elétrica durante a frenagem. O segundo sistema é novo e utiliza uma unidade de turbina-gerador adicional no sistema de escape que funciona em paralelo com o turbocompressor , e converte a energia do fluxo de gases de escape em energia eléctrica. Assim, o Porsche 919 Hybrid é o único carro que recupera a energia não só quando os freios são acionados, mas também quando se acelera. “Nós também planejamo adaptar o sistema de recuperação de energia dos gases de escape para uso em veículos de produção”, diz Wolfgang Hatz um dos diretores da marca.
Ainda nos treinos livres e classificatórios a Porsche mostrou um domínio com o #18 pilotado por Neel Jani marcando 3:16.887, recorde da pista. Muito se falou da confiabilidade do carro e da recuperação da Audi que venceu as duas primeiras etapas do WEC em 2015 em Silverstone e SPA.
Logo no começo da prova os três carros da Porsche saltaram na frente e conseguiram abrir uma boa vantagem, mas com um chassi mais acertado e com um consumo menor de pneus a Audi fez se valer do seu histórico e experiência em Le Mans e chegou a liderar com o #7 de Marcel Fassler, André Lotterer e Benoit Tréluyer.
Os pilotos do #19 falam:
Earl Bamber: “É uma sensação incrível. Tenho desfrutado cada stint. É sido um longo, longo dia além de à noite e, em seguida, novamente na parte da manhã. Mas não estou cansado. Eu pensei que eu teria ouvido barulhos estranhos no carro. Mas, é claro, você ouve todo tipo de ruído, se você está no seu caminho para ganhar Le Mans.”
Nico Hulkenberg: “Eu apreciei cada momento, estes carros são muito divertidos de conduzir e esta é uma enorme pista. O ritmo era muito alto, e não é o que se esperaria de corridas de endurance. Especialmente à noite quando as temperaturas abaixam um pouco, o carro foi fantástico para dirigir.”
Nick Tandy: “Este é um dia fantástico. É difícil expressar o que estou sentindo ao vencer Le Mans com um Porsche. “
O Porsche #18 favorito a vencer a prova e que liderava nas primeiras horas acabou sofrendo uma punição por ter ultrapassado um competidor durante um setor de bandeira amarela. Assim deixou o caminho livre para o #19 liderar e se valor das baixas temperaturas da madrugada para ampliar a vantagem. Com uma pilotagem precisa Nick Tandy deixou os carros #7 e #9 da Audi para trás, que também enfrentaram problemas, o #7 acabou tendo a tampa do motor solta na hora 16 e o #9 teve que retornar várias vezes para os boxes por problemas na direção.
Com a primeira posição garantida, a Porsche trabalhou para garantir o segundo lugar para o #17 de Timo Bernhard, Mark Webber e Brendon Harley, que mesmo com a punição no início da prova souberam aproveitar o bom rendimento do carro.
Em terceiro o Audi #7 favoritos a prova, André Lotterer assumiu a liderança na segunda hora, mas foi forçado a fazer uma parada não programada uma hora mais tarde por contada de problemas na carenagem traseira. O terceiro carro da equipe o #9 de Filipe Albuquerque, Marco Bonanomi e René Rast chegaram a liderar mas também enfrentaram problemas com o carro, desta vez na suspensão e acabaram na sexta posição.
Já o Audi #8 de Lucas di Grassi, Loic Duval e Olivier Jarvis sofreu uma forte colisão ainda no início da prova na curva Indianápolis, por conta de uma “zona lenta”. Loic Duval que pilotava no momento conseguiu levar o carro aos boxes que ficou menos de 7 minutos parado. Voltou a pista e conseguiu a quarta colocação.
A atual campeã do WEC, Toyota teve problemas próprios, O #1 do trio Anthony Davidson, Sébastien Buemi e Kazuki Nakajima teve um contato na quinta hora de prova, perdendo muito tempo nos boxes. Como consequencia o carro terminou na oitava posição no geral, atrás do seu irmão o #2 de Alex Wurz, Stéphane Sarrazin e Mike Conway. O desempenho da marca não lembra em nada o “trovão” que foram na temporada passada. Tanto que a volta mais rápida do #2 foi mais de 4 segundos mais lenta do que dos rivais da Audi e Porsche.
Entre as equipes privadas a Rebellion Racing foi a melhor colocada com o #13 de Dominik Kraihamer, Daniel Abt e Alexandre Imperatori terminaram em um 18º lugar. O #13 fez várias visitas a garagem, bem como seu concorrente direto o #4 da Team ByKolles que não completou a prova.
A grande decepção da prova foi a Nissan que completou as 24 horas penas com o #22 de Michael Krumm, Alex Buncombe e Harry Tincknell na 40º posição a 150 voltas do líder Porsche. Os demais carros enfrentaram diversos problemas e não completaram a prova.
Na classe LMP2 a vitória foi absoluta da equipe KCMG Racing com o Oreca 05 #47 de Matt Howson, Richard Brandley e Nicolas Lapierre, que não teve adversários durante as 24 horas. Com uma pilotagem precisa a diferença para os demais competidores da classe por muitas vezes chegou a mais de 1 minuto.
A equipe passou apenas por dois sustos. Um veio em 19 horas, quando Bradley saiu da pista junto com o #23 da equipe Nissan, e na 22 horas, quando Lapierre também saiu na culva Indianapolis.
O segundo lugar na classe o Gibson #38 da Jota Sport dos pilotos Simon Dolan, Mitch Evans e Olivier Turvey só veio após um toque do Oreca #46 da TDS Racing com o Aston Martin #99 pilotado por Fernando Rees. Neste momento da prova o Aston #99 tinha acabado de trocar os freios. Os dois carros conseguiram voltar para a prova.
Neste momento O #26 da equipe G-Drive Racing #48 Murphy Prototypes além do #38 ganharam uma posição. O #38 ainda teve que fazer uma parada nos boxes para trocar o potenciômetro da caixa de marchas.Na terceira e quarta posição os dois carros da G-Drive Racing com o #26 de Roman Rusinov, Julien Canal e Sam Bird e o #28 de Gustavo Yacaman, Pipo Derani e Ricardo Gonzales.
Na classe GTE-PRO uma forte disputada beneficiou a vitória do Corvette #64 do trio formado por Olivier Gavin, Tommy Milner e Jordan Taylor. Foi a primeira vitória do fabricante desde 2011 e desde que trocou a classe GT1 pela GT2 e depois GTE.
A briga foi com o #51 da equipe AF Corse que chegou a liderar mas foi superado. A Ferrari passou uma uma troca de pastilhas de freio, porém sofreu um um pneu furado. O dama da Ferrari não terminou e o carro teve que voltar ao boxes para trocar o cambio, perdendo seus voltas e quase meia hora.
Em segundo e com 5 voltas de desvantagem a Ferrari #71 da equipe AF Corse de Davide Rigon, James Calado e Olivier Beretta. Esse trio perdeu quatro voltas no início da corrida para mudar o motor de arranque. A Ferrari #51 terminou em terceiro lugar, a frente do Aston Martin #95, Porsche #91 e Aston #99.
Já na classe GTE-AM o drama tomou conta faltando pouco mais de 40 minutos para o final. O Aston Martin #99 do trio formado por Paul Dalla Lana, Mathias Lauda e Pedro Lamy, acabou batendo na entrada da reta dos boxes pelas mãos de Dalla Lana. O #99 tinha uma confortável liderança e viu seus esforços irem por terra depois de 23 horas de prova.
Com o Aston fora, a Ferrari #72 da equipe SMP Racing acabou vencendo na classe. Andrea Bertolini, Victor Shaytar e Alexey Basov. Com o feito a SMP é a primeira equipe Russa a vencer em Le Mans.
Em terceiro o Porsche #77 da Dempsey-Proton e a Ferrari #62 da Scuderia Corsa . Patrick Dempsey dividiu o carro #77 com Patrick Long e Marco Seefried, enquanto Townsend Bell, Bill Sweedler e Jeff Segal compartilharam o carro #62. É o primeiro dos cinco pilotos em Le Mans com execpção de Patrick Long. O único Viper o #53 da equipe Riley que chegou a liderar a prova abandonou com problemas no câmbio.
Patrick Dempsey, visivelmente emocionado comemora o feito “Le Mans é uma corrida maravilhosa. É sempre uma grande experiência competir aqui. Para nós, a última hora de corrida foi uma batalha particularmente difícil. Felizmente, fomos recompensados com um pódio. Só por isso, todo o trabalho duro das últimas semanas e meses valeram a pena. Estou orgulhoso da equipe. “ Completou.