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Alpine adia planos de entrada na IMSA por incertezas no mercado dos EUA

A Alpine colocou em espera seus planos de expansão para a categoria GTP do IMSA WeatherTech SportsCar Championship. A decisão foi confirmada pelo vice-presidente de automobilismo da marca, Bruno Famin, e está diretamente ligada ao adiamento da entrada da fabricante francesa no mercado dos Estados Unidos, em razão de fatores econômicos e da instabilidade do cenário automotivo global.

Atualmente, a Alpine compete com o protótipo A424 LMDh no Campeonato Mundial de Endurance da FIA (FIA WEC), com pódios conquistados nas etapas de Ímola e Spa-Francorchamps em 2025. Segundo o regulamento técnico da classe LMDh, o modelo é elegível para disputar também a principal divisão do campeonato norte-americano de endurance.

A entrada na IMSA vinha sendo considerada como parte da estratégia da Alpine para lançar sua linha de esportivos eletrificados nos EUA até 2027. No entanto, um porta-voz da empresa confirmou ao site Sportscar365 que “o mercado mudou”, o que levou a montadora a priorizar a consolidação nos mercados atuais antes de buscar novas frentes com regulamentações distintas.

“O mercado automobilístico na Europa tende a se tornar mais adverso nos próximos trimestres”, destacou a Alpine em comunicado, justificando a adoção de medidas proativas de corte de custos e o adiamento de projetos paralelos — entre eles, o plano de competir na IMSA.

Tariras de importação inviabilizam planos da Alpine

Outro fator que contribuiu para a decisão foi a imposição de tarifas de importação de 25% sobre veículos e peças automotivas nos EUA, implementadas durante o governo de Donald Trump. A política comercial tornou a operação mais onerosa para marcas estrangeiras que ainda não têm presença local consolidada.

Durante uma coletiva de imprensa no início do ano, Duncan Minto — atual CEO interino do Grupo Renault — confirmou o adiamento da análise de viabilidade para a entrada da Alpine no mercado norte-americano. Na época ainda como diretor financeiro, Minto afirmou:

“Diante do cenário atual nos EUA, não consideramos o momento adequado para investir nesses estudos. Por isso, decidimos postergá-los”.

Em entrevista recente, Bruno Famin reforçou que o objetivo principal do programa esportivo é promover a marca em mercados estratégicos, e que a entrada nos EUA faz sentido apenas quando houver sinergia com o plano comercial da montadora.

“Faz todo sentido correr na IMSA no momento em que a Alpine começar a vender carros nos EUA. Por enquanto, o projeto está suspenso por razões econômicas. Vamos esperar o momento certo”, disse.

Os rumores sobre uma eventual entrada da Alpine na IMSA surgiram em 2022. Quando o Grupo Renault manteve conversas com Michael Andretti e sua então equipe Andretti Autosport. Hoje Andretti Global. À época, a equipe buscava uma fornecedora de motores para seu projeto de Fórmula 1. O que acabou evoluindo para a atual parceria com a Cadillac. Esta com estreia prevista para 2026 utilizando unidades de potência Ferrari.

O futuro será azul?

Hoje, a Andretti está envolvida na IMSA através de uma breve parceria com a Wayne Taylor Racing. Que venceu as 12 Horas de Sebring de 2024 com um Acura ARX-06 GTP. A união, contudo, se desfez antes da temporada 2025.

Enquanto isso, a Alpine segue firme no FIA WEC, em colaboração com a equipe Signatech, comandada por Philippe Sinault. A montadora se tornou acionista da organização no ano passado, fortalecendo sua estrutura no endurance europeu.

Por fim, Famin, que já trabalhou na Peugeot durante a era da American Le Mans Series, concluiu afirmando que correr nos EUA é um desejo pessoal e da equipe. Mas que a movimentação precisa estar alinhada com a estratégia global da marca.

“Corremos para promover a Alpine. Precisa fazer sentido para a marca e acontecer no tempo certo. Todas as equipes gostariam de correr na IMSA — eu, em primeiro lugar —, mas é preciso ter viabilidade comercial”.