WEC Silverstone–Audi vence Audi e brasileiros ganham em suas categorias.

O princípio básico de uma corrida seja ela de que tipo for é que o mais rápido vence. Aprendemos isso desde pequenos e é assim que tem que ser. A vitória da Audi hoje em Silverstone comprovou isso, o melhor e mais rápido carro venceu a prova de 6 horas. Mas não foi apenas isso. No automobilismo de hoje o dinheiro fala mais alto e a vitória do Audi #2 sobre o #1 a menos de 10 minutos de acabar uma prova de 6 horas comprova que nem todo piloto é mercenário e que o automobilismo ainda pode nos dar exemplos de ética.

A Audi ganharia a corrida de qualquer maneira, visto o rendimento dos carros da Toyota que fizeram a pole e só. O fabricante Alemão levou a sério as derrotas sofridas ano passado e investiu no R18, logo o melhor carro ganhou a corrida. Este seria o pensamento lógico já que os dois carros iriam marcar pontos e com certeza termos outro rendimento da Toyota na próxima etapa do mundial, mas é aí que entra o fator determinação.

Qualquer chefe de equipe iria falar para seus pilotos “ganhamos a corrida poupem pneus e procurem não cometer erros”. Esse tipo de fala é comum na atual F1 e tem gerado muitas críticas sobre a legitimidade das vitórias, seja elas de que equipe for. Porém no endurance a coisa é um pouco diferente. A menos de 10 minutos Allan Mcnish não se importou se o carro a sua frente era da mesma equipe ou se o piloto dentro dele iria ficar de cara amarrada caso fosse ultrapassado a menos de 5 minutos da corrida. Arriscou, tentou e ultrapassou. Venceu e convenceu. McNish já não é estreante no automobilismo, já competiu em tudo que é categoria, ajudou a Toyota a desenvolver seu carro na F1, mesma F1 que o dispensou para por pilotos mais jovens e endinheirados. Poderia ter ficado em segundo, já que está em uma equipe de ponta e poderia ter dado uma desculpa qualquer para justificar a falta de vontade a 5 minutos da chegada.

Fez o que um piloto, um esportista e principalmente um profissional seja ele piloto, advogado ou pedreiro deve fazer. Fez seu trabalho, e fez bem feito, venceu. São de pessoas como Allan que fazem falta nos mais diversos setores da nossa sociedade pessoas com vontade que não vivem apenas na zona de conforto, esperando o próximo pagamento ou mais um dia passar, pessoas que lutam até o último minuto. Parabéns Allan McNish. E é claro a Tom Kristensen e L. Duval.

Fora o bom desempenho do Audi #2 a corrida foi tranquila para o time Alemão, já que em nenhum momento a Toyota esboçou alguma reação e chegou a brigar de igual para igual com a Rebellion que correu praticamente sozinha já que seu rival direto o HDP da equipe Strakka Racing acabou perdendo o controle sozinho e batendo na Ferrari # 61 da equipe AF Corse. Esta se arrastando até os boxes conseguindo voltar para a prova. O #21 acabou abandonando com a suspensão quebrada.

É esperado um reação da Toyota já na próxima etapa em SPA, esta que antecede Le Mans pois o abismo entre eles e a Audi é enorme.

Na classe LMP2 a vitória da equipe Delta-ADR se deve e muito ao belo trabalho de Antonio Pizzonia. O carro venceu praticamente de ponta a ponta não dando chances aos carros das equipes OAK Racing e G-Drive. Em segundo chegou o #24 da OAK que nas últimas voltas lutou com o Zytec da equipe Greaves Motorsports. A equipe KCMG que vai competir na Asian LMS se mostrou competente terminando em 6º na classe. Outro estreante na classe foram os Lotus T128 que começaram razoavelmente bem  porém acabaram ficando pelo caminho. Normal para um carro que não tem quilometragem mas provou ser competitivo se bem afinado.

Entre os GTs da classe PRO, a Aston Martin surpreendeu e foi outra equipe que fez a lição de casa direitinho na pré temporada. Venceu de forma incontestável com o #97. D. Turner, S. Mucke e Bruno Senna não cometeram erros. Estava um pouco receoso sobre o desempenho de Bruno e temia que ele perdesse a primeira posição quando assumisse o carro. Mas foi perfeito manteve o ritmo e entregou o carro como recebeu na liderança. Em segundo a Ferrari #71 de T. Vilander e Kobayashi que fez uma ótima corrida em sua estreia. Está certo que deu suas saídas de pista mas não comprometeu seu resultado. Em terceiro o Aston #99. A equipe da Porsche que estreou este ano acabou em 4º com o #92 e 6º com o #91. Teve um bom duelo com as Ferrari da AF Corse e vai lutar pela vitória em SPA.

Na classe GTE-AM o domínio da Aston continuou com a vitória do #95 do trio Nygaard, Poulsen e Simonsen. Em segundo chegou o Corvette da equipe Larbre aonde compete o brasileiro Fernando Rees que a poucas voltas do final da corrida travou um belo duelo com a Ferrari #81 da equipe 8Star Motorsports que estreou no WEC, um toque ocasionando um pneu furado na Ferrari deu a Larbre o segundo posto e várias críticas por parte do piloto da Ferrari R. Aguas ao brasileiro.

A próxima etapa será no dia 4 de Maio em SPA prova que antecede as 24 horas de Le Mans.

Resultado final das 6 horas de Silverstone.

O melhor e o pior da prova.

Desempenho da Toyota.

Todos esperavam um belo duelo entre Toyota e Audi. Nos treinos livres o domínio do time Alemão foi notável, porém a primeira fila do time Japonês deu a entender que teríamos um repeteco das últimas provas do mundial do ano passado. Mesmo que este primeira fila tenha sido obtida pela média de voltas dos pilotos e de uma pista molhada, se esperou mais do time Azul. Devem mostrar melhorias em SPA e é bom que assim o façam senão veremos outro passeio da Audi.

Brasileiros na prova.

A participação dos brasileiros foi espetacular. Tanto Bruno Senna, quanto Antonio Pizzonia fizeram corridas sem erros ou inseguros. O brasileiro Fernando Rees, que já tem uma boa experiência em endurance, foi até onde seu Corvette o levou. Faltou Lucas diGrassi que deve participar da etapa de SPA, mas isto prova que existem possibilidades rentáveis no automobilismo internacional além da F1. Claro que nenhum deles está para se aposentar mas como aconteceu com Fischella, Kobayashi, Alex Wurz, Antony Davidson , Heidfeld, McNish, e Liuzzi existem sim vida pós F1. E para nós brasileiros existem muitas opções além da Stock Car.

Porsche.

Talvez a equipe mais fotografada no final de semana depois de Audi e Toyota a Porsche volta com tudo para o endurance depois de vários anos longe da categoria como time oficial. Sua estreia não pode ser chamada de ruim já que os carros terminaram a prova e foram competitivos. Falta ritmo de corrida, assim como aconteceu com a equipe Lotus mas nada que desabone o desempenho. Hoje a classe GTE-PRO é a mais competitiva do campeonato com equipes de fábrica investindo pesado. Não devem nada a P1.

Equivalência na P1.

 


Não foi desta vez que a ACO viu o sonho da equivalência funcionar. A Audi e Toyota não deram chance a equipe Rebellion e Strakka, seja nos treinos ou na corrida. Nem as imposições sobre o Audi fizeram ele andar mais lento ou as outras equipes andarem mais rápido. Não vejo mudança nas próximas corridas, e infelizmente não vamos ver Rebellion e Strakka ganhando no geral.

Allan McNish.


Temos aquela triste ideia de que piloto ou qualquer esportista tem que ser novo para ser competitivo. Particularidades a parte (não vamos ver um senhor de 50 anos jogando vôlei no mesmo nível do que um de 20) Allan McNish e Tom Kristensen tem demostrado que são os melhores pilotos na atualidade. E esta máxima se vale em uma época que pilotos mais novos estão descobrindo o endurance. O trio do #1 está ai para provar, já que tem o mesmo carro. O desempenho de Allan hoje foi irretocável e espero que ele fique muitos e muitos anos nos brindando com apresentações como a de hoje, onde o amor pelo que faz é maior do que a conta bancária ou qualquer política.

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