Se hoje a Toyota domina o Mundial de Endurance, mesmo competindo praticamente sozinha desde 2018, com recursos fabulosos, existiu uma época em que o desenvolvimento de um protótipo para disputar as 24 Horas de Le Mans, deu poucas voltas, ou praticamente nenhuma. O desconhecido Tom’s Toyota “Lumpy” LMP.
Em meados dos anos 90 endurance estava recolhendo os cacos pelo fim do World Sportscar Championship, em 1992, por conta das artimanhas de Bernie Ecclestone e seu assecla, Max Mosley, que alteraram as regras do campeonato, obrigando os fabricantes a adotarem motores similares aos da Fórmula 1. Como poucas equipes estavam dispostas a investir, por conta dos altos custos. WSC morreu em 1993.
A Toyota que buscava vencer a grande prova francesa, estreou no Mundial de Marcas em 1985, apresentou o TS010, equipado com um motor V10. O carro estrearia em 1992 já que não os protótipos do Grupo C não eram mais elegíveis. Os japoneses competiam com o 4T-GTE de 4 cilindros turbo desde 1985, e tinha acabo de desenvolver um V8 biturbo de 3,2 litros, o R32V em 1988.
Com apenas dois anos de vida e com um regulamento totalmente novo e caro, os japoneses viram todo o investimento do TS010 ir para o ralo. O carro teve sua derradeira participação em 1993 em Le Mans. O melhor resultado foi um quarto lugar no geral para os pilotos Eddie Irvine, Toshio Suzuki e Masanori Sekiya. O antigo 94C-V chegou a competir até 1994, mas com pesadas restrições de desempenho.
Voltando seus recursos para a IMSA e a CART, os olhos não ficaram fechados para Le Mans, apenas os bolsos ficaram um pouco vazios. Para 1994 os regulamentos para Le Mans permitiam protótipos abertos, e foi aí que a antiga parceira, a Team Tom’s, entrou em ação.
Com um orçamento de US$ 500 mi (pouco para os padrões da época)l, a Tachi Oiwa Motors, começou os estudos para desenvolver um LMP. Os trabalhos ficaram a cargo do ex-engenheiro da March, Andy Trorby. A criatividade precisava ser alta para aliar desempenho com a conta modesta disponível, foi utilizado um chassi monocoque em fibra de carbono.
O motor escolhido foi o velho, mas confiável, de 4 cilindros e 2,1 litros, o 3S-GTM oriundo dos 87C, que competiu o Grupo C em 1987. Com um câmbio de seis marchas que veio de um Peugeot 905. O motor poderia ser melhorado tanto na durabilidade, quanto potência.
A equipe buscou um design da carroceria básico, sem grandes avanços aerodinâmicos, já que o orçamento era limitado. Um dos desafios foi conciliar a funcionalidade dos dutos de ar dos freios dianteiros, utilizados para resfriar o sistema, mas que causam arrasto aerodinâmico. A solução encontrada foi ligar esses dutos ao bico do protótipo. Batizado de Lumpy, o LMP pesava 790 kg. O peso acima da média veio por conta do uso de materiais baratos e de uma chapa de aço inoxidável de 5 mm instalada na parte inferior do carro, para auxiliar na distribuição de peso.
Depois de pronto um desconhecido Tom Kristensen foi o piloto escolhido para testar o carro. Sem um apoio oficial da Toyota, a equipe tinha esperanças, já que os testes foram promissores e todo o conjunto se mostrou confiável.
Foram três seções de testes no campo de provas da Toyota em Colônia, na Alemanha. O carro acabou abandonado, sozinho, dentro das instalações da marca, até ser destruído. A carroceria do carro está na parede da oficina da Racing Technology Norfolk, empresa britânica contratada pela Audi para desenvolver o R8C.
Com informações do site: https://www.carmrades-blog.com/all-articles/2016/10/19/thrift-job-1996-toms-toyota-lmp