Se não virtualmente impossível, a conquista do título mundial de Endurance na categoria dos protótipos LMP2 – comemorada sábado com a vitória nas 6 Horas do Bahrein, no fechamento do calendário – pareceu mais do que improvável para Bruno Senna depois da quarta etapa. Ao final da prova de Nurburgring, na qual o parceiro francês Nicolas Prost foi substituído pelo português Filipe Albuquerque e se despediu da luta pelo campeonato, a desvantagem em relação ao chinês Ho-Pin Tung, o britânico Oliver Jarvis e o francês Thomas Laurent chegou a 46 pontos. Pior ainda: com duas vitórias seguidas, incluindo a anterior com pontuação dobrada nas 24 Horas de Le Mans, o trio da Jackie Chan DC Racing despontava como franco favorito em sua classe.
O início da reação, no entanto, não tardaria. Ponto exato da metade do campeonato de nove corridas, as 6 Horas do México trouxeram a primeira vitória de Bruno e seus companheiros na Rebellion Racing. Para Senna, foi ainda a repetição do resultado de 2016, naquela oportunidade defendendo as cores verde e vermelha da equipe mexicana RGR Sports. O resultado deu novo ânimo ao time suíço, mas não foi seguido nas 6 Horas do Circuito das Américas, onde o terceiro lugar pouco alterou a disputa com os principais rivais.
A reviravolta chegou de vez na fase asiática. Foram três vitórias consecutivas – Japão, China e a do fim de semana em Sakhir – que deram a Senna e Canal a contagem final de 186 pontos, contra 175 dos pilotos do time de propriedade do astro chinês de filmes de ação. Mas a comemoração correu risco na parte final da prova no deserto, quando uma pane hidráulica no sistema de direção restando pouco mais de uma hora para o final quase acabou com os sonhos do brasileiro. Uma vitória dos únicos rivais, naquele momento em segundo na pista, inverteria a classificação final – Senna e seus parceiros chegaram à decisão quatro pontos à frente. Mas o volante voltou a funcionar corretamente e permitiu ao carro 31 comandado por Senna terminar a corrida com 10 segundos de diferença para Jarvis.
Foi o primeiro título da carreira de Senna, coroando uma sequência de conquistas expressivas como o vice da própria LMP2 em 2016 e da Fórmula GP2 em 2008. A partir de agora, e depois das comemorações que atravessaram a noite no Bahrein, vai concentrar suas atenções para a próxima temporada. A tendência é que ele se mantenha na Rebellion Racing, que ainda estuda se permanecerá na LMP2 ou se voltará a competir na LMP1, a mais veloz das duas categorias de protótipos do Mundial de Endurance. Um anúncio oficializando a decisão é esperado para os próximos dias.