24 horas de Le Mans–A vitória de um carro só

Para entendermos a vitória da Audi este anos temos que voltar para 2010 e pensar um pouco sobre o trunfo triplo da equipe alemã. No ano passado os carros da Peugeot estavam mais velozes e só não ganharam por conta da pouca durabilidade. Em nenhum momento os três Audi esboçaram qualquer tipo de luta e acompanharam de longe um a um os Peugeot sucumbirem. Algo precisava ser feito.

Assim em 2011 a marca construiu seu primeiro protótipo fechado desde 1999 e além de vencer queria convencer. Desde os primeiros testes tanto em Sebring quanto em Le Mans e em sua corrida inaugural em SPA era sabido que o que faltou no R15 sobrava no R18 velocidade. Velocidade que veio junto com um consumo maior que do seu antecessor mas que pelo talento de seus pilotos e aerodinâmica do carro poderia ser anulada em Sarthe. E assim foi.

Infelizmente corrida é corrida e ninguém esperava os acidentes com os carros alemães. Eles até poderia batem ou ter um pneu furado, mas serem totalmente destruídos isso realmente ninguém esperava. Até por que os dois carros que se acidentaram eram as esperanças da Audi para a corrida. O carro #3 com McNish e Kristensen e o #1 com Mike Rockenfeller e Romain Dumas.

Podemos apontar um culpado nos dois acidentes? Mesmo as imagens mostrando claramente que as Ferrari estavam no lugar errado faltou um pouco de prudência dos dois pilotos. Seria compreensível se estivessem na última volta da última hora de prova, mas em momentos em que a corrida estava tranquila foi desnecessário. Com essa perda dupla todas as esperanças se voltaram para o carro #2 de Marcel Fassler, André Lotterer e Benoit Treluyer, que souberam corresponder e foram sublimes durante toda a prova. Uma vez ou outra uma escapada ou um ultrapassagem mais perigosa mas nada que pudesse ser controlada.

Mesmo com mais paradas nos boxes do que o segundo colocado (foram 31 da Audi contra 28 do Peugeot) o trio soube aproveitar do bom carro que tinham. Mesmo durante os chuviscos nas horas finais aonde o ritmo tinha que ser mais prudente não deixaram o primeiro lugar escapar de suas mãos. Assim como diz o slogan da Pirelli “Potencia não é nada sem controle” o trio soube explorar todo o potencial do carro mesmo ele tendo um consumo elevado.

A diferença de míseros 13 segundos para o Peugeot #9 também demostrou o bom rendimento do carro Francês, que conseguiram espantar o fantasma do ano passado e todos os 908 completaram a prova até o da equipe Oreca. A Audi provou que aquela máxima de que carro rápido não vence Le Mans pelo menos este ano foi por água e deixa os “chatos” por segurança e carros mais seguros com a boca bem fechada. Se fosse um F1 McNish teria sobrevivido? Rockenfeller que fico em estado grave voltaria a pilotar? Hoje se pode dizer que um protótipo seja ele aberto ou fechado estão em um nível superior ou de igualdade com um F1. O que poderia acontecer é retirar os fotógrafos daquela área aonde McNish se acidentou. Deu mede de ver os profissionais se arriscando. Como recompensa fomos brindados com belas imagens do carro sendo destruído.

Os outros protótipos tiveram um bom desempenho enquanto estavam na pista. Deu pena de ver o Pescarolo batendo nas horas finais da corrida. Para mim ele é o vencedor moral da prova depois das dificuldades enfrentadas ano passado e com um carro de 2009 esteve sempre em primeiro lugar entre os carros movidos a gasolina. A luta contra os carros da Rebellion mostraram que mesmo com recursos limitados Pescarolo tem o que poucos conseguem mesmo estando a anos no endurance. Experiência e visão de corrida. Ou algum outro construtor teria vontade e empenho de montar uma estrutura vencedora em menos de 1 ano?

Infelizmente as medidas para igualar os carros a Diesel e gasolina não surtiram o efeito esperado e nenhum protótipo movido a gasolina chegou perto dos Audi e Peugeot. O mais próximo o Rebellion #12 chegou a 16 voltas do líder. Outro bom resultado foi o Aston Martin da equipe Kronos que mesmo com problemas acabou a corrida com a mecânica em ordem. Muito ao contrário dos Aston de Fábrica que pararam com 1 hora de prova. A equipe pega pela inovação, não que isto fosse problema já que todo carro não começou ganhando provas, e os poucos que conseguiram esse feito rodaram muito antes. Apenas para citar o ganhador da corrida a equipe alemã fez duas seções de 33 horas e acertou todos os erros e problemas. Será que a Aston fez isso? Ou apenas se valeu da “experiência” para competir. Tanto que David Richards diretor da equipe pediu publicamente desculpas em seu Twitter para os fãs da marca. Atitude rara em um mundo que nem sempre se ouve os torcedores quando raramente os compradores.

Outro exemplo de que o desenvolvimento aprimora a coisa é o Oreca híbrido da Hope Racing. A equipe que por várias vezes ficou nos boxes por horas foi até onde o carro aguentou mostrando que é viável o uso deste tipo de motorização.

Os dois primeiros colocados na classe… quem ganhou foi a Nissan

Já na classe LMP2 a Nissan mostra sua força em seu primeiro ano no endurance. Os dois primeiros colocados tinham o propulsor Japonês. A surpresa se deu pelo fato da equipe vencedora ser a Graves Motorsport com um protótipo Zytec 2009. O Segundo colocado Signatech com um Oreca 03 era o vencedor nato da categoria pois foi bem em todos os testes além de ter um carro mais novo. Assim a Nissan prova que consegue entregar um motor vencedor independente do protótipo utilizado.  O terceiro colocado o Lola Coupe da Level 5 motorsport consegue um fantástico resultado levando em conta seu histórico este ano. Tanto em Sebring quanto em Long Beach o carro chegou a ser mais lento do que os protótipos da Fórmula Le Mans. Em SPA teve o carro completamente destruído e conseguiu reconstruir a tempo de competir. Seu desempenho foi satisfatório mesmo chegando a 7 voltas do Zytec vencedor. A decepção da categoria sem dúvida foi as equipes que competiram com o modelo HDP ou Acura.

A Strakka Racing que foi vencedora o ano passado na classe LMP2 não completou a prova com problemas enquanto a RLM do brasileiro Tomas Erdos chegou em 4º a 12 voltas do vencedor da classe. Mesmo assim nenhum dos dois carros não tiveram desempenho para lutar de igual para igual com os modelos da Oreca equipados com o propulsor Nissan. O “drama” da Honda que não conseguiu fornecer peças para a equipe Hightcroft ainda durante a preparação parece que resbalou nas outras equipes. A diferença é que elas tinham mais dinheiro para pelo menos participar da corrida, mas pecaram no fraco desenvolvimento do carro. Outro vencedor da classe é o #44 Extreme Limite e último colocado dos carros que completaram a prova. Mesmo a 108 voltas do líder a equipe que quase não larga mostrou competência chegando ao final da prova.

Belo presente para comemorar os 10 anos da primeira vitória em Sarthe

A classe GTE-PRO que sempre foi sinônimo de disputas acaloradas teve sim sua doze de emoção mas a ausência dos Porsche na linha de frente abriu caminho para a  Corvette obter sua primeira vitória em Sarthe desde que passou da GT1 para a GT2 em 2010. A equipe que não participou de nenhum teste coletivo se isolou em solo americano e assim ficou até poucos dias antes da corrida. Duvidou-se muito se a equipe iria corresponder a expectativa e principalmente a concorrência da nova Ferrari e BMW. Desde o começo da corrida o #74 não encontrou dificuldades para obter a liderança e travou uma bela disputa com a Ferrari #51 e os dois BMW. O brasileiro Augusto Farfus esteve muito tempo na liderança da classe, mas um pneu furado e depois problemas com o carro acabaram com a chances de vitória.

O outro brasileiro Jaime Melo que competia a Ferrari da Luxury Racing esteve sempre perto dos primeiros colocados mas acabou não completando a prova. A equipe que não tinha a estrutura da AF Corse além de ser sua primeira participação em Sarthe não obteve sucesso. Melo levou praticamente o carro nas costas até a quebra do mesmo. A decepção da prova entre os carros da categoria PRO foi a ausência da Porsche entre os ponteiros. O melhor 911 foi o da equipe Felbermayr-Proton que apenas chegou e isso a 3 voltas do líder da classe. Mesmo com boas equipes a Porsche não encontrou a velocidade que precisava para vencer na classe. Esta falta se esperou muito da nova Ferrari 458 que só não venceu por conta da superioridade do Corvette.

A boa noticia da classe foi a chegada de pelo menos 1 Lotus Evora mesmo que a 60 voltas do líder Audi e 19do Corvette vencedor da classe. A equipe se esforçou em informar que a prova seria uma espécie de treino de luxo para os dois carros. O treino parece que valeu e um deles completou a prova, porém falta muito para o Evora fazer frente a medalhões como Porsche, Ferrari, BMW e Corvette.

Vitória dupla da Corvette

Já entre os amadores da GTE-AM a equipe Larbre Competition que venceu Le Mans ano passado com Salen na finada GT1 poderia ter inscrito seu carro na GTE-PRO que teria feito o mesmo sucesso. A vitória surpreendeu muitos que apontavam a Porsche da Flying Lizard como potencial vencedor. Assim em segundo chegou o Porsche também da Larbre e fechando o pódio o Ford GT da equipe Roberston Racing. O time americano que entrou sem nenhuma ambição acabou  chegando em terceiro. Se dúvida um belo começo.

O que chamou a atenção este ano foi o número elevado de abandonos em um total de 28. Em uma prova sem chuva os abandonos que não foram só problemas mecânicos se deram por graves acidentes. A média baixa de idade pode ter contribuído para essa carnificina sem sangue, mas acende o farol amarelo para a organização da prova conter o ímpeto dos pilotos. A prova são os acidentes da Audi que foram mais por conta da afobação de pilotos que achavam poder resolver a corrida como se a mesma fosse uma prova sprint da FIAGT que tudo se resolve em 1 hora. Muitos bons pilotos não tiveram sequer a chance de participar da prova como é o caso do super-campeão Tom Kristensen. Mesmo assim aquela tradicional calmaria do final da prova deu lugar a uma disputa intensa que a muitos anos não se via.

Espero que com a criação do campeonato mundial de Endurance ano que vem possamos ver mais disputas com mais marcas com chance de vitória. A Audi está de parabéns pela competência e sangue frio de não se deixar intimidar pelo “batalhão” azul em seu retrovisor. Parabéns !!!
O melhor e pior da prova. (clique para ampliar).

Segurança: Todo o aparato tanto dos carros quanto do circuito foi posto a prova. Nota 10 para a organização que conseguiu reconstruir a barreira de pneus nos dois acidentes envolvendo a Audi. Para muitos que criticaram o uso da barbatana de tubarão por parte das equipe dizendo que os carros ficariam lentos acabou dando com a língua nos dentes. Se não tivessem tal asa o acidente poderia ter sido bem mais grave.

Quifel ASN Team: A equipe portuguesa que este ano compete na LMP1 não teve uma boa estreia em Sarthe. Com problemas no motor que simplesmente se deslocou provocando uma rodada e consequentemente abandono. Estava muito bem na corrida e lutava de igual para igual com a Pescarolo e a Rebellion.



Motores japoneses: Grande destaque positivo e negativo. Toyota e Nissan superaram fácil os blocos Judd nas classes LMP1 e 2. Não foi páreo para os motores a Diesel, mas se mostraram confiáveis e rápidos. Ao contrário o bloco Honda não foi páreo para seus contemporâneos o que causou espanto pois venceu Le Mans ano passado e sempre foi rápido na LMS e ALMS. Este ano por conta do tsunami o fornecimento de peças foi o principal motivo por esse atraso no desenvolvimento. Mesmo com esse problema a “esquadra” japonesa nunca entrou em Le Mans para brincar.


A volta de Pescarolo: Nem sempre rios de dinheiro fazem de uma equipe vencedora. Depois de um 2010 indefinido a volta de uma das mais tradicionais equipes do endurance foi cheia de pompa com a vitória em Paul Ricard. Depois de bons tempos nos testes e na prova de SPA a equipe ia bem até que nas horas finais o carro bate e dá adeus as chances da equipe ser a primeira entre os modelos a gasolina. Para mim Pescarolo foi o vencedor moral da corrida.
Peugeot e a “vitória”: Tudo bem que o segundo lugar para muitos é o primeiro perdedor, mas no caso da Peugeot o fato de completar a prova com os 4 carros é um grande feito. Depois do vexame do ano passado e de várias provas aonde o carro era rápido, mas não completava parece que faz parte do passado. Este ano o fabricante francês provou do remédio dos outros anos. Um concorrente mais rápido do que ele. As outras provas do ILMC prometem.


O desempenho da Porsche: Muitos ficaram espantados com o comportamento das equipes que competiram com o tradicional carro que por tantas vezes venceu a prova. Em nenhum momento os carros foram páreos para Corvette, Ferrari e BMW. O melhor resultado é um 4º lugar a 3 voltas do vencedor da GTE-PRO. Este desempenho era esperado para a nova Ferrari 458 que parece ter evoluído mais rápido. Uma pena pois corrida sem Porsche lutando por vitória não é a mesma coisa.

Hope Racing: A estreia do modelo híbrido não foi uma das mais badaladas pois o mesmo não terminou a prova. Mesmo assim Le Mans continua sendo um celeiro de ideias inovadoras, mesmo que em um primeiro momento não possam ser viáveis. Quem dera a F1 fosse um pouco assim.



Oreca e OAK Racing: As duas equipes que este ano também viraram construtores. Enquanto a Oreca conseguiu vender 4 do seu modelo 03 além de fornecer carros para a Fórmula Le Mans a OAK decidiu por 4 carros de forma “oficial” para chamar a atenção de futuros compradores. Enquanto dos 4 apenas 2 Oreca completaram a prova. Os da OAK apenas 2 completarem. Independente dos problemas com pneus e motores os dois fabricantes dão um passo além fornecendo equipamentos para futuras equipes contribuindo para popularizar o endurance.


Os brasileiros: Com três representantes de muito boa qualidade estávamos bem representados. Tanto Jaime Melo quanto Augusto Farfus tinham condições de ganhar em sua classe, mas por intemperes acabaram abandonando. Já Tomy Erdos não tinha um carro para lutar pela vitória depois de vários anos sendo favorito. A RML terá muito trabalho para voltar a ser uma equipe favorita ainda mais depois da ascensão da Nissan.



Lotus e Aston Martin.

Os esteantes mais badalados desta edição da prova. Enquanto a Lotus fez a lição de casa treinando conseguiu completar a prova com pelo menos 1 carro. Já a Aston Martin não passou da primeira hora de corrida tendo os dois carros quebrando na mesma volta. Tanto uma quanto outra têm que trabalhar muito para pelo menos terminar as corridas de forma satisfatória.

24 horas de Le Mans 2º treino classificatório–Audi empata

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No segundo treino classificatório a Audi botou mais tempero e marcou o melhor tempo. Com o tempo de 3:25.961 o Audi #2 pilotado por Marcel Fassler lidera os trabalhos, seguido de perto pelo Peugeot #8 de Sarrazin com 3:26.156. A diferença de 0.195 milésimos nesta altura do campeonato deixa tudo aberto. Em terceiro outro Peugeot desta vez o #7 pilotado por Marc Gene com 3:26.272. O melhor protótipo a gasolina continua sendo o da Pescarolo com 3:33.066 desta  vem a 7 segundos do líder.

Na P2 a luta entre a Strakka e Signatech favoreceu a equipe equipada com motor Nissan marcando 3:41.458. Na GTE-PRO a Ferrari da AF Corse superou os BMW marcando 3:58.040 seguido pela BMW de Andy Priaulx que se acidentou durante os treinos e danificou a suspensão traseira.

Já na GTE-AM outra Ferrari também da AF Corse superou os Porsche marcando 4:02.539. Entre os brasileiros Jaime Melo ficou em 8º, Farfus em 3º. Na LMP2 também marca o 8º tempo.

24 horas de Le Mans–1º treino classificatório

A noite todos os gatos são pardos. Foi mais ou menos isso que aconteceu no primeiro treino classificatório em Sarthe com o melhor tempo do #8 da Peugeot conduzido por Stephane Sarrazin cravo o tempo de 3:27.003. O segundo colocado o Audi #2 de M. Fassler ficou a 906 segundos do Peugeot. A pergunta? Mais leve? melhor piloto a noite? Erro do piloto da Audi.?

Em terceiro o Audi #01 pilotado por Roman Dumas com o tempo e 3:27.949. O melhor protótipo a gasolina foi o Pescarolo em 8º lugar a espantosos 8.423 segundos do líder.

Na classe LMP2 a Strakka confirma o bom desempenho com o tempo de 3:42.615 mesmo sofrendo um acidente durante a classificação. Foi seguido pelo Oreca-Nissan da Signatech 3:43.124.

Entre os GT a BMW também manteve o bom tempo com Andy Priaulx com 3:58.426 e foi seguido pela Ferrari da AF Corse pelas mãos de Fisichella com 3:58.989. Na GT-AM o Porsche da equipe Larbre com 4:03.918.

O treino foi marcado pelo forte acidente envolvendo o Audi #1 que acertou em cheio o Aston Martin da equipe Gulf. Os dois pilotos passam bem e os carros terão tempo para serem consertados.

Análise das equipes para Le Mans–LMP1

E terminamos nossa análise das equipes que estarão em Sarthe este ano. A LMP1 é a cereja do bolo do mundo do endurance. Os mais rápidos, mais caros e mais rápidos. Porém nos últimos anos se viu um domínio dos modelos a Diesel que a ACO está tentando resolver tardiamente. Desde 2006 nenhum modelo a Gasolina ou qualquer outro combustível vence em Sarthe. Este ano alguém tira a vitória da dupla Audi e Peugeot? Candidatos existem… Clique nas imagens para ampliar…


Equipe: Audi Sport Team Joest e Audi Sport North América
Carro: Audi 18 TDI
Motor: V6 3.7 litros turbo diesel
Pneus: Michelin
Pilotos
Carro #1 Romain Dumas, Timo Bernhard, Mike Rockenfeller
Carro #2 Benoit Tréluyer, André Lotter, Marcel Fassler
Carro #3 Tom Kristensen, Allan McNish, Rinaldo Capello

2011 é um ano de mudanças para a Audi. Depois de vários ano a equipe abandona os protótipos fechados e investe em um modelo inovar e com melhores soluções aerodinâmica. O carro teve sua estreia no dia de teste em Le Mans e começou marcando os três melhores tempos. O “problema” que sempre existiu em relação a Peugeot foi a velocidade final. Parece que este problema pode ter acabado. Em SPA o R18 fez a pole mas por erros nos boxes e acidentes durante a corrida deram a vitória para a Peugeot. Em sua recuperação e com voltas atrás os R18 nitidamente foi mais rápido nas grandes restas. A dúvida que sempre foi o calcanhar de Aquiles da rival francesa. Carro rápido é carro durável? A história ensina que carro rápido dificilmente chega ao final das 24 horas inteiro. A Peugeot sabe disso e tem apanhado nos últimos anos em Sarthe. Ano passado a vergonheira da marca francesa que sumiu da vista dos R15 para no final se sucumbindo um a um parece ser um aviso. Em SPA se notou um consumo elevado de pneus porém a explicação por parte da equipe foi um setup específico para Le Mans. A equipe é a principal favorita e talvez a única vide o histórico do seu principal rival.

Entre os pilotos destaco Allan McNish e Tom Kristensen que com a ajuda de Rinaldo Capello compõem o trio favorito para ganhar a prova. McNish um piloto altamente técnico e rápido consegue tirar leite de pedra e salvou a equipe de várias cagadas nos últimos anos. Talvez seu maior erro tenha sido perder Petit Le Mans em 2009 quando conseguiu rodar seu Audi R15 atrás do carro de segurança embaixo de um dilúvio. Até onde sei este é o único pecado do piloto que ajudou no desenvolvimento da equipe Toyota quando esta entrou na F1 mas foi dispensado no primeiro ano. A F1 perdeu um piloto mas o endurance ganhou um campeão.

Kristensen dispensa comentários tendo 8 vitórias em Le Mans é o Ayrton Senna do Endurance. rápido sabe moldar seu estilo de pilotagem para o momento certo da corrida, vezes rápido vezes lento. Ao todo a Audi tem 6 pilotos com vitórias em Le Mans e os pilotos que não o fizeram não deixam de ser competentes. Lotter é campeão da F. Nippon em 2010 e Tréluer acabou de ganhar a primeira rodada da Super GT 2011. Estes são os ingredientes somados a metódica direção de Wolfgang Ullrich que fazem da Audi a favorita disparada ao título.

Ullrich “Nossa esperança é ser competitiva e poder ganhar a corrida. Além disso, queremos ter um nível de competitividade que nos dá a oportunidade de vencer os nossos concorrentes no mesmo nível em tempos de volta para obter o melhor resultado nestes 24 Horas. “

Sobre os concorrentesNós sabemos que a Peugeot em particular, tem um alto nível de desempenho e de toda sua equipe é muito profissional. Nunca quero subestimar nenhum dos nossos concorrentes, em especial a equipe forte que é a Peugeot. “


Equipe: Hope Racing #5
Carro: Oreca Híbrido, 4 cilindros turbo
Pilotos: Steve Zacchia, Jan Lammers e Casper Elgaard
Pneus: Michelin

A Equipe que tem origem na Suiça pode não ganhar a corrida mas nunca pode ser julgada por não inovar. O Oreca Híbrido é o primeiro protótipo deste tipo a competir em Le Mans. Seu histórico é de um vice-campeonato na FLM ano passado.

Mesmo sendo um carro revolucionário a equipe optou pelo confiável chassi Oreca. O 4 cilindros turbo foi preparado pela Lehmann empresa especializada em modelos Porsche e o sistema híbrido é do tipo que reaproveita a energia vindo do sistema de freios. Sua estreia se deu no dia de testes aonde o carro deu 18 voltas e marcando o 22º lugar. Muito melhor do que o protótipo oficial da Aston Martin. Mesmo com esse promissor desempenho a equipe não competiu em SPA e preferiu desenvolver o carro em silêncio.

Os pilotos são experientes. Zacchia ajudou a equipe no título de 2010 além de já ter competido em Le Mans com GT pela equipe Larbre. (Já teve uma vitória em Interlagos com Sallen) e também já rodou com o Lola Judd da equipe Sebah. Jan Lammers tem uma impressionante participação em Le Mans, 22 vezes aonde conseguiu uma vitória em 1988 com a Jaguar além de 2 vitórias nas 24 horas de Daytona. Completando o trio Casper Elgaard tem a vitória em Le Mans na classe LMP2 no ano de 2009 com o competente Porsche RS Spyder da equipe Essex. Repetiu o bom desempenho ano passado com um segundo lugar.
A equipe não tem chance de fazer frente aos modelos a Diesel mas se seu sistema híbrido for competitivo pode conseguir uma boa colocação visto o menor consumo de combustível. 

Equipe: Peugeot Sport Total e Team Peugeot Total
Carro: Peugeot 908
Motor: V8 3.7 litros bi-turbo Diesel
Pneus: Michelin
Pilotos:
#7 Alexander Wurz, Anthony DAvidson, Marc Gene
#8 Stéphane Sarrazin, Franck Montagny, Nicolas Minassian
#9 Sebastien Bordais, Simon Pagenaud, Pedro Lamy

O “novo” Peugeot 908 tenta vingar seu “pai” do vexame que a equipe passou ano passado. Todos os carros do fabricante tiveram problemas no final da prova com problemas de durabilidade. Em contra partida todas as provas em que disputou com a Audi ganhou. Não serve de alento mas é um consolo.

Para 2011 a equipe lançou um 908 melhorado e em sua primeira corrida teve que assistir o velho carro da equipe Oreca vencer em Sebring. Encontrou a vitória em SPA depois de muitos erros da Audi mas se mostrou confiável para uma corrida de 6 horas. Nos testes em Le Mans o melhor carro foi o #8 com o terceiro lugar nos tempos. A equipe tem condições reais de vencer a prova. A velocidade máxima que obteve em Sarthe este ano 340 km/h deve ser visto com cautela do que como um sinal de esperança. Desde que entrou no endurance este é o primeiro ano em que o R18 se mostrou igual ou mais veloz do que o 908. A equipe deve cuidar do ímpeto de seus pilotos e evitar que os mesmos levem os carros ao limite como nas horas finais como no ano passado.

Os pilotos estão no mesmo nível da rival Audi. Dois de seus pilotos já venceram em Le Mans  (Wurz e Gene). Bourdais é tetra-campeão da champcar e passagens pela F1 assim como Davidson. Os outros pilotos tem títulos em séries como ALMS, LMS e FIAGT.

Oliver Quesnel chefe da equipe. “As 24 Horas de Le Mans são cruéis e imprevisíveis que os torna mítica e lendária. Este é o nosso grande evento do ano e esperamos recuperar o troféu que ganhamos em 2009″.


Equipe: Team Oreca Matmut
Carro: Peugeot 908 HDI FAP
Motor: V12 5,5 litros bi-turbo diesel
Pneus: Michelin
Pilotos: Loic Duval. Nicolas Lapierre, Oliver Panis

Equipe competente além de um exímio construtor. É o segundo ano que a equipe compete com o 908. O mesmo carro que foi o quarto Peugeot a quebrar em Sarthe em 2010 conquisto o título da LMS no mesmo ano em Silverstone.

Em 2011 a sorte sorriu para a equipe com a vitória em Sebring em cima do Audi R15. E equipe não é apontada como vitoriosa mas é um forte azarão, Tem um carro maduro e pode ser mais confiável que os novos 908. Pode surpreender, mesmo a equipe não tendo o suporte dos times oficias da Audi e Peugeot.

Entre os pilotos uma trinca de respeito aonde a estrela é Olivier Panis que venceu o GP de Mônaco e ajudou a equipe na vitórias em Sebring e na LMS ano passado. Lapierre já venceu o competitivo GP de Macau de F3 e também colaborou com as vitórias recentes da equipe. Loic Duval tem títulos na F. Nippon em 2009 e Super GT em 2010.


Equipe: Rebellion Racing
Carro: Lola Coupe
Motor: Toyota V8 3;4 litros RV8KLM
Pneus: Michelin
Pilotos:
#12 Nell Jani, Nicolas Prost, Jeron Bleekemolen
#13 Jean Christophe Boullion, Andrea Guy Belicchi, Guy Smith

Uma equipe jovem e com o carro mais bonito do grid (pelo menos eu acho) A Rebellion teve um 2010 triste com a morte de seu fundador Hugh Hayden uma perda para o mundo do endurance. Seu filho Bart pegou os rumos da equipe. A primeira mudança e a mais importante foi se aliar a Toyota como fornecedora exclusiva de motores o que torna a equipe quase uma “oficial”. O que deixa a equipe sempre na linha de frente.

Em 2011 a equipe com o #12 acabou em 7º em Sebring sem maiores problemas com o carro. Nas duas provas europeias a equipe pontuou bem o que a deixa líder entre os construtores e em segundo na de equipe, dois pontos atrás da Pescarolo.

Porém nem tudo são flores. Nos testes em LM o melhor Rebellion ficou a 10 segundos do Audi R18 mostrando que não tem condições de ganhar a corrida mas pode lutar pela “vitória” entre os modelos a gasolina.

Seus pilotos estão em um bom patamar. Bleekemole é campeão da Porsche SuperCup e bi-campeão da ALMS. Nell Jani já venceu a A1 GP, Belicchi é campeão da Renault Spider Europeia. Boullion é campeão da F3000 e bi-campeão da LMES e LMS. Prost também é campeão da F3000e Smith venceu as 24 horas de Le Mans em 2003 com Bentley e com Audi em 2004.


Equipe: OAK Racing
Carro: OAK Pescarolo
Motor: Judd V8 3.4 litros
Pneus: Dunlop
Pilotos:
#15 Guillaume Moreau, Pierre Ragues, Tiago Monteiro
#24 Jacques Nicolet, Richard Hein, Jean François Yvon

Com dois carros na P1 e P2 a equipe sonha alto. Quer seguir os paços da Oreca e vender seus protótipos para futuras equipe. Para isso precisa provar que tem um bom equipamento em mãos. A equipe que tem sua estrutura montada Technopark em Le Mans possui também um centro de pesquisa. Em 2010 foi a segunda na LMS além de ganhar o campeonato verde Green X Challenge.

Em 2011 parecia ter começado bem com um quarto firme em Sebring mas com problemas de vazamento de combustível o carro #24 teve que fazer uma parada não programada. No dia de testes a equipe testou novas soluções aerodinâmicas. O #24 teve problemas e acabou saindo de pista enquanto o #15 cumpriu sem problema os programas. Em SPA a coisa não andou bem novamente. O #24 novamente se envolveu um um acidente. Vai ser interessante ver a equipe brigar pela “primeira” posição entre os modelos a gasolina e nada além disso.

Entre os pilotos o trio do carro #24 já teve um pódio em Le Mans terceiro na classe LMP2. Jacques Nicolet que é o dono da equipe compete em provas clássicas . Este será o carro quem as melhores chances de chegar a frente.


Equipe: Tem Autovision Pescarolo
Carro: Pescarolo #16
Motor: Judd V10 5 litros
Pneus: Michelin
Pilotos: Christophe Tinseau, Emmanuel Collard e Julien Jousse

Falar do endurance sem por o nome Pescarolo junto é a mesma coisa que falar de música e não falar de Roberto Carlos. A equipe que estava praticamente fechada em 2010 retorna 2011 com tudo. Com a ajuda de ex-companheiros conseguiu montar novamente sua equipe. Obteve junto a ACO autorização para reduzir a cilindrada do motor de 5.5 para 5 litros.

Isso já começou 2011 com vitória em Paul Ricard surpreendendo muitos. Em SPA acabou em um sexto lugar a frente de dois protótipos a diesel. Mesmo com a redução de potencia do motor não devemos  esquecer que ainda se trata de um V10 e o que mais existe em Sarthe são retas. É séria candidata a ser a primeira entre os modelos a gasolina.

Henri Pescarolo sempre deixou claro que as medidas de equivalência entre a gasolina e o diesel não são necessariamente equivalente. Com as novas mudanças de fazer barulho e só. Os pilotos também são competentes Collard tem vários títulos (Kart, F. Renault, SSIR, SEMA e LMS) além de vitórias em Sebring e Daytona e um segundo lugar em Le Mans com Porsche Rs Spyder. Tinseau é vice-campeão da LMS e Asian LMS possui vitórias em SPA e Paul Ricard. Julien Jousse é vice-campeão da World Series e competiu na classe GT1 pela equipe Luc Alphand.

Henri PescaroloEsqueça o diesel novamente. Iremos bater de frente com a  equipe Rebellion, cujo chassis Lola teve um grande progresso. A Zytek é uma aposta segura, o Aston oficial será a surpresa, mas não devemos esquecer o Aston Kronos deve ir muito rapido. O Pescarolo da OAK serão nossos aliados “.


Equipe: ASN Team
Carro: Zytek 09SC #20
Motor: Zytek 3.4 Litros
Pneus: Dunlop 
Pilotos: Olivier Plá, Miguel Amaral, Warren Hughes.

A equipe que subiu de nível vindo da P2 tem um bom histórico. Foi campeã da LMS em 2009. Para 2011 a equipe manteve carro e pilotos. O carro se mostrou rápido em Paul Ricard ficando em segundo lugar na classificação, mas com problemas de um pneu furado ficando a 10 voltas dos líderes. A equipe competiu em SPA e conseguiu novamente um segundo lugar na classificação. Estava liderando entre os modelos a gasolina quando teve problemas com o motor. Pode surpreender em Le Mans na briga pela liderança dos modelos a gasolina.

Entre os pilotos  Oliver Plá já obteve 3 vitórias na LMS além do campeonato de 2009. Miguel Amaral é o gentleman drive e ajudou a equipe nos últimos anos.

Mauricio Pinheiro chefe de equipe “ Se deixarmos de lado Audi e Peugeot nosso principais concorrentes seriam Rebellion e OAK Racing são nossos concorrentes diretos e acreditamos que todos estão próximos nos tempos de volta, por isso a corrida deve ser decidida em favor de quem tem o menor número de problemas, ou que tenha sido o mais rápido para resolvê-los. Sem dúvida, esta será uma luta muito interessante e emocionante, com equipes que merecem o nosso respeito, mas não estamos com medo. “


Equipe: Kronos Racing #22
Carro: Lola Aston Martin
Motor: Aston Martin V12
Pneus: Dunlop
Piloto: Vanina Ickx, Bas Leinders, Maxime Martin

A equipe que tinha a segunda reserva foi pega de surpresa e está aprontando o carro a toque de caixa. O carro em 2010 foi da Signature que se mudou para a classe LMP2. A equipe que tem título no Rally pelas mão de Sebastian Loeb. A Kronos também está associada a Marc VDS Racing que compete na FIAGT com Ford GT. O carro que já foi campeão da LMS em 2009 pode não ser um franco favorito mas o som de seu motor V12 com certeza fará sucesso entre os espectadores.

O carro competiu apenas no teste em Le Mans dando suas 14 voltas para testar e ver se tudo estava funcionando perfeitamente, tanto que o teste foi interrompido por problemas no tanque de combustível.

Entre os pilotos Vanina Ickx conheçe bem o carro já que competiu com ele ano passado. Será sua 7º participação em Le Mans. Leiders tem uma boa reputação com títulos na F. Ford, Opel e F. 3 além de ter sido piloto de testes da equipe Minardi na F1. Maxime Martin é estreante entre os protótipos e já ganhou um campeonato da FIAGT.

Marc Van Dalen chefe de equipe. “Acima de tudo terminar a corrida e, de preferência sem nenhum incidente. Seria, dadas as circunstâncias, já uma grande vitória para toda a equipe e nossos parceiros que nos apoiaram. Esperamos agitar o espectador graças ao som  mágico dos 12 cilindros do​ ​Aston! “


Equipe: Aston Martin Racing #009
Carro: Aston Martin AMR ONE
Motor: 6 cilindros turbo 2litros
Pneus: Michelin 
Pilotos: Adrian Fernandez, Andy Meyrick, Harold Primat.

A Aston Martin é o terceiro fabricante oficial da disputa. Ao contrário de Audi e Peugeot optou por desenvolver um protótipo aberto e movido a gasolina. As inovações não param por ai. A equipe optou por um motor de 6 cilindros com um compressor. A inovação parece por enquanto o maior problema da equipe.

O não comparecimento em Sebring foi um sinal de que o desenvolvimento seria complicado. O carro apareceu no dia de teste e deu apenas 10 voltas ficando em 25 lugar. O carro #009 deu apenas 2 voltas. Os dois modelos sequer chegaram a marcar tempo.

A equipe não competiu em SPA e optou em testar o carro na pista espanhola de Aragon. Sem maiores progressos seu futuro em Sarthe é complicado. Se completa a prova será realmente uma vitória.

Os pilotos são experientes. Christian Klein já competiu na F1 e em 2008 ficou em terceiro em Sarthe com Peugeot. Stefan Mucke é campeão da LMS em 2009. Darren Turner tem passagem pela ALMS, LMS e FIAGT. Adrian Fernandez é campeão da ALMS em 2009 além de passagem Indy e Grand-Am. Harold Primat tem pódios em Sebring e vitória na Asia LMS. Andy Meyrick tem pódio em Sebring e Laguna Seca.

George Howard chefe da equipe e os planos para a corrida.Nossas esperanças são realistas para Le Mans, se baseia no número de quilómetros percorridos com o carro. Este ano, as 24 horas serão para nós um novo estágio de desenvolvimento do carro em condições de corrida. “

1000 Km de SPA–Cartaz com os novos modelos do endurance.

O cartaz dos 1000 km de SPA segunda etapa da Le Mans Series e também da ILMC e que serve como preparação para Le Mans foi apresentado. A prova que é marca a apresentação do novo Audi R18 tem tudo para ser uma das mais disputadas do ano. Podemos ver na folha o novo Aston Martin ARM One, Audi R18, Peugeot 908 e Ferrari F458.

A prova que deve ter mais de 30 carros ocorre no dia 7 de Maio

12 horas de Sebring: Resultados e pensamentos de uma corrida aonde os antigos superaram os novos protagonistas.

Tinha um texto pronto em minha mente durante as duas últimas horas da corrida de Sebring. Podia ter começado com frases de efeito como “Peugeot imbatível” “melhor corrida dos últimos anos” ou então “vitória coroa o competente 908”. Isso com certeza lerei em poucos sites que cobriram o evento. Se fosse atribuir algo de efeito para o título deste texto iria por algo do tipo “Duelo de gerações” ou “é dos velhinhos que elas gostam mais”.
Foi mais ou menos assim que senti as 12 horas de Sebring desde ano. Os carros de 2010 mesmo com restrições foram competitivos e continuarão na disputa por vitórias tanto na LMS quanto ILMC. A vitória do Peugeot 908 da Oreca confirma isso e joga um ponto de interrogação nos novos e badalados Peugeot 908 oficial e Ferrari F458 Itália.
 

Peugeot manteve o domínio em Sebring mais o carro vencedor deveria ter sido outro…

Muitos podem dizer que o 908 oficial só não ganhou pelos percalços que teve durante a corrida como o toque do #7 com o Audi #2 ou os problemas tanto com a carenagem quanto a escapada do #8. Realmente nas primeiras horas os dois carros franceses foram inquestionáveis tendo a corrida nas mãos, mesmo por que 12 não são 24 e em trajetos “curtos” eles são superiores aos rivais alemães. Porém o trio Lapierre/Duval e Panis soube guiar com maestria e mesmo com as restrições de potência impostas para os carros de 2010 aproveitou muito bem uma particularidade das provas americanas: a bandeira amarela. Presente em grande quantidade nas primeiras horas chegou a ser irritante a demora por causa de acidentes simples ou corriqueiras escapadas onde o piloto deixava o carro morrer.
Mas voltando a P1. A Audi sabia que não teria as chances com um R15 tão limitado e também não esperava contar com o fator “Capello” que por coincidência ou não cometeu o mesmo erro de se enroscar com um Peugeot na última prova da ALMS ano passado em Road Atlanta. Tanto Kristensen quanto McNish devem estar se perguntando se não era mais fácil ter apenas dois pilotos por carro.
A dupla do #2 bem como o trio vencedor de Le Mans do ano passado Bernhard/Dumas e Rockenfeller no carro #1 fez o que podia com o R15, por muitas vezes se aproveitando do tráfego outras pelo desgaste de pneus dos franceses, mas de fato nunca chegaram a ameaçar a liderança principalmente depois de dois pneus furados do #1 e do toque do #2. O objetivo para esta corrida sempre foi claro, roubar o máximo de pontos possíveis dos rivais para estrar o R18 com a menor diferença possível. Este sim, com forças para lutar de igual para igual com o 908.
Os outros carros da classe P1 ficaram aquém da expectativa com exceção do Acura da Hightcroft que surpreendeu tanto na pista, quanto nos bastidores. Na pista, seus pilotos Brabham/Franchitti e Pagenaud mostraram sangue frio para levar ao limite um carro pouco testado que foi entregue a equipe poucos dias antes da corrida. Já nos bastidores a perda do patrocínio por parte da Tequila Patron fez a equipe pensar seriamente em fechar as portas. Nestas horas me pergunto se a Patron não se arrependeu de pôr todo o dinheiro da equipe de Scott Sharp que não fez nada durante a corrida a não ser a primeira a destruir a nova F458.
A equivalência imposta pela ACO aos motores a gasolina e Diesel realmente aconteceu? É cedo para dizer que sim, mas o Acura conseguiu escapar das investidas do Peugeot #8 na reta final da corrida, talvez se o tráfego não fosse tão forte a coisa teria sido diferente, mas o Diesel ainda vai ser um ponto determinante e os carros que estiverem equipados serão sempre favoritos. Esperou-se mais do Aston Martin da equipe Muscle Milk, pois tinha o apoio extraoficial por parte da fábrica, não conseguiu ameaçar ninguém e parou com problemas mecânicos completando apenas 6 horas de prova. Outra decepção foi por parte da OAK Racing que não completou a prova com seus dois carros. O “melhor” colocado foi o #15 pilotado por Lahayne/Moreau e Ragues que parou com pouco mais de 8 horas e meia de prova e o #24 com poucas 4 horas e 39 minutos por danos no motor. Também era esperado mais do #12 o Lola Toyota da Rebellion Racing. Fez uma corrida burocrática terminando em 7º a 12 voltas do líder um desempenho um pouco pior do que o obtido pela Dyson Racing, com seu também Lola Mazda, que ficou a oito voltas.
 

Vergonhoso resultado para todos os carros da classe P2

A classe LMP2 vive um paradoxo. Enquanto na Europa foi a salvação de várias equipes que não tinham dinheiro suficiente para entrar na P1 nos EUA se tornou uma grande decepção. Dos quatro carros inscritos todos foram mais lentos dos que os carros da categoria FLM, GT2 e até GTC. Desses, apenas um era modelo 2010 o # 43 da equipe OAK. O “vencedor” foi o Lola B11 de longe o mais belo protótipo na prova da equipe Level 5 Motorsports que completou a prova a 32 voltas do líder. Aliás, todos os carros da P2 tiverem problemas de confiabilidade mostrando que precisam evoluir para evitar a vergonheira de terminar atrás dos carros da GT2.

Carros da FLM surpreenderam muitos pela velocidade e durabilidade

 
Na categoria FLM o vencedor foi o #36 da equipe Genoa Racing USA do trio Peterson/Cameron e Gausch que terminou a 20 voltas do líder. Em segundo o Oreca #005 da Core Autosport do trio Bennett/Montecalvo e Dalziel.
 
Entre os GT’s a máxima de que os velhos superaram os novos se manteve. A pole da F430 da AF Corse que acabou em 5º comprovou que o modelo não é tão obsoleto como a Ferrari e as equipes cantavam em voz alta ano passado. O trio principalmente quando Pierre Kaffer e Maria Bruni estavam no volante foram competitivos o tempo todo. Já Fisichella teve um desempenho aquém do esperado. Se esperou mais dos Porsche da equipe Flying Lizard principalmente do #45 que “decolou” em cima de um dos Corvettes ainda no começo da prova e induziu a F458 de Scott Sharp a conhecer o muro. Mesmo com melhorias em relação ao ano passado a Porsche precisa se impor e pode fazer mais do que um 6º e 7º.
 

Dobradinha da BMW mostra maturidade da equipe

 
Sobre o acidente do Porsche a equipe alegou que o “culpado” foram as ondulações da pista de Sebring. Não é segredo que o péssimo estado da pista também é uma de suas marcas registradas, assim como em grande parte das pistas norte americanas. Isso, de certa forma, ajuda a testar o carro principalmente suspenção e pneus, todas as equipes sabem disso. Estranhamente a Rizzi favorita a vitória entre os GTs e que também estreou modelo novo teve um desempenho que a muito não se via. Todos os seus pilotos ficaram aquém do esperado. Jaime Melo, Mika Salo e Vilander estavam mais quebrados que o carro. O brasileiro chegou a liderar por um bom tempo, mas o desempenho foi caindo a ponto do carro não conseguir pegar por problemas elétricos. Estranhamente a Risi foi a primeira equipe a testar o carro ainda na Itália antes de qualquer outro time. Isso já seria uma vantagem, mas o que se viu foi um carro cambaleante e decepcionante. Com muito custo, terminou em 11º em sua classe a frente de outra F458 da equipe da Tequila Patron o que não deve ser encarado como mérito já que nenhuma completou a prova. A Rizzi tem meios e pessoal para reverter este quadro. O que falta foi rodar com o carro, mas ver tanto Jaime Melo como Toni Vilander reclamarem de problemas físicos não deixa de ser curioso.
 
Sem problemas a BMW fez dobradinha com o #56 em primeiro e o #55 em segundo dando um pódio ao brasileiro Augusto Farfus, que só não venceu porque teve um toque com um dos Corvette faltando menos de 2 horas para o final. Pena mas mostra que o título do ano passado não foi mero acaso e a escolha da BMW de investir se dinheiro em uma categoria competitiva ao invés da jogatina da F1 deu resultado. Os planos para 2012, além do endurance, são por um carro na DTM e o que tudo indica será um forte competidor.
Desempenho que se viu da equipe Corvette que chegou em 3º e 4º depois de um 2010 decepcionante. A vitória ano passado em cima do erro da Rizi em Petit Le Mans não livrou grande parte da equipe de uma demissão e abriu as portas para uma nova mentalidade na equipe. Os outros brasileiros na prova Bruno Junqueira e Cristiano da Matta que estavam com o Jaguar XKR mal competiram, pois o carro apresentou problemas logo nas primeiras voltas. Uma pena, a dupla é boa e pode surpreender quando o carro for mais confiável. Outros que mal deram o ar da graça foram o #050 o comentadíssimo Panoz Abruzzi que deu apenas 19 voltas e o Lamborghini Gallardo da West Racing que deu pífias 10 voltas. Pior foi o Aston Martin Vantagem que mal fez a temperatura do motor esquentar completando apenas cinco voltas.
 

Ferrari “antiga” da Krohn racing faz boa estreia correndo sem a sobra da Rizzi

Na classe GT AM o vencedor foi a Ferrari F340 da Krohn Racing terminando em 19º no geral. A equipe que até o ano passado tinha uma parceria com a Rizzi Competizione fez bonito chegando 50 voltas a frente do segundo colocado na classe. Na GTC o vencedor foi o Porsche #054 de Pappas/Faulkner e Bleekemole da equipe Black Swan Racing
 

Mesmo sem ver nada por alguns momentos Porsche #54 chegou ao final em primeiro

E assim o mundo do endurance dá seu ponta pé incial para um ano que promete. As próximas corridas serão ALMS etapa de Long Beach no dia 15 de Abril, a LMS abre seus trabalhos em Paul Ricard entre os dias 1 e 3 de Abril e a ILMC tem sua segunda rodada em SPA no dia 7 de Maio. Se pudermos tirar um ensinamento sobre Sebring é que muitas vezes o que pode se julgar ultrapassado pode surpreender. Pense nisso!
 
 
O bom e o ruim da corrida (clique nas imagens para ampliar)

Audi – Poderia ter chego ao pódio se não fosse os problemas que teve com os dois carros. Não tinha um carro vencedor em condições normais, mas podia surpreender na estratégia. Que venha o R18

Highcroft – O vencedor moral? talvez. A equipe que quase fechou as portas apostou no conhecimento e soube contornar a crise. Também provou que a igualdade de combustíveis é possível.

 

Ferrari F458 – A melhor 458 ficou em 9º na sua classe a 20 voltas do líder BMW. Se esperou mais de um carro tão badalado. Falta testar e muito.

 

Ferrari F430 – Foi superior em vários momentos. Teria conquistado o pódio se Fisichella não fosse…Fisichella. Ainda tem muito gás para queimar provando que nem sempre novidade é melhor.

 

Panoz Abruzzi – O espírito de Le Mans fez suas primeiras “voltas” oficiais sem fazer absolutamente nada. Nome não ganha corrida muito menos nome famoso. Carro precisa de um investimento maciço para pelo menos acabar uma corrida.

 

Peugeot 908 – O novo modelo provou ser rápido teria ganho a corrida se não fosse a afobação de seus pilotos e pequenos erros nos boxes. Resta saber se aguenta Le Mans.

 

Rebellion Racing – O resultado ficou entre 8 e 80. Tem suporte por parte da Toyota. Precisa apenas rodar mais para desenvolver o carro.

 

Jaguar – O modelo que serviu de pace car da corrida andou mais do que os dois modelos que deveriam ter corrido. Uma pena pois tanto Bruno Junqueira quando Cristiano da Matta tem potencial… Vamos ver no decorrer do campeonato.

 

OAK Racing – Surpreendeu no começo do ano anunciando 4 carros nos campeonatos da ACO. Pena que quantidade e qualidade nem sempre andam juntas. Equipe boa que precisa se focar. Ou é P1 ou é P2

Lola Coupe – Não fez nada durante toda a prova mas conseguiu o que nenhum outro carro fez. Ser bonito.

 

Speed – Mesmo não sendo uma emissora “oficial” vai transmitir toda a ILMC e 24 horas de Le Mans. Foram mais de 10 horas transmitindo Sebring sempre com irreverencia de Sérgio Lago e Roberto Figueroa. Pena que o exemplo não é seguido por outras redes em suas transmissões.

 

 

 

 

 

 

Oreca apresenta as cores de seu Peugeot 908 para 2011

A Oreca revelou as cores do seu belo Peugeot para os campeonatos de 2011. O time Francês alterou as cores depois de 3 anos. A antiga pintura era de autoria de Deco Mondrain pintor francês. Além da nova pintura Hugues de Chaunac revelou que mantem o trio de pilotos de 2010. O retorno de Olivier Panis, Nicolas Lapierre e Loic Duval, que estarão competindo nas 3 primeiras rodadas do ILMC.

Hugues explica esse retorno de Panis.Para escolher o terceiro piloto, é evidente que  tínhamos várias opções e perfis bem diferentes. Temos considerado seriamente cada um deles, mas Oliver demonstrou esse desejo e nós concordamos em uma sessão de testes que foi realizada na semana passada no circuito de Paul Ricard e correu perfeitamente bem. Devo dizer que fiquei surpreendido pela sua fidelidade, que vai além do que pode ser esperado. É um fator que conta. Ele também mostrou desempenho nos nossos testes. Olivier é também um líder natural. Através de seu carisma, ele é mais do que um piloto. Ele foi durante anos um elemento importante na coesão de nossa equipe com o Peugeot 908 HDi FAP. “

Panis também está contente com mais esta temporada a bordo do 908 “Achei o time todo para a frente: há sempre aquele ambiente agradável.Eu tinha pilotado em  outro protótipo de Budapeste em agosto passado e foi importante para mim saber onde eu estava, tanto em termos de direção e inveja. Estou satisfeito com os tempos obtidos e não estou pronto para se aposentar! Eu descobri o circuito americano em 2009. Eu não posso esperar para encontrar estes traços da loucura e da famosa atmosfera! “

A pintura também merece destaque como explica Jean-Philippe Eddaikra “Com o conceito de Mondrian, nosso desejo era ter uma identidade incomum e ousada. Alcançamos nosso objetivo que e nosso projeto não deixa ninguém indiferente.Temos mantido a nossa vontade de usar cores brilhantes e cativantes. Queríamos um carro que é reconhecível na pista, e que desse para nossos parceiros se destacar”.