Foram 18 anos sem a Mil Milhas em São Paulo, desde 2002 os amantes de endurance não imaginavam exaltar uma prova de longa duração noturna no templo sagrado. Mesmo com o grid pequeno, a prova aconteceu, entregou o prometido, e para quem ama esse tipo de corrida, foi um show.
Box organizado, limpeza, alimentação, segurança bem estabelecida, sala de imprensa impecável. Ar condicionado funcionando em todos ambientes, a estrutura- mesma da F1, deixou a prova com aquele ar de superioridade, mesmo contendo apenas 12 carros no grid.
Cerca de um ano atrás o público havia recebido a informação e o barulho que o WEC retornaria ao Brasil, esse público esperou, comprou ingresso, e viu um evento super desejado, ser cancelado pouco tempo antes do seu acontecimento. Foi triste, deixou a desejar para os expectadores ansiosos por essa volta, mas regras são regras e o WEC foi cancelado.
Tempos depois o Brasil quis reviver seu melhor endurance noturno, deu-se a primeira publicação nas mídias, reviveu ali a Mil Milhas do Brasil 2020.
Apostou-se nessa competição de vários lados, vários outros lados não acreditaram, e nesse estica e puxa- muitas vezes onde parecia que tudo era importante menos engrandecer o automobilismo brasileiro, a meia noite do sábado 15 de fevereiro de 2020, renascia a história do endurance noturno no Autódromo de Interlagos, largou a Mil Milhas do Brasil 2020.
Em 11 horas de prova teve Mercedes trocando tinta com Protótipo, rodada, batida no guard-rail, Ginetta pegando foco no box e voltando para pista para liderar e vencer a prova, coisas que só o endurance na maioria das vezes, proporciona.
O mais importante em tudo isso: tiveram aqueles 12 carros, daquelas poucas equipes e alguns pilotos que acreditaram, e fizeram o show de faróis iluminarem a madrugada no Autódromo de Interlagos, e fizeram brilhar também, os olhos do público apaixonado por esse tipo de corrida, e que não sentia essa emoção por mais de uma década.
Quem teve a possibilidade de estar no autódromo ou assistiu pela TV, possivelmente opina o mesmo, a Mil Milhas do Brasil 2020 aconteceu e foi bonito de ver.
E nesse caso, em uma corrida pura e unicamente brasileira que lutou para agitar sua bandeira de largada, independente dos bastidores, independente da organização, pensando exclusivamente no momento que vive o pífio automobilismo verde e amarelo, uso parte de uma frase de Rubens Barrichelo: “… acho que deveríamos idolatrar mais … o que a gente tem, porque é um produto brasileiro.”
Está na hora de pensar mais no automobilismo “daqui”. A União faz a força, que venha Mil Milhas do Brasil 2021!