Resenha: “Depois” de Stephen King

11 de maio de 2021 0 Por Fernando Rhenius

Todos temos algum segredo. Pode ser algo grave, simples ou uma coisa boba. somente nós podemos mensurar o nível de “gravidade” do segredo e o mais importante, para quem contar. 

Essa é a premissa de “Depois”, um dos últimos livros de Stephen King. Últimos porque “Billy Summers”, está previsto para ser lançado no dia 3 de agosto nos EUA. A editora Suma já anunciou que irá publicá-lo no Brasil. 

Em comparação com outros trabalhos de King, “Depois” pode ser considerado um bilhete. Em 190 páginas, o leitor acompanhará a história de James Conklin, uma criança que tem uma peculiaridade, consegue ver pessoas mortas. 

Ao contrário de outras obras, onde o morto vem para assombrar e botar o terror, os mortos que Jamie enxerga, são seres pacíficos. As mortes são de causas variadas, atropelamento, problemas de saúde e assassinatos. 

Sua mãe  não levava a sério o poder do filho no começo, mas com o passar do tempo, Thia, começa a dar crédito aos relatos do filho. O pacto entre eles é manter o segredo custe o que custar, algo que mãe acaba contando para sua companheira Liz, uma detetive que também possui segredos e que irão mudar os rumos de Jamie e até a vida do adolescente. 

Jamie não chegou a conhecer o pai e não se importou quando descobriu o relacionamento da mãe com a amiga. Sempre discretas, Thia e Liz nunca tiveram problemas com isso, até porque o já adolescente, tinha muito com o que se preocupar. 

O problema de ver gente morta não era problema para Jamie. O que ele poderia fazer? As coisas começaram a mudar quando Liz precisou dos seus “poderes” para descobrir onde um fanático tinha colocado uma grande quantidade de explosivos. 

O que deveria ser algo fácil, já que os mortos não poderiam fazer nada, acabou se tornando um sério problema para nosso protagonista. Liz sabia do seu segredo, estava envolvida com negócios escusos e o morto não estava colaborando. 

A partir desta tríade, as coisas desandam.  Em outros livros o King prolixo teria arrastado a história, por centenas e centenas de páginas. Não foi o que aconteceu. Em “Depois” a história flui de tal maneira que, quando menos esperar, o livro termina. E acredite, tem muita coisa para acontecer até a página 190. 

Quem associa o escritor a histórias de terror, terá em “Depois” uma excelente oportunidade de conhecer um Stephen King atual, sem tanta enrolação, mas com um pézinho no sobrenatural, sua marca mais do que registrada. Outra característica do autor, é a menção de outras obras ou personagens. Elas não têm relação direta, mas poder relembrar esse lugares é algo comum que nos dá uma grande nostalgia. 

Hard Case Crime e Stephen King

Edição em capa dura de Depois nos EUA. (Foto: Divulgação)

“Depois” é o terceiro livro que King publica através do selo Hard Case Crime. Criado por Charles Ardai em 2004, o selo remete aos romances policiais dos anos 50 e 60, vendidos em bancas de jornais, uma das características do selo são as capas com desenhos comuns à época. 

King publicou três livros através do selo: The Colorado Kid (2005), Joyland (2013) e agora Depois. O selo possui vários autores de sucesso e best sellers. Uma das marcas registradas da Hard Case Crime, é sempre ter uma mulher em poses sensuais na capa, algo comum nos romances policiais da época. 

“Adoro o formato Hard Case, e esta história – combinar um menino que vê além do nosso mundo e fortes elementos de crime e suspense – parecia uma combinação perfeita”, disse Stephen King, durante o lançamento do livro. 

“Depois é uma bela história sobre crescer e enfrentar seus demônios – sejam eles metafóricos ou (como às vezes acontece quando você está em um romance de Stephen King) a coisa real”, disse Charles Ardai. “É assustador, terno, comovente e honesto, e estamos muito animados para apresentá-lo aos leitores”, comemorou. 

Você tem segredos? Todos temos. Depois é um bom exemplo de que nem sempre podemos confiar em quem gostamos. 

O livro pode ser adquirido aqui. A tradução ficou por conta de Regiane Winarski