O terror real e o sobrenatural em O Iluminado

31 de agosto de 2023 0 Por Fernando Rhenius

Por definição terror significa “Algo ou alguém que consegue aterrorizar, causar medo, pavor, circunstância perigosa; em que há excesso de obstáculos ou dificuldades”. Em suma, tudo aquilo que te assusta. 

E o que seria esse medo? Bem, cada indivíduo tem os seus pavores, teme algo, o seu horror particular. Inicialmente,  na literatura, ele é difundido e explorado de várias formas. Seja com objetos, locais, monstros e pessoas comuns. Se muita coisa sai da cabeça do autor, outras ele pega na casa ao lado, é ali que o terror realmente acontece. 

 Assim, essa atmosmosfera que encontramos em O Iluminado, livro lançado em 1977 por Stephen King. Nele, um professor e sua família cuidarão de um hotel (Overlook) durante o inverno. Sozinhos, Jack Torrance, Wendy e o filho Danny têm um hotel inteiro para desfrutarem. O que eles não sabem, é que o hotel possui um passado sombrio e que muitas coisas ruins aconteceram por lá. 

 Como era comum nos livros de King nos primórdios, o sobrenatural era bem evidente. Monstros, barulhos às 03h, cheiros e muito sangue. O que poucos percebem, é que o terror que assusta mesmo, é bem real. 

 O Iluminado explora o terror do cotidiano

A capa da edição ameicana (Foto: Divulgação)

Durante a história, descobrimos que Jack possui problemas com a bebida. Brigou na escola que lecionava, agrediu o filho e sempre ridicularizou Wendy. Além disso, o emprego no Overlook seria apenas mais um recomeço. Ao contrário do que se possa imaginar, ele não nasceu assim. Foi moldado pela convivência conturbada que tinha em casa. O pai de Jack gostava de uma bebida e descontava suas frustrações nos filhos e esposa. 

A cena, não é nada diferente vivida nos lares brasileiros. O pai da prole chega, geralmente embriagado, e desconta o seu ódio na família. Apesar disso, passada a ressaca, o amor aflora, como se nada tivesse acontecido. 

No outro lado da balança temos a Wendy. Ela cresceu sendo ridicularizada pela mãe, que tinha uma predileção pela irmã. Sempre foi considerada fraca e como consequência, levou para a vida. Para piorar, casou com um homem também autoritário que não tinha dificuldades de deixar a esposa mais para baixo ainda. 

Para piorar? Ambos não tinham dinheiro, apenas um Fusca velho e muitos sonhos. Para fechar, o principal integrante da família Torrance, Danny, tinha um dom, era o iluminado. 

Danny pode ouvir e coisas, prever coisas. Se isso para muitos é considerado uma dádiva, para o pequeno era um fardo. Ele podia ler os pensamentos dos pais, seus medos e desejos. E mesmo após ser agredido por Jack, o amor continuou. A sintonia entre pai e filho causou muitas vezes o ciúme da mãe.

Entretanto, como ele amava aquele homem? Wendy não percebia ou sabia. O fato é que mesmo sem saber o elo mais fraco da família não era a “frágil” Wendy, mas o instável Jack.

 A história

Junte os dramas familiares e bote o sobrenatural no bolo. Temos uma história realmente assustadora. King é especialista em aflorar essas características dos personagens em situações extremas. 

Uma parte que merece destaque são os mistérios que envolvem o Overlook. Jack fica fascinado com a história sombria do hotel. Entretanto, que ele não sabe, é que quanto mais lê sobre o local, mais tem a mente absorvida. Como é um ex-alcoólatra, tudo fica mais fácil para a turma do submundo. 

Além disso, cabe a Wendy proteger o filho (ou seria o contrário?) Assim, inicia-se uma verdadeira guerra para tentar convencer um lunático Jack a saírem do hotel com vida. Por fim, preparados para se hospedarem com uma linda vista para as montanhas?