Delegado prende médico após ter atendimento prioritário negado

30 de janeiro de 2022 0 Por Fernando Rhenius

O delegado Alex Rodrigues da Silva, da região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, deu voz de prisão ao médico Fábio Marlon Martin França. O caso ocorreu na última quinta-feira. 

O motivo da prisão se deu porque o delegado exigia atendimento prioritário, após ter realizado exame, e testado positivo para Covid-19. Segundo testemunhas, o delegado chegou em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) apresentando sintomas gripais e realizou um teste para a detecção da Covid-19. Ao receber o resultado do exame, que deu positivo, o policial solicitou atendimento ao médico plantonista.

Como existia uma fila de pacientes na sua frente, o delegado foi informado que precisava esperar sua vez. Revoltado, ele saiu da unidade de saúde, voltando com dois policiais. Houve uma discussão, e o médico acabou preso. 

De acordo com o portal Metrópoles, a acusação inicial era a de que Fábio Marlon exercia a profissão ilegalmente, por não ter registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). Contudo, a Prefeitura Municipal de Cavalcante informou que Fábio faz parte do programa do Governo Federal “Mais Médicos” e que, portanto, o registro no Conselho Regional de Medicina é um dos principais requisitos. Mesmo assim, o médico foi preso por supostamente ter reagido à prisão e desacatado os policiais.

Fábio Marlon foi levado para a delegacia da cidade e, em seguida, para o presídio de Alto Paraíso de Goiás, onde permaneceu durante a noite. Na manhã desta sexta-feira, 28, uma decisão da Justiça goiana autorizou a soltura do profissional de saúde.

Em nota, a Prefeitura de Cavalcante informou que Fábio atende no município desde 2016, sendo bastante querido pela população e colegas, sem nenhum registro que o desabone até o momento.

Também por meio de uma nota, a Polícia Civil de Goiás (PC-GO) deu sua versão dos fatos. De acordo com a corporação, o delegado procurou a UBS na última quinta-feira com sintomas de Covid-19. Ainda conforme a corporação, durante as idas ao posto médico para tratar de seus exames, e em decorrência da forma que o profissional o atendia, o delegado foi informado de que o médico estava atuando de tal maneira por insegurança, dado ao suposto exercício profissional irregular.

A entidade informa ainda que foram feitos levantamentos técnicos que apontaram que o registro profissional de Fábio junto ao CRM Goiás havia sido cancelado. Após ser confrontado pelo delegado, o médico teria se alterado e ofendido o delegado e sua equipe. Tais fatos, segundo a PC-GO, poderiam ser confirmados por pessoas que estavam no posto de saúde.

Após ser solto, nesta sexta-feira, Fábio Marlon disse não se arrepender de sua atitude. “Todos têm que ser iguais. Temos protocolos e temos que cumprir isso, independente do cargo”, afirmou o profissional. O médico ainda acrescentou que não é por uma pessoa ter “cargo superior” que irá passar à frente dos demais pacientes. Se esse é o preço para eu pagar, então que me prenda novamente, porque toda vez que acontecer isso eu vou fazer a mesma coisa. Não me arrependo de nada”, frisou.

A Delegacia-Geral de Polícia Civil informou que determinou o acompanhamento do caso pela Gerência de Correições e Disciplina. A Corregedoria da Polícia Civil de Goiás também deverá fazer o acompanhamento do caso