Todo ano é a mesma coisa. Com a chegada do Grande premio Brasil a Globo mobiliza grande parte do seu Staf de jornalistas para cobrir desde a chegada dos carros no aeroporto até o papel higiênico que as equipes usam nos banheiros dos boxes. Vinhetas são criadas, matérias especiais são feitas, tudo muito bonito e o sonho de qualquer torcedor que gosta de F1, mas não tem tempo de ficar vendo noticias na net ou comprando as poucas revistas especializadas sobre o assunto.
Ontem fui surpreendido com uma matéria feita pelo Luciano Burti para o Globo Esporte de SP. Burti explicava gírias da F1 como “pé de breque” “pé de chumbo” “braço duro” entre outras. Claro que ninguém é obrigado a decorar esse tipo de coisa, eu mesmo não gosto de futebol e não sou obrigado a entender giras como “frangueiro” “bola murcha” entre outras. O que me deixa triste é que não existe apenas 1 GP durante o ano, existem 17 ao redor do mundo que são super mal explorados. No domingo teremos uma super mega hiper cobertura, com atores, celebridades que possivelmente gostam de F1, mas só tem a oportunidade de demonstrar isso quando o GP chega ao Brasil.
Outro exemplo de como a coisa é mal aproveitada. Desde o ano passado o SPORTV canal por assinatura da Globo transmite os treinos livres e reprisa o treino oficial e a corrida. Ótimo! Os treinos livres são uma bela oportunidade do telespectador conhecer um pouco mais dos bastidores das corridas além de ouvir os belos comentários de Lito Cavalcanti. Mas como nem tudo são flores o SPORTV também transmite a entrevista coletiva no final da corrida com os vencedores e é ai que vemos como fazem um serviço apenas para cumprir tabela como se diz.
A f1 fala três idiomas, o Inglês o Italiano e o Alemão. Fora o brasileiro, espanhol, polonês e finlandês entre outros. A entrevista coletiva é dividia em 2 partes, primeiro as perguntas que são respondidas em Inglês e depois no idioma do piloto. A Primeira parte é perfeita. Podemos ter uma idéia de como foi acorrida, a avaliação do piloto e tudo mais. Quando chega a hora de falar o idioma nativo o canal simplesmente corta a transmissão. Será que é tão difícil achar um tradutor para polonês? Alemão? Acredito que não visto que não estamos falando de uma TV de cidade do interior e sim da 4º maior rede do mundo. Há casos extremos como o que aconteceu com Rubinho quando o mesmo foi ultrapassado por Button depois de uma ordem da equipe maquiada por um pit stop adiantado (se alguém souber o GP me avise). Era evidente que Barrichello iria soltar os cachorros em Button ou na equipe. Quando foi para o piloto falar em português a transmissão foi cortada para passar um VT do jogo do campeonato Argentino. Deplorável. Muitas vezes penso que gostam de fazer a imagem de Rubinho de piloto injustiçado, coitado que é sempre o prejudicado da história e que não é de bom tom ele falar o que realmente pensa na TV, até por que naquele momento ele não falaria palavrões ou iria ameaçar a mãe de seu companheiro de equipe.
Na minha humilde opinião a F1 poderia ser melhor aproveitada, com a criação de um programa especifico para ela antes ou depois de um GP com a opinião de pilotos, chefes de equipes nos mesmo moldes do “linha de chegada” programa que Reginaldo Leme transmite no SPORTV ou o “limite” programa sobre várias categorias que passa na ESPN Brasil. Infelizmente nem todos podem ter canais pagos e muita coisa boa nem chega para o torcedor. A meu ver os únicos jornais impressos que dão uma cobertura digamos “descente” são os grandes jornais como o Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e O Globo. Os Jornais de médio porte se limitam a copiar exatamente o texto que as principais agencias de notícias (Globo, Estado) lançam em seus portais. Também é raro ver colunas sobre o esporte ou outra categoria.
No rádio a Jovem Pan e a Transamérica fazem uma cobertura muito boa com notícias não só durante o final de semana que acontece o GP, mas com boletins diários e análise de comentarias.
Poderia ser melhor? Poderia, entretanto a Globo é uma das poucas emissoras do mundo que transmite a corrida inteira sem intervalos comerciais, caso bem comum nos canais como SPEED e ESPN com seus inúmeros intervalos. Claro que o Brasil tem público com poder aquisitivo que iria consumir muito mais automobilismo se o mesmo fosse divulgado de uma forma mais ampla e organizada, como acontece com o futebol, com seus programas especiais, inúmeras matérias que ajudariam novas gerações de pilotos, a criação de novas categorias e a geração de empregos com a fabricação de roupas, capacetes e carros.
Na Europa as próprias montadoras exploram e muito o poder que a F1 exerce sobre seus fãs. Lá vitória é argumento de venda em concessionárias, seja na FIAT, BMW Toyota. No Brasil a única que explora esse nicho é a Renault e olhe lá.
Bem isso foi apenas um exemplo de como os grandes meios de comunicação poderiam melhorar a transmissão e a cobertura da principal categoria de automobilismo. Resta torcer para que algum dia isso mude.