Síndrome do Pânico: Como tratar e prevenir

5 de maio de 2021 2 Por Fernando Rhenius

Paralisia do corpo, incapacidade de se mover, tremores e medo, muito medo. Parece aquelas cenas de filmes de terror, quando o assassino persegue a vítima e ela se esconde dentro do armário ou fica sem ação.

Se no cinema a situação gera desconforto, no mundo real ela tem nome: Síndrome do Pânico. Muitas vezes tratada com descaso e total falta de apoio de familiares e amigos do paciente, a síndrome do pânico requer cuidados e tratamento realizado por profissionais especializados.

De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que entre 4 e 6 milhões de brasileiros sofram com esse transtorno. Os casos não são exclusividade no Brasil. Nos Estados Unidos, 71% da população já passaram ou passam por crises de pânico. Muitos não sabem sequer que possuem tal problema.

O país é o campeão quando o assunto é depressão. Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que 5,8% da população sofre de depressão, número que fica acima da média mundial, que é de 4,4%.

Em números absolutos, 12 milhões de brasileiros sofrem com a doença. Enquanto no país houve uma redução nas mortes por suicídio nos últimos anos, em cerca de 32%, o Brasil segue na direção oposta, registrando entre 2006 e 2015, um aumento de 24% no número de suicídios cometidos pela população de 10 a 19 anos. Os números podem ter sofrido alterações desde que a pandemia de Covid-19 vem dizimando, a cada dia, milhares de pessoas.

Com o isolamento social, desemprego, número de mortes cada vez maior, é normal desenvolvermos algum tipo de distúrbio psicológico, e é aí que pode haver o surgimento de síndrome do pânico.

“É cada vez mais comum o relato de pessoas vivenciando algum tipo de sintoma ou crise ansiosa. A ansiedade está sempre atrelada a algum tipo de sobrecarga emocional. Pela vivência de situações estressoras, a pessoa vai guardando internamente muitas coisas e chega em algum momento que começa a apresentar alguns sintomas”, explica o psicólogo, Jacson Vilcinskas Regiel, que trabalha Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cordeiros.

Segundo Jacson, as crises de pânico refletem momentos de ansiedade. Os sintomas podem ser físicos ou psicológicos. “A pessoa realmente tem a sensação que está tendo alguma alteração biológica e geralmente, até acha que está com algum problema cardíaco o que pode  causar infarto”, enfatiza Jacson.

A pessoa pode desenvolver o problema depois de se recuperar de um trauma (doença, morte de familiares), e em casos extremos, se fechar. Há casos em que a pessoa sequer consegue sair do quarto, por sentir um medo extremo.

Como se prevenir das crises de Pânico:

 

  • Sempre quando algo te chatear, converse com alguém sobre isso. Lembre-se, sentimento ruim não é dinheiro para ficar guardando;
  • Respeite os seus limites – não queira abraçar o mundo e dar conta de tudo. Você é humano e precisa respeitar o que está ao seu alcance e aceitar o que está para além de suas possibilidades;
  • Cultive relacionamentos saudáveis – aprenda a compartilhar seu ponto de vista e demonstrar o que você sente;
  • Realize alguma atividade física (que você gosta) – encontre algum tipo de atividade que te faça bem e a pratique regularmente;
  • Tenha momentos de descanso e lazer.

Tratamento

 

Assim como outros transtornos, a síndrome do pânico possui tratamento, seja particular ou pelo SUS.  O primeiro passo é reconhecer que está passando por um momento delicado e buscar apoio. “É possível controlá-las com acompanhamento psicológico. Em casos mais graves, é necessário também a avaliação médica, para a utilização de tratamento medicamentoso”, explica Jacson.

Uma conversa com o psicólogo, ou até mesmo com um amigo é fundamental para “pôr para fora” o que está sentindo. Guardar sentimentos, preocupações ou aquela coisa que está lhe incomodando pode virar uma “bola de neve” dentro da sua cabeça e trazer consequências sérias.

Mesmo a pessoa transparecendo felicidade ou bem-estar, rodeada de amigos e tendo uma vida social agitada, ela pode não estar feliz. Se fechar, acaba sendo um refúgio seguro, mas não resolve.

“Através da psicoterapia, o paciente poderá externalizar o que sente, compreender o que está causando as crises  e aprender a lidar com as situações que estão causando o seu sofrimento. É um processo de transformação e mudança interior. Dependendo da intensidade e frequência das crises, o psicólogo poderá, caso avalie ser necessário, encaminhar para avaliação médica”, alerta o psicólogo.

Onde procurar ajuda?

 

Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio e depressão atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias.

Os voluntários da ONG oferecem apoio emocional e uma conversa que pode salvar vidas. Para maiores informações basta ligar para o número 188 ou através do site www.cvv.org.br.

O Caps – Centro de Atenção Psicossocial – Oferece apoio a adultos com transtornos mentais graves e persistentes através de projeto terapêutico singular. Para receber o atendimento é necessária uma consulta prévia nas unidades básicas de saúde mais próxima da sua casa. Com o encaminhamento, o profissional do Caps fornecerá o atendimento adequado.

Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPS i)

Endereço: Rua Alfredo Trompowisky, 405 – Vila Operária

Telefone: (47) 3908-5861 / 3908-5862

Horário de atendimento: 7h às 18h, de 2ª a 6ª feira

E-mail: capsi@itajai.sc.gov.br

 

Centro de Atenção Psicossocial Adulto (CAPS II)

Endereço: Rua Alfredo Trompowski, nº 485 – Vila Operária – Itajaí

Telefone: (47) 3908-5764 / 3908-5765

Horário de atendimento: 7h às 18h, de 2ª a 6ª feira

E-mail: caps2@itajai.sc.gov.br

 

Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD)

Atende, a partir de elaboração de projeto terapêutico singular, pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.

Endereço: Rua Alberto Werner, 655 – bairro Vila Operária

Telefone: (47) 3908-5863 / 3908-5864

Horário de atendimento: 8h às 19h, de 2ª a 6ª feira

E-mail: capsad@itajai.sc.gov.br

Para saber mais

A literatura é uma ótima opção para quem busca conhecer mais sobre a síndrome do pânico e os transtornos de ansiedade. Os livros possuem links para compra.

Cada livro aborda o tema por especialistas e jornalistas, baseado em relatos de pacientes, ou por experiência própria. A sinopse dos livros foi fornecida pelas editoras.

Quando o corpo grita: Síndrome do pânico

Em 1991 o jornalista Hiltor Mombach foi tomado por um pavor indescritível, um sentimento desconhecido até então. Peregrinou por consultórios médicos, realizou vários exames do coração e nada. Não havia um diagnóstico. Através de sua esposa, Judith Vergara Martins Costa, soube que poderia estar sofrendo de síndrome de pânico. Um psiquiatra confirmou o diagnóstico. Começou ali um processo de convivência com a doença que se estende até os dias atuais. As sessões de terapia foram decisivas na compreensão da síndrome. O cérebro dispara uma mensagem de morte iminente. A crise, sempre dramática, pode durar horas.

Este livro traz o relato da descoberta da doença, seu tratamento e as formas de como é possível, em alguns casos, prevenir a crise.

Meditação para céticos ansiosos: 10% mais feliz na prática

Após sofrer um ataque de pânico ao vivo na TV, diante dos milhões de espectadores que assistiam a seu programa na rede ABC News, Dan Harris se tornou um ávido meditador – e, segundo sua esposa, uma pessoa muito menos irritante.

Agora, depois do grande sucesso de seu livro de estreia – 10% mais feliz –, ele decidiu se juntar a Jeff Warren, um excepcional professor de meditação, para ensinar como driblar os obstáculos mais comuns na hora de estabelecer uma rotina consistente de prática.

Com uma linguagem divertida e irreverente, Meditação para céticosansiosos é um guia completo para iniciantes, derrubando os principais mitos e equívocos que cercam a meditação. Perfeito para aqueles que acham que meditar é só para quem coleciona cristais, usa roupas esquisitas e fala “namastê”.

Além disso, traz uma série de práticas guiadas, feitas sob medida para você que gostaria de começar, mas acredita que nunca conseguiria sentar-se em silêncio por alguns minutos ou simplesmente acha que não tem tempo para isso.

Meus tempos de ansiedade: Medo, esperança, terror e a busca da paz de espírito

No dia de seu casamento, Scott Stossel viveu os momentos mais aterrorizantes de sua vida. Ele não foi deixado pela mulher no altar nem mudou de ideia na última hora. Tudo aconteceu nos conformes, exceto pelo fato de que ele passou a cerimônia tremendo de pavor e encharcado de suor. Na noite que deveria ser a mais importante e especial de sua vida, ele só pensava na morte, em desaparecer: ele não estava lá.

A partir de sua própria vivência da ansiedade, o editor da revista Atlantic investiga essa doença que, se não existia como categoria diagnóstica 35 anos atrás, hoje é o mais comum distúrbio mental oficialmente classificado. Embora seja generalizado, o mal permanece uma incógnita, muitas vezes mal compreendido. Trata-se, afinal, de um estado espiritual, um distúrbio neuroquímico, um trauma psicológico? Entre o relato íntimo e a exposição de argumentos de autoridade, o autor nos oferece uma história de todas essas perspectivas, da médica à filosófica, das mais remotas às contemporâneas.

Stossel revela ainda as várias formas de tratar a ansiedade e administrar seus efeitos incapacitantes. Eliminá-la, como mostra o autor, seria impossível, e talvez até prejudicial: afinal, o que seria do homem sem inquietações? “Enfrentar e compreender a ansiedade”, nos diz Stossel, “é enfrentar e compreender a condição humana.”

O demônio do meio-dia

Lançado em 2000, O demônio do meio-dia continua sendo uma referência sobre a depressão, para leigos e especialistas. Com rara humanidade, sabedoria e erudição, o premiado autor Andrew Solomon convida o leitor a uma jornada sem precedentes pelos meandros de um dos temas mais espinhosos e complexos de nossos dias. Entremeando o relato de sua própria batalha contra a doença com o depoimento de vítimas da depressão e a opinião de especialistas, Solomon desconstrói mitos, explora questões éticas e morais, descreve as medicações disponíveis, a eficácia de tratamentos alternativos e o impacto que a depressão tem nas várias populações demográficas (sejam crianças, homossexuais ou os habitantes da Groenlândia).

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