Até quando Tudo é Eventual?
25 de junho de 2016O que é eventual? Segundo o dicionário: “adj. Cuja certeza não pode ser comprovada; que pode ou não acontecer; casual. Que acontece em certas circunstâncias; ocasional.” Este é clima que se encontra no livro Tudo é Eventual, livro de contos de Stephen King, lançado no Brasil em 2005 pela editora Suma de Letras. Nos EUA a obra ganhou vida em 2001.
Com 14 contos, que tiveram sua disposição segundo o autor baseadas em um jogo de cartas, “Tal ordem criou de fato um equilíbrio muito bom entre as histórias literárias e aquelas escritas obviamente para assustar.” Disse King no sumário. A falta de previsibilidade, com reviravoltas e finais nem sempre óbvios, fez muito bem no manuseio da obra. Histórias curtas, seguidas de textos mais longos. Um conto de terror, e para dar uma aliviada na leitura um texto um pouco mais leve, com um ar cômico.
O tamanho dos contos também foi bem escalonado, dando a oportunidade de se programar para a leitura e não deixar nada para trás. Outro diferencial da obra é o diálogo que King tem com seus leitores. Antes ou pós cada história, uma explicação sobre sua criação. O livro também conta com uma introdução que uma crítica incrustada. King nunca foi fã de inovações na publicação de suas obras. Com o advento dos ebooks, o autor sempre se manteve longe desta novidade. Lançou dois trabalhos nessa mídia. “Andando na bala”, presente no livro e “Milha 81”, este somente em formato digital, ainda…
Sala de autópsia 4
Este conto abre os trabalhos. Se você tem medo de ambientes fechados, pânico de morrer asfixiado ou sua mente congela quando em algum filme vê uma pessoa com a boca costurada, vai faltar ar para descobrir o destino de Howard Cottrell. Um pacato corretor de imóveis que do nada acorda em uma cama de um centro médico.
Cottrell está acordado, pelo menos é o que pensa. Seus únicos companheiros na sala são uma médica e dois auxiliares. Ele tenta falar, mas apenas seus olhos conseguem passar alguma informação. O pânico começa a tomar conta do seu corpo e mente, principalmente quando percebe a quantidade de utensílios cirúrgicos que estão ao seu lado prontos para rasgar seu corpo.
“Mas se eu estou morto, como posso ter sensações? Sentir o cheiro deste saco? Como posso ouvir essas vozes, a médica dizendo que no próximo sábado vai dar banho no cachorro que também se chama Rusty, que coincidência, e ouvir todos eles rindo? Se estou morto, por que também não desapareci ou entrei por aquela luz branca de que sempre falam no programa da Oprah?” Página 21.
A medida que a história ganha corpo, a sensação de aprisionamento do personagem e principalmente a nossa aumenta. Somente no final conseguimos soltar aquele “ufa!” Mais por conseguir se livrar daquela sala, do que pelo destino de Cottrel.
O homem do terno preto
Quem foi criança sabe, principalmente os mais levados. Para conter o ímpeto de seus rebentos na pré-adolescência, muitos pais acabam criando monstros para deixar seus filhos mais ajuizados. A medida muitas vezes pode até ser benéfica, mas os traumas que ficam na mente dos pequenos duram para sempre.
Histórias envolvendo o homem do saco, são comuns. Ele tem vários nomes dependendo da região. Foi mais ou menos isso que viveu Gary. Um menino de nove anos que no verão de 1914, tinha entre as obrigações ajudar os pais. O único passatempo que uma criança de Motton nos EUA poderia ter naquela época. Pescar.
Naquele dia Gary deixou os afazeres de lado e resolveu tentar a sorte no rio Castle. Queria surpreender o pai e é claro tirar uma folga do trabalho da fazenda. Mesmo com o aviso de não ultrapassar os limites do bosque e principalmente a bifurcação do rio, não se conteve.
Passou dos limites estipulados pelo pai. A pescaria ia bem até ser abordado por uma figura suspeita. O homem sabia seu nome e profetizou algo que deixaria o pequeno aterrorizado. Correr seria a melhor opção, e assim o fez. Como iria escapar de alguém mais forte e mais velho? Qual seria a reação do pai ao se defrontar com aquele homem?
“Virei a cabeça para ver quem batera palmas. Havia um homem em pé lá em cima, no limite das árvores. Tinha um rosto muito comprido. Pálido e estreito, e seu cabelo escuro penteado para trás seguindo o formato do crânio era repartido com rigoroso cuidado do lado esquerdo. O Homem muito alto, vestia um terno preto completo, com colete, e eu soube imediatamente que não era um ser humano porque seus olhos tinham o vermelho alaranjado das chamas de um fogão a lenha.” Pagina 54.
Muitas vezes duvidamos do que cruza nossa vida em determinada época, ou do que nossos filhos contam que ouviram ou viram algo na rua a noite ou dentro do armário. Algumas lembranças são para sempre, e nem toda são boas.
Tudo o que você ama lhe será arrebatado
Todos temos nossas manias. Muitos são chamados de excêntricos por colecionar latinhas de cerveja, brinquedos dos anos 70 ou bolinhas de gude. Independentemente da idade todos acabamos angariando coisas que entulham nossa casa, mas que revelam muito da nossa personalidade.
Isso pode ser algum distúrbio emocional. Muitos podem acabar naqueles programas de acumuladores. Este não era o caso de Alfie Zimmer. Um solitário vendedor que parou em um hotel a beira da interestadual 80 a oeste de Lincoln.
Zimmer também colecionava algo, frases que decoravam as portas de banheiros. Muitas delas tinham sua poesia, outra era apenas um modo dos seus autores destilarem seu ódio sobre qualquer coisa.
Cada vez que encontrava alguma frase que julgasse relevante acabava transcrevendo em sua caderneta vermelha. Era sua companheira de muitos e muitos anos. Cada frase lhe reavivava a memória. Mas Zimmer era um homem solitário, e pessoas solitárias tem pensamentos suicidas em algum momento da vida.
“Alfie começara a coleção quando vendia os aparelhos para a leitura de códigos. Anotando vários trechos de grafites no caderno inicialmente se saber por que o fazia. Eram apenas divertidos, ou desconcertantes, ou os dois ao mesmo tempo. Entretanto, pouco a pouco, ficara fascinado com essas mensagens da Interestadual, onde as únicas outras comunicações eram faróis baixos, quando se rodava por ali sob a chuva, ou talvez alguém de mau humor fazendo um gesto obsceno quando se passava pela pista espalhando neve.” Página 78.
Entre o desejo de tirar a própria vida que julgava medíocre, Zimmer relia as frases que colecionava, e pensava na vida que tinha e na filha que tanto amava. Dentre os contos do livro este não tem terror, ou algo sobrenatural. Tem um final pouco convencional. Stephen King nos faz refletir que muitas vezes nos apegamos a bens, símbolos e acabamos deixando de lado o “mundo real” que existe a nossa volta.
A Morte de Jack Hamilton
Um conto ambientando nos anos 30, aonde bandidos eram tratados como heróis por muitos no melhor estilo Bonnie e Kleid. A história gira em torno de Johnnie Dellinger e seus comparsas. Caçados pelo FBI, criaram uma amizade mais intensa do que a de muitos casais.
“Na corrida para Aurora, Jack sentou-se apoiado na janela, a cabeça voando e a seguir batendo contra o vidro cada vez que passávamos para um buraco grande. Resmungando, ele mantinha uma longa conversa com gente que eu não conseguia ver quando já estávamos fora da cidade, eu e Johnnie tivemos que abrir as janelas. Caso contrário, seria difícil aguentar aquele cheiro. Jack estava apodrecendo de dentro para fora, mas não morria. Eu já tinha ouvido dizer que a vida é frágil e passa rápido, mas não acredito; seria melhor que fosse.” Página 103.
O companheirismo fica evidente durante todo o conto. A perseguição do “Bando Dellinger” como é chamado o trio de bandidos, passa por diversas regiões americanas. Fugitivos e machucados, os infratores da lei passam por provações e muitas vezes auto piedade. O crime compensa? King nos passa mais uma bela lição.
Na câmara da morte
Em algum país da América latina, Fletcher, um jornalista capturado pelo “sistema”. Amigo de alguém odiado ou que sabe demais do governo local, o americano é levado para algum bunker. Em um ambiente inóspito, todo tipo de tortura começa a ser feita em cima do informante. Seja com agressões, e principalmente psicológica, Fletcher está determinado a não revelar sua fonte.
“Fletcher olhou para Escobar e esticou os dedos da mão esquerda. Os músculos daquele braço ainda se contorciam, mas a sensação diminuía aos poucos. Pensou que, quando chegasse a hora, poderia usar o braço. E daí que Ramón atirasse nele? Heinz que experimentasse se sua máquina poderia ressuscitar o morto.” Página 153.
A história tem um clima claustrofóbico. A narrativa cheia de detalhes, mas apenas o suficiente, dá aquela sensação de aprisionamento. Os diálogos, a reação dos personagens, faz o leitor querer sair daquele ambiente quente, cheirando a umidade e impregnado pela fumaça do cigarro.
As Irmãzinhas de Eluria
Este é para quem acompanha a série “A Torre Negra”. Classificada pelo autor como sua obra mais célebre, conta a história de Roland de Gilead, um pistoleiro, o último em um ambiente distópico.
Sua busca é por um mago, Walter. O conto se passa no início desta busca. Para quem não leu a série, não vai se sentir perdido. Para quem leu, é a chance de conhecer mais alguns fatos sobre Gilead.
“Em algum momento posterior, ele abriu os olhos de novo, um pouco esperançoso de ver o rosto jovem e bonito da Irmã Jenna. Pairando acima dele. E aquela vírgula de cabelo escuro mais uma vez saindo da sua touca. Mas não havia nada. Os drapeados de seda lá em cima estavam mais brilhantes que nunca e, embora fosse impossível saber as horas com alguma precisão. Roland adivinhou que era por volta do meio-dia. Talvez três horas depois da sua segunda tigela de sopa das Irmãs.” Página 189.
Como dito, o pistoleiro acaba encontrando uma cidade, no melhor estilo velho oeste. O local, totalmente deserto o intriga. Começa a explorar os locais, acaba sendo surpreendido por seres monstruosos. Acorda em uma espécie de hospital aos cuidados de religiosas. Esta irmãs estariam ao seu lado, ou apenas o mantendo vivo para fazer algo com seu corpo e sua alma?
Tudo é eventual
O conto que dá título ao livro nos bota em um dilema. O dinheiro que vem fácil, vai fácil? Ambientado nos dias atuais, conta a história de Earnshaw. Adolescente, tipicamente americano com seus sonhos e alienação.
“Tinha um programa que eu e o Pug gostávamos e assistir num verão quando éramos garotos: o Golden Years. Você provavelmente não lembra dele. Seja como for, havia um sujeito naquele programa que costumava dizer “Perfeita paranoia é perfeita consciência”. Era o seu lema. E eu tipo acreditava naquilo.” Página 257.
Ele tem um dom, que é explorado pelo Sr. Sharton, um misterioso e elegante homem que lhe propõem um trabalho. A recompensa em dinheiro seria interessante para um adolescente que passava o dia assistindo TV, comendo, indo ao cinema e mexendo no computador. A narrativa é interessante e nos faz pensar que o dinheiro, o gigante que move o mundo nem sempre é aquilo que aparenta ser. Ele abre portas, mas a qual custo?
A Teoria de L.T. sobre Animais de Estimação
Ainda antes do conto, King avisa que é o seu preferido neste livro. Isso acaba deixando o leitor intrigado e ávido para terminar de ler. A história é cômica. Relata a vida de um casal que não anda muito bem.
Relacionamentos são assim. Sempre um acaba gostando mais do que o outro, e muitas vezes aquele presente que poderia ser a salvação de um relacionamento desgastado se tora a vírgula que faltava para o fim.
“A gata não quis nada com ela desde o primeiro dia. De vez em quando, a gente podia imaginar que Frank pelo menos tentava se dar bem comigo. Sua natureza sempre vencia essa tentativa no final, e ele mastigava um dos meus tênis ou dava outra mijada numa cueca, mas às vezes parecia estar se esforçando. Lambia minha mão e talvez me desse um sorriso. Mas geralmente era quando eu tinha alguma coisa na mão de que ele quisesse um naco.” Página 281.
L.T um homem comum, provavelmente comum demais aos olhos da esposa, nunca entendeu o por que dela sumir. Antes disso lhe presenteou com um gato, e ela lhe deu um cachorro. O que era para ser algo frutífero acabou virando um inferno. Nenhum dos dois acabou gostando dos animais que receberam.
As implicâncias fizeram sua esposa sair de casa repentinamente. O que seria triste, se torna hilário com a guerra entre gato e cachorro sendo o ponto alto do conto. Mesmo assim, o terror tem seu espaço e ele vai aparecer da melhor forma possível.
O Vírus da Estrada vai para o norte
Todos temos em casa objetos que muitas vezes ganham uma vida em nosso imaginário. Quem nunca ganhou algo que por mais simples e que tenha sido dado com um enorme carinho acabou causando arrepios? Pois é! Esse é o enredo que vamos encontrar neste conto.
Stephen King sempre criou personagens que tem a escrita como profissão. Aqui não é diferente. Richard Kinnell, assim como outros exemplos em sua obra, King deu um ar independente para Richard. Um homem solteiro, e de hábitos simples, bem parecido com o próprio Stephen tirando o fato do feliz casamento na vida real.
Richard voltando de uma conferência em Boston, acaba se interessando por um quadro que estava à venda em uma feira de garagem, coisa bem típica nos EUA. O quadro tinha a figura de um jovem em um carro esportivo rodando sob uma ponte.
O que fez Richard comprar o quadro além da sua misteriosa beleza, foi descobrir que o autor, um jovem com problemas com drogas morrera depois de atear fogo em todos os quadros que pintara.
Assim que botou o quadro em seu carro, seguindo para sua casa notou que a figura mudava de forma como se previsse o que aconteceria. A aflição é bem escalonada durante a narrativa. Você realmente vai olhar os quadros da sua casa com uma desconfiança após ler este conto.
“O grau de um sorriso… a visão de dentes aguçados alargando-se ligeiramente… os olhos oblíquos e apertados… são coisas bastante subjetivas. É possível a pessoa se equivocar sobre isso, e certamente ele não tinha estudado a pintura antes de comprá-la. Além do mais, havia a distração imposta pela Sra. Diment, capaz de deixar maluco um frade de pedra.” Página 301.
Este conto teve uma adaptação para a TV com a série Nightmares & Dreamscapes. O episódio ganhou o nome de A Pintura. No Brasil passou no canal Warner Channel além de um box em DVD. Para quem assistiu o episódio, vai perceber que muito do terror e da agonia de se sentir perseguido pelo quadro é mais destacado no livro.
Almoço no Café Gotham
Relacionamentos sempre são um bom ponto de partida para qualquer história. Nesta história não é diferente. Diane em um belo dia resolve terminar o casamento com Steven Davis, um pacato corretor (para ele pacato até demais). Sem ação, Steven começa sua nova vida aos trancos e barrancos.
Passados alguns dias recebe o telefone do advogado de Diane, marcam um encontro no Café Gotham, para acertar os pormenores da separação. Poderia ser uma conversa cheia de rancor e mágoas, mas se torna extremamente violenta. Quem vai dar o primeiro tiro? Daiane? Steven?
“A expressão de absoluto horror no rosto dela esmagou até as esperanças que eu nem sabia que tinha. Em vez de responder, ela olhou para Humboldt.” Página 333;
Este conto é um dos mais curtos do livro. Não vou me estender para não falar o fim da história ou o personagem protagonista. Considero ele um dos mais violentos desta coletânea. Pessoas com medo de ambientes muito movimentados podem achar as situações da história as mais terríveis possíveis.
Você só pode dizer o nome daquela sensação em francês
Qual é o nome daquela sensação que temos quando nos lembramos de algo e que só se pode falar em francês? Déjà-vu. Temos essas sensações que são lembranças de eventos passados. Mas quando são é de algo que ainda não ocorreu?
Carol e Bill Shelton, se não fosse pelo “t” seriam parentes de Paul Sheldon, escritor que é refém de Annie Wilkes em Misery. Passando uma segunda lua de mel na Flórida, tudo parecia estar como o combinado, mas não é bem assim.
“Maria ajuda os doentes da Flórida, pensou ela, sem nenhuma ideia do que significa o pensamento. E nesse momento houve um bipe quando o piloto ligou a luz de apertar o cinto. Tinham iniciado a descida final. A zoeira alucinada vai começar, pensou, apertando o cinto.” Página 361.
Como um filme sem um roteiro definido, Carol começar a prever os locais que ainda não foram percorridos pelo casal. A narrativa pode pegar o leitor desprevenido, e a atenção tem que ser total do começo ao fim. O final é bem diferente do que se pode imaginar neste tipo de história no tempo.
1.408
Ambientes assombrados. Todo lugar tem. Não seria diferente no hotel Dolphin em Nova York. Mike Enslin um escritor (mais um), se especializou em relatar as lendas urbanas de ambientes como o quarto 1408.
Segundo consta, muita gente morreu local. O gerente do hotel, Olin tenta a todo custo impedir que Enslin passe a noite no quarto. Sem sucesso.
“-e não há nenhuma turnê sobre fantasmas que pare no Hotel Dolphin, embora façam essa turnê no Sherry-Netherland, no Plaza e no Park Lane. Temos mantido o 1,408 tão quieto quanto possível…” Página 381.
Outro conto que ganhou as telas tendo como protagonistas John Cusack que interpreta Enslin e Samuel L. Jackson como o gerente Olin. Se o filme te assustou, o livro assusta mais. Mesmo tendo visto o filme vale a pena ler o conto. É um ótimo exercício para comparar os detalhes entre as duas obras, mesmo sabendo que o filme não substitui o livro em hipótese alguma. A história nos faz pensar aquele ditado: “cuidado com o que desejas.”
Andando na bala
Tomamos um baque quando recebemos a notícia de que um parente morreu ou que está gravemente ferido, internado. Não tem como ficar indiferente, por mais que você possa não gostar dele. Eleve isso a décima potência quando a pessoa doente é a sua mãe.
Esta foi a forma de Stephen encarar a morte de sua progenitora. Nunca estamos preparados, e ele botou no papel seus sentimentos, medos e frustrações. Alan Parker recebe a ligação de uma amiga de sua mãe, Jean. Com a notícia de que ela teve um derrame. Alan começa sua peregrinação para chegar ao hospital, já que estuda em outra cidade.
“Uma névoa rasteira, bonita e fulgurante levantava-se da relva. As árvores rodeando o cemitério dos três lados sussurravam ante a brisa que começou a soprar. De algum lugar além do cemitério, vinha o som de água correndo e o ocasional plunque-plunque de uma rã. O lugar era lindo e estranhamente tranquilizador, como um quadro num livro de poemas românticos.” Página 419.
Como não tinha dinheiro e morando em uma região universitária, a carona acaba sendo a forma mais rápida e econômica para chegar ao seu destino. Mas que tipo de pessoas estão dispostas a nos oferecer ajuda em momentos como este? E qual o preço que se deve pagar? Com certeza mais caro do que uma passagem de ônibus, coisa que Alan vai perceber na ida até o hospital.
Este é outro conto que teve uma versão para o cinema. Lançado em 2007, “Montado na bala”, é uma ótima produção, mas como comentei no conto anterior, o filme é apenas uma versão do conto original. Para se aprofundar mais e viver melhor a história a versão impressa é indispensável.
A moeda da sorte
Quem não sonha em ganhar na loteria, ou em uma mesa de jogos de algum casino de Las Vegas? Este é o objetivo de Darlene Pullen. Camareira do The Rancher´s Hotel.
Como forma de incentivo no trabalho das camareiras, o hotel deixa em cada quarto um envelope para ajudar na “caixinha”. Nem sempre os hospedes são amáveis e deixam algo pomposo no envelope.
Darlene já não contava com a grana extra, até que certo dia um hospede botou singelos 25 centavos como agradecimento pelo serviço bem prestado. Como 25 centavos podem mudar a vida de uma pessoa? Ela estará preparada para esta mudança?
“O 322 – aquele cavalheiro – deixara 25 cents no seu. E provavelmente lhe deixara algo nos lençóis também, sem falar numa lembrança ou duas no vaso sem apertar a descarga. Porque alguns não conseguem parar de dar. Está em sua natureza.” Página 453.
O conto é engraçado e muito dinâmico, o menor do livro. King acertou em por algo leve para fechar sua obra, após dois contos violentos.
Conclusão
Tudo é eventual é o segundo livro de contos que leio de Stephen King. Se comparado com Escuridão Total sem Estrelas, podemos até considerar uma leitura mais leve. Tem seus contos de terror, mas muitos são “calmos” e até cômicos. O que não muda, são os finais surpreendentes, as passagens de tempo muito bem escritas, além do diálogo dos personagens. É possível traçar a personalidade demoníaca, em algumas linhas de leitura.
Leitura super recomendada.
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Ficha técnica
Tudo é Eventual
Tradução: Myriam Campello
Ficção
ISBN: 9788581050409
Lançamento: 18/08/2005
Formato: 16 x 23
Peso: 460 gramas
464 páginas
[…] Pessoas se tornando zumbis após usar o celular. Este é o enredo de “Celular”, filme baseado no livro de Stephen King, que teve o cartaz revelado nesta sexta (01). Estrelado por John Cusack e Samuel L. Jackson, mesmo dupla de 1408, outra obra baseada no trabalho de King, presente no livro “Tudo é Eventual”. […]
[…] última parte traz um dos seus mais célebres contos, 1408. King mostra o texto bruto e depois a versão editada, além de detalhar cada alteração. Um […]
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