Sala de Autopsia 4, para quem não é claustrofóbico

19 de outubro de 2016 0 Por Fernando Rhenius

O Halloween está no ar e nas mentes de todos os que são ávidos por terror, fantasmas e tudo o que remete ao medo. Seu ápice é no mês de outubro em países anglófonos, isto é, aqueles que tem como principal idioma a língua inglesa.

Com a explosão midiática, e os hábitos de consumo, esta tradição, está presente em todo o mundo nos dias atuais, muitas vezes superando culturais locais. Não se tem um consenso, sobre o surgimento do “Dias das bruxas”. Muitos creditam seu início a festas pagãs ou cristãs.

Para os pagãos, era uma celebração chamada Samhain, que pregava o culto aos mortos e a deusa YuuByeol, um símbolo da perfeição celta. Isso tudo no ano 45 a.C. Pelo lado católico, desde o século IV a Igreja da Síria, tem seu dia para homenagear seus mártires.

Foi o Papa Bonifácio, que acabou transformando um templo romano, originalmente feito para todos os deuses, em um lugar para “Todos os Santos”. A celebração inicialmente ficou marcada para o dia 13 de maio. Para deixar a coisa mais organizada, o Papa Gregório III, mudou a data para 1º de novembro, dia esse, de dedicação da capela de Todos os Santos na basílica de São Pedro em Roma.

Por conta disso, o dia 31 de outubro se comemora a vigília dos mortos. Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e “All Hallow Een” até chegar ao“Halloween”.

Sala de Autópsia 4

E para comemorar, tudo isso, nada como lembrar de um dos contos de Stephen King, que mais remetem pavor, principalmente quem tem medo de ficar confinado em ambientes fechados, ou de morrer sem ar. Estamos falando de Sala de Autópsia 4.

Presente no livro, Tudo é Eventual, Sala de Autópsia 4 (Autopsy Room Four em inglês), conta a história de  Howard Cottrell. Um pacato corretor de imóveis que do nada acorda em uma cama de um centro médico. Poderia ser uma cama de um quarto normal de hospital. Mas a grande luz em cima do seu rosto, a quantidade de facas e objetos cirúrgicos dispostos ao seu lado, indicam uma coisa. Ele estava em maus lençóis.

Cottrell está vivo, pelo menos é o que pensa. Seus únicos companheiros na sala são uma médica e dois auxiliares. Ele tenta falar, mas apenas seus olhos conseguem passar alguma informação. O pânico começa a tomar conta do seu corpo e mente, principalmente quando percebe a quantidade de utensílios cirúrgicos que estão ao seu lado prontos para rasgar seu corpo.  

“Mas se eu estou morto, como posso ter sensações? Sentir o cheiro deste saco? Como posso ouvir essas vozes, a médica dizendo que no próximo sábado vai dar banho no cachorro que também se chama Rusty, que coincidência, e ouvir todos eles rindo? Se estou morto, porque também não desapareci ou entrei por aquela luz branca de que sempre falam no programa da Oprah?”

A medida que a história ganha corpo, a sensação de aprisionamento do personagem e principalmente a nossa aumenta. Somente no final conseguimos soltar aquele “ufa!”. Mas por conseguir se livrar daquela sala, do que pelo destino de Cottrel. A história é curta, tem uma boa dose de humor, como se pudesse existir isso em uma sala de autópsia, com uma pessoa lutando para provar para os médicos e si mesmo que não está morta.

O final é um dos mais diferentes e inusitados que podemos esperar de king. A tensão na narrativa, o desespero de Cottrell, nos faz querer entrar naquela sala para salvá-lo a qualquer custo.

Em vídeo

O conto ganhou uma adaptação. Dirigido por Dave Gallant, ganhou vida em 2008. O diretor foi feliz em seguir o ritmo e aflição do conto.

A série da TNT, Nightmares and Dreamscapes de 2006, também apresentou uma versão do conto. Com uma produção mais elaborada, o episódio sete de nome homônimo faz parte de uma minisérie de oito episódios, todos inspirados em histórias de Stephen King.