Pavel da SCS: “ETS2 não ficará sem diesel tão cedo”

15 de fevereiro de 2019 0 Por Fernando Rhenius

Passar horas e horas dentro de um caminhão, atravessando o Brasil ou qualquer país do mundo. Enfrentar filas, buracos, fretes defasados e muito, muito tempo atrás de um volante. Esta é a rotina de muitos caminhoneiros e nos últimos anos mais de 30 mil “motoristas” virtuais encontraram no Euro Truck Simulator 2, a chance de simular o dia a dia na estrada.

O ETS2 como é carinhosamente chamado nas diversas comunidades e fóruns, não é um jogo pequeno. Ele supera em número de jogadores como Artifact, Garry´s Mod, The Witcher 3 e Football Manager, de acordo com dados da Steam.

Lançado em 2012 o jogo se mantém atual muito pela grande quantidade de mods que são lançados a cada dia. Por mais que o jogador queira deixar o jogo “original”, é impossível não ter uma pequena alteração em seu mundo. Seja um caminhão, novos mapas ou um simples jogo de rodas. A personalização é um dos motivos pela longevidade do título.

Desenvolvido pela SCS Software, uma pequena empresa tcheca, o jogo está longe de perder ser substituído, ou superados pelos poucos rivais que tem no mercado. Seria esse a grande sacada? Poucos concorrentes? Não é bem assim.

Em entrevista a revista PC Gamer, uma das mais antigas sobre jogos, O CEO da SCS, Pavel Sebor, detalha um pouco sobre os bastidores da produtora e os planos.  “Quando lançamos o Euro Truck Simulator 2, nem tínhamos certeza de que seria popular o suficiente para cobrir o custo do desenvolvimento”, explica. “A escala do jogo era muito maior do que qualquer coisa que já tentamos antes, o que fez com que seu desenvolvimento parecesse um grande risco para nós”.

“Nós criamos alguns outros simuladores de caminhão antes, então tivemos muita paixão e experiência para colocar nele. Algumas semanas após o lançamento, fomos surpreendidos pela sua popularidade e não apenas entre os fãs de simuladores de condução hardcore. As pessoas estavam animadas e já pedindo mais! E seis anos depois ainda estamos apoiando e desenvolvendo. É de longe o nosso jogo mais jogado,” comemora.

Possibilidade de ter uma frota totalmente personalizada é um dos diferenciais do jogo.

Ao contrário de outros games, o ETS2 e seu irmão o American Truck Simulator são baratos. Não é raro encontrar promoções onde o jogo custa R$ 9,00, e seus pacotes de expansão não superam os R$ 50,00. Títulos como Rfactor 2 considerado um dos principais simuladores de corridas da atualidade, não sai por menos de R$ 60,00 enquanto um único carro custa R$ 21,00.

Seja com um caminhão, ou uma frota, o jogador pode ter suas transportadoras em diversos países, escolher o tipo de reboques que quer utilizar e a marca dos seus caminhões.  “Na época do lançamento, essa combinação era bastante rara nos jogos de simulador. Alguns de nossos jogadores gostam de explorar o mundo; alguns gostam de personalizar e ajustar seus caminhões; muitos apreciam o aspecto de construir sua empresa de transporte de cargas de uma pequena garagem para uma enorme operação logística”.

O gosto pela estrada não está restrita à apenas os fanáticos ou quem trabalha com transporte. “Durante muito tempo pensamos que estávamos fazendo simuladores para as pessoas que amam caminhões. Mas então ocorreu-nos que muitas pessoas jogam o ETS2, nunca tiveram vontade de dirigir um de verdade.”

Muitos podem relaxar lendo um livro, tomando uma cerveja, assistindo uma série, ou passando horas “dentro” da cabine de um caminhão. “Eu acho que é porque o jogo não estressa você ou pede 110% de seu foco”, diz ele. “Você pode apenas se divertir, dirigir e relaxar. Explore cidades, aproveite os efeitos do clima, experimente um dos muitos mods diferentes feitos por fãs ou simplesmente ligue o rádio do jogo e dirija para onde quer que a estrada o levar.”

Mas e os jogadores hardcore que procuram a simulação mais realista possível? Eu me pergunto se atender a eles está em desacordo com manter o jogo acessível. “Nós trabalhamos duro para manter os dois tipos de jogadores em mente”, diz Šebor. “Temos muitos novos recursos em desenvolvimento que aumentarão a satisfação de explorar o mundo, que acreditamos que os fãs casuais e hardcore vão gostar. Mas temos que ter cuidado para não chegar ao ponto em que o jogo é muito difícil, onde você sente que precisa de uma carteira de motorista comercial para jogar.”

O sucesso fez os ganhos da empresa aumentarem e o processo de desenvolvimento ficar mais intenso. De 15 pessoas no começo hoje a SCS conta com mais de 70, dessas, 40 se dedicam exclusivamente ao ETS2. Com mais pessoas a cobrança também aumentou.

“É verdade que, no início do desenvolvimento, tínhamos técnicas muito básicas e conhecimento limitado das áreas que estávamos recriando. Mas, com o passar do tempo, temos novas ferramentas e habilidades que nos ajudam a trazer uma imersão extra ao mapa, para que você realmente sinta que está transportando por toda a Europa. Quando olhamos para um novo país para adicionar ao mapa, os pesquisadores analisam tudo, desde sinais de trânsito, leis de trânsito, construções e até pequenas coisas, como grama e árvores. E, claro, o Google Street View é sempre nosso amigo.”

E o futuro?

Novas DLDs são a garantia de longevidade do jogo

Depois de tantos anos um “ETS3”, está nos planos da empresa? Pavel acha que não. “O Euro Truck Simulator 2 tornou-se uma plataforma de longo prazo para nós, e nunca nos comprometemos realmente em fazer um terceiro jogo. Mas se algum dia quisermos criar um novo, teremos que fazer isso do zero para justificá-lo e melhorar tudo o que temos atualmente. Mas não temos tempo nem tamanho de equipe para tal empreendimento no momento.”

“Estamos constantemente trabalhando em novos recursos e estamos sempre atualizando o mecanismo, os ativos, a física e o cenário. Temos também muitos recursos comuns solicitados, incluindo o clima e multiplayer.”

“O Euro Truck Simulator 2 foi um fator crucial para tornar a SCS Software o que é hoje. No começo nós éramos uma equipe pequena, leal a fazer grandes simuladores de caminhão, mas agora são mais de 140 pessoas. Mas mesmo assim, ainda não temos mão de obra suficiente para aproveitar todas as ideias que temos,” Conclui.